Pouco mais de um mês após herdar a vaga de Marco Polo Del Nero como presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos virou um dos candidatos mais fortes para substituir também José Maria Marin numa das vice-presidências da CBF.

O ex-presidente da confederação foi banido preventivamente da Fifa, perdeu seu cargo no comitê executivo da Conmebol e depende do crivo da assembleia geral da CBF para ter seu afastamento da vice-presidência da entidade nacional transformado em definitivo.

Apesar da pendência, já há uma acirrada disputa pelo cargo, que é estratégico. Se Marco Polo Del Nero renunciar, um dos vices será seu substituto. Hoje, o estatuto da confederação determina que o bastão passe para o mais velho dos vices, o catarinense Delfim Peixoto. Preso na Suíça sob acusação de participar do esquema de propinas no futebol investigado pelo FBI, Marin era o primeiro na linha sucessória.

Porém, há uma briga na entidade para mudar as regras de sucessão. Principalmente porque cartolas ligados às federações estaduais acreditam que Del Nero possa deixar o cargo, dependendo dos desdobramentos das investigações do FBI sobre denúncias de corrupção na Fifa e na CBF.

No próximo dia 11, uma assembleia geral na CBF discutirá mudanças no estatuto da entidade. Uma das alterações votadas deve ser a mudança da regra que indica o vice mais velho como primeiro na linha sucessória. A proposta favorita é para que, em caso de vacância, o novo presidente seja eleito por clubes e federações. Mas só os vices poderiam ser candidatos. É aí que Reinaldo entra.

Por ser vice de Del Nero na FPF desde 2003, ele tem ligação mais estreita com o chefe da CBF do que qualquer outro cartola do país. Essa intimidade faz com que aliados do atual presidente da CBF apontem o mandatário da entidade Paulista como um dos favoritos ao cargo de Marin, desde que o afastamento seja confirmado. O novo vice terá de ser eleito, mas, Del Nero ainda tem ao seu lado a maioria dos presidentes de federação, que representam 27 votos. Outros 20 são dos clubes da Série A. Assim o escolhido pelo presidente tem mais chances de ganhar.

Del Nero e Reinaldo viveram os últimos anos entre tapas e beijos. Alternaram momentos de confiança extrema com desconfiança paranoica. Mas, sempre se entenderam no final. A sucessão na federação paulista é prova disso. Nem o caso Madonna, no qual Del Nero levantou suspeita de tentativa de suborno a Wagner Tardelli, juiz de Goiás x São Paulo na última rodada do Brasileirão, separou definitivamente a dupla. O envelope suspeito não teria dinheiro, mas ingressos para um show de Madonna no Morumbi, e seria repassado, na versão de Del Nero, por Reinaldo ao juiz a pedido do São Paulo. Nenhuma manobra para manipular a arbitragem foi provada.

Com Reinaldo no comando, numa eventual saída precoce, Del Nero, em tese, não seria cortado abruptamente da vida da CBF. Assim como Ricardo Teixeira não foi ao escolher Marin, sob controle de Del Nero, como seu sucessor. Para isso, além de ser eleito vice, Reinaldo teria que ganhar a nova eleição para presidente.

Mas promover Reinaldo, diretor de coordenação da CBF, à vice-presidente não é uma tarefa suave. Há mais gente com o cargo no radar. Rubens Lopes, presidente da Federação do Rio de Janeiro, já deixou de ser indicado para o posto duas vezes. Assim é visto por cartolas da entidade como um candidato natural.

Mauro Carmélio, presidente da Federação Cearense, é um dos dirigentes em que o presidente mais confia. Só que sua colocação no lugar de Marin deixaria São Paulo e Rio sem representantes na vice-presidência.

Hoje, com a suspensão de Marin, os vices são, além de Peixoto, o maranhense com Fernando José Macieira Sarney, filho do ex-presidente José Sarney, Gustavo Dantas Feijó, de Alagoas, e o capixaba Marcus Antônio Vicente.