26/5/2015 07:48

Magrão: doença superada e busca por inocência no caso de doping

Ex-volante lembra que temeu a morte em 2011 e avisa que lutará para mostrar que medicamento para tratar de antigo câncer nos testículos causou doping

Magrão: doença superada e busca por inocência no caso de doping
Anunciar aposentadoria depois de uma carreira vitoriosa e, em seguida, curtir a fama de um ex-jogador de sucesso. Não para Magrão. Não por enquanto. Pouco menos de dois meses após ser flagrado no doping depois de um jogo do Novo Hamburgo, pelo Campeonato Gaúcho, o ex-volante de Palmeiras, Corinthians e Internacional, mesmo tendo pendurado as chuteiras, luta para provar inocência.

Ele segue fazendo questão de atestar que a anormalidade encontrada no exame é originária de um tratamento que ele vem fazendo desde 2011 para controlar um antigo câncer nos testículos.

O drama pessoal (e agora profissional) ainda emociona. Mas a superação emociona muito mais. Aos 36 anos, Magrão revela detalhes da doença, do temor pela morte e do que viveu dentro do futebol.

LANCE!: O doping te influenciou a encerrar a carreira mais cedo?
Magrão: Já estava me preparando, mas queria parar de um jeito legal. Eu passei os dois últimos anos pensando sobre a melhor forma de parar. A decisão foi uma pancada, mas estou me refazendo. A minha carreira terminou da forma que eu queria.

LANCE!: Mas a contraprova do doping deu positivo. Não teme que isso manche a sua carreira?
Magrão: Eu preciso provar a minha inocência. Não vou deixar quieto, jamais. Não vou jogar mais, é verdade, mas meu advogado segue atrás. Serei julgado depois que voltar de Dubai (provavelmente no fim de junho). Meu médico e meu advogado vão me defender. Preciso e faço questão de provar a verdade.

LANCE!: Você será julgado em breve pelo TJD-RS e poderá ser absolvido do doping. Se isso acontecer, cogita voltar a jogar?
Magrão: Não. No futebol eu não vou alcançar mais o que eu já alcancei. Não parei simplesmente por parar. Era isso que eu queria mesmo. Eu perderia mais um ano da minha vida se resolvesse seguir jogando. Tive três ofertas depois do Campeonato Gaúcho, uma delas do Juventude, que tem um presidente gente boa pra caramba, mas já havia decidido parar de jogar. Eu parei porque quis e no momento que deu.

LANCE!: Seu câncer nos testículos foi detectado em 2011. Por que só revelou a doença após ter sido flagrado no doping em 2015?
Magrão: Porque era uma coisa minha, algo pessoal. E não queria expor a mim e, principalmente, a minha família. Agora todo dia perguntam da doença para a minha mulher e para os meus pais, todo dia perguntam disso para os meus filhos na escola. Era isso que eu queria evitar. Eu, Magrão, estou acostumado com repercussões, mas a minha família não. Hoje tudo virou uma bola de neve.

LANCE!: Como descobriu o câncer?
Magrão: Foi nos Emirados Árabes, em 2011. Fiz um exame de antidoping e ele acusou alteração de testosterona. Fiz exames e a tomografia detectou o câncer nos testículos. Depois disso ainda fiquei uns dois meses jogando, porque ninguém me contou nada.

LANCE!: Ninguém te contou? Por quê?
Magrão: Como vão falar para um cara de 30 anos que ele tem câncer? O médico só contou para a minha esposa.

LANCE!: Se revoltou quando soube?
Magrão: Me revoltei, mas não com a minha esposa. Foi uma barra para ela esconder isso de mim. Fiquei p... com a situação, não aceitei, era algo que eu não merecia. Mas tirei lições disso. Fiquei três meses parado, porque o corte no local foi grande.

LANCE!: Pensou que fosse morrer?
Magrão: Pensei. Na verdade, isso é o que você mais pensa. Você constrói uma carreira e, principalmente, uma família. Aí você se vê com a chance de perder tudo isso? P..., a situação foi muito pesada. A palavra câncer é muito forte para os leigos. Graças a Deus estou curado e hoje desfrutando de tudo o que eu conquistei.

LANCE!: E a volta aos gramados?
Magrão: Voltei muito melhor, voltei com muito mais vontade. Eu deitava na grama depois dos treinamentos e valorizava a minha vida. Chorei muito quando conquistei o meu primeiro título depois da operação.

LANCE!: 100% curado?
Magrão: Sim, curado. Tirei um testículo, mas ainda faço um tratamento de controle hormonal, que é o motivo de eu ter sido pego no doping. Mas de câncer eu acho que não morro mais. O problema é que qualquer coisinha que aparece agora eu já começo a fazer exames,
fico com uma pulga atrás da orelha. Gastrite? Fico preocupado.
LANCE!: Percebo que você ainda se emociona ao falar da doença...

Magrão: Me emociono muito [chorando]. Falar disso é muito f..., passa um filme pela minha cabeça.


LANCE!: Você fez sucesso com as camisas de Palmeiras, de Corinthians e de Internacional...

Magrão: Aqui no Sul, onde moro, minha imagem é muito ligada ao Internacional. Sou ídolo aqui, sou muito respeitado. Já em São Paulo eu sou o “Magrão do Palmeiras”. Me sinto muito ligado ao Palmeiras. E o Corinthians foi um sonho de criança que eu realizei. Meu ídolo na infância era o Neto. Jogar no Pacaembu e imitar o Neto depois de um gol foi um dos fatos mais marcantes da minha carreira. Felizmente, nunca fui vaiado pela torcida corintiana.

LANCE!: Mas o “Magrão do Palmeiras” perdeu muito quando resolveu ir para o Corinthians, não?
Magrão: Lógico, perdi muito. Me machuca não poder levar o meu filho no estádio do Palmeiras. Mas eu entendo o torcedor, sei ver o outro lado. Mas vale lembrar que eu tentei voltar para o Palmeiras antes de ir para o Corinthians. Liguei avisando que estava saindo do Japão, mas não me quiseram de volta. E isso me influenciou a aceitar o Corinthians. Não tem arrependimento.

LANCE!: E o “Magrão do Internacional”?
Magrão: Faço parte da linda história recente do Internacional. O Internacional talvez seja o melhor clube brasileiro nos últimos 10 anos. Eu participei de parte de uma geração que teve Fernandão, Clemer, Iarley, Guiñazu, Tinga, D'Alessandro, Bolívar... Ganhamos tudo aqui. E tem o tal do “Gre-Nal” também . A minha geração fez o maior Gre-Nal, que foi o 4x1 na final de 2008, título gaúcho em cima do Grêmio. Tudo isso me fez ser ídolo.

LANCE!: O que será daqui para frente?
Magrão: Ao lado do meu sócio, estou terminando de criar a MField Gestão Esportiva. Fiz alguns cursos, mas vou estudar mais para trabalhar na área de gerenciamento de carreira, trabalhar com jovens jogadores.


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