Adriano Vizoni / Folhapress

No elenco do Corinthians, segundo site oficial do clube, apenas quatro jogadores foram formados nas categorias inferiores. Entre eles, somente Malcom é titular. Vidotto, Matheus Pereira e Marciel mal têm partidas no time principal. E a falta de oportunidade pode justificar a onda de 'deserções' dos jovens ocorrida nos últimos anos. Para acabar com o problema, uma aproximação entre as categorias de base e o time principal foi iniciada nesta semana.

Em um encontro de todos os profissionais da base com os do principal, palestras e trocas de experiência ministradas por Tite, o primeiro passo para tornar o caminho mais fácil foi dado. Até porque hoje é raro encontrar jogadores com longo período nos times de formação do clube usando a camisa branca e preta no principal.

Até mesmo jovens, suplentes, jogadores que raramente entram tiveram formação longe do Timão. Yago, por exemplo, fez base na Portuguesa. Walter passou por vários clubes como União Barbarense e Noroeste, Rodrigo Sam tornou-se profissional pelo Marília. E por pouco Marciel não entra também nesta linha. Criado no Grêmio, ele chegou ao Corinthians pouco antes de ser usado no time de cima. Portanto, ainda conta como parte da base feita no clube.

"Temos todo carinho para os jogadores subirem na hora certa. A qualidade eles têm, mas talvez não a experiência. É um processo que tentamos ter toda segurança. O importante é o atleta ser aproveitado da forma correta. Por isso é tão importante o contato com o treinador dele, o preparador físico dele... O Corinthians sempre teve carinho com a base. Temos muitos jovens integrados no elenco e com capacidade para jogar. No fundo a maior questão é: por que eles não jogam? E é o momento de ter paciência. Tomamos decisões em conjunto para não colocar o jogador em um momento ruim. A chance vai aparecer para todos", disse o coordenador de futebol do clube, Alessandro Nunes.

Mas não tem aparecido. Marciel, com uma partida disputada, é o único dos vindos da base exceto Malcom que jogou. E o atacante, titular do time, soma 25 partidas com dois gols marcados.

Mas a ideia é mudar. Evitando, assim, o processo recorrente com tais atletas. Não recebem oportunidades, procuram ir embora. Foi assim com Matheus Cassini, que fechou com o Palermo. Antes com Marquinhos, Everton Ribeiro, Willian. E as saídas fizeram o time deixar de ganhar R$ 175 milhões.

Agora, além da aproximação de departamentos, o Corinthians fará os times inferiores treinarem ao lado do principal, no mesmo CT. Os campos estão em fase de plantio do gramado. Os times inferiores irão, ainda, seguir o padrão tático do principal e a interação entre os departamentos será frequente.

"Cabe uma discussão sobre isso. Em outro momento vamos conversar. O sistema do Tite vale ser implantado em todas as categorias. Vai facilitar a leitura tática dos jogadores. São temas que ainda serão discutidos", adiantou Alessandro.

A pouca utilização das categorias de base contrasta com a necessidade de 'fazer dinheiro' com vendas. Promovendo a entrada destes jovens no time principal e a consequente valorização, o Timão poderia ainda conseguir valores mais altos para as negociações e lucrar com isso. Hoje são 16% do grupo, mas a ideia corintiana é ver este número aumentar, com os jogadores formados em casa tendo mais espaço a partir da nova premissa do departamento de formação.