Julio Grondona era presidente da AFA e um dos vices da Fifa (Foto: Agência AFP)


Um clássico do cinema, "O Poderoso Chefão", de Francis Ford Coppola, conta a história de um grande mafioso dos Estados Unidos que tenta passar os negócios ilegais da família para o filho. O filme é conhecido na Argentina como "El Padrino" (O Padrinho, em português) e serviu de comparação para o ex-presidente da Associação do Futebol Argentino Julio Grondona, morto no ano passado. O jornalista Luis Majul, que revelou as escutas telefônicas do ex-dirigente, afirmou que este era o apelido do antigo cartola, mas seu poder era ainda maior.

- Chamavam Grondona de "O Padrinho", mas ele era mais do que isso. Nada era feito sem o seu conhecimento, nada era decidido sem consultá-lo, desde a escolha dos árbitros até os contratos, os patrocinadores, os direitos de televisão, incluindo a escolha das sedes da Copa do Mundo - disse o repórter.

Luis Majul também comentou a entrevista do árbitro Carlos Amarilla ao SporTV. O juiz é mencionado por Grondona em uma das gravações. O ex-dirigente diz que o paraguaio prejudicou o Corinthians, na Libertadores de 2013, e chegou a chamá-lo de "reforço" do Boca Juniors.

- Acho que Amarilla deveria consultar um médico, um psiquiatra ou um para ouvir melhor. A escuta que menciona Amarilla com Grondona é apenas uma.
Com a revelação das escutas telefônicas, Majul espera que o futebol argentino se torne mais justo e mais transparente, principalmente na distribuição de dinheiro.

- A Associação do Futebol Argentino está sendo auditada por três auditores, que se encarregarão de checar as entradas e as saídas do dinheiro da AFA, para saber como é feita a distribuição entre os clubes de futebol. Assim, acredito que vão ser estabelecidos mais controles e espero que mais transparência.

Além do caso envolvendo o Corinthians em 2013, Grondona também seria acusado de sonegar impostos, escalação irregular de árbitros, manipular horários de partidas e até tentar burlar os exames antidoping. O dirigente também teria feito promessas aos jogadores do Colón para vencer o Argentinos Juniors em 2013, para evitar o rebaixamento do Independiente, mas o clube de Avellaneda acabou na segundona.