Em dez meses de trabalho no Corinthians, Mano Menezes acumula decepções e críticas dentro e fora de campo. Eliminação na primeira fase do Campeonato Paulista, reclamações contra a arbitragem, que renderam bronca da diretoria, indefinição dos 11 titulares, irregularidade no Brasileirão, consequente saída do G4 e, por fim, eliminação na Copa do Brasil após vexatória goleada por 4 a 1 diante do Atlético-MG...

Há duas semanas, tudo parecia ter virado de forma positiva. Quando o Corinthians fez o segundo gol diante do Atlético-MG, Mano Menezes fez uma dança diferente. "Sou um sujeito que guarda as coisas, então é bom extravasar", explicou. O Timão venceu por 2 a 0 na Arena Corinthians e abriu boa vantagem no duelo das quartas de final da Copa do Brasil.

Após cair na volta, no Mineirão, e ser eliminado do torneio, o treinador viu os jogadores atleticanos imitarem seus passos, em comemoração.

Desde novembro de 2013, quando fez acordo com o presidente Mário Gobbi Filho para retornar ao clube, enquanto Tite ainda estava no cargo, ele começou a projetar o novo trabalho em 2014. Sem dinheiro para contratar grandes nomes, ele sabia que teria de mudar a equipe com jogadores para compor grupo.

Logo na quarta partida do Paulistão, após goleada sofrida por 5 a 1 para o Santos, o processo de reformulação foi acelerado. Saíram jogadores importantes, como Paulo André, Pato, Douglas e Ibson e de "medalhão" só chegou Jadson. A equipe melhorou, conseguiu boa sequência, mas não o suficiente para evitar a eliminação ainda na primeira fase do torneio, com oito classificados para a fase seguinte. Mano dançava pela primeira vez.

Em abril, Emerson Sheik, herói da Libertadores, foi emprestado para o Botafogo, uma vez que recebia raras chances. Saiu do clube falando que "atravessaria a rua se avistasse Mano na mesma calçada". Criticas sobre o caráter do treinador gaúcho foram disparadas.

Reforços chegam, mas titulares não são definidos
A primeira boa notícia foi a contratação de Elias do Sporting (POR). O volante, no entanto, só pôde estrear após a Copa do Mundo. No pacote da Copa, a equipe também ganharia os reforços de Anderson Martins e Lodeiro e se apontava como favorita ao título.

O Timão conquistou sua melhor sequência na temporada, ficando 11 partidas sem derrotas. No entanto, alguns pontos ainda eram criticados. O meio de campo sempre mudava de cara - não sabia se jogaria Jadson, Lodeiro Renato Augusto e, por fim, até Danilo teve dois jogos como titular.

Na lateral, Ferrugem chegou a ser testado no lugar de Fagner. No ataque, depois de escalar Romarinho (vendido para El Jaish), Luciano e Romero, Malcom foi definido como o parceiro de ataque de Guerrero.

A zaga, antes um dos pontos fortes, sentiu a saída de Cleber para o Hamburgo (ALE). Anderson Martins demorou a se adaptar e em quase todos os jogos seguintes o Timão foi vazado. As bolas paradas viraram um grande problema e caminho fácil para os rivais.

Irritação com homens do apito e bronca da diretoria
Em determinado momento do Brasileirão, virou uma constante Mano Menezes usar as coletivas pós-jogo para criticar a arbitragem. Heber Roberto Lopes foi um dos alvos, após derrota por 2 a 1 para o Grêmio, na Arena do Grêmio.

O gerente Edu Gaspar foi a público dizer que tinha pedido para o treinador baixar o tom e focar o trabalho no campo.

Mano, a partir de então, ficou mais comedido nas reclamações e deixou para a diretoria fazer as reclamações. O presidente Mário Gobbi ameaçou a enviar um ofício à CBF para protestar contra os erros que afetavam o Corinthians, em sua visão. No meio, o técnico começou a virar caricatura por sempre reclamar dos árbitros.

Saída do G4 e protestos das torcidas organizadas
Em um domingo, no dia 21 de setembro, o Corinthians venceu o clássico contra o São Paulo, por 3 a 2, na Arena Corinthians, e deu mostras de que iria arrancar.

Três dias depois, a equipe perdeu por 1 a 0 para o Figueirense, no Orlando Scarpelli, e deixou o G4 da tabela após longo tempo. No fim de semana seguinte, nova derrota, por 1 a 0 para o Atlético-PR, que provocou a ira da torcida. A crise estava instaurada.

Organizadas apareceram na porta do CT Joaquim Grava pedindo a cabeça do treinador. Desde então, a relação de um grupo de torcedores com Mano é o pior possível. Mesmo com a vitória sobre o Atlético-MG na ida, e depois a goleada sobre o Sport, os corintianos não se convenciam.

A derrota para o então lanterna Botafogo no último sábado e a eliminação nesta quarta para o Atlético-MG devem gerar nova onda de protestos.