14/10/2014 07:54
Aos homens de fé, todas as glórias: Corinthians bate Ponte Preta, encerra jejum e redefine o significado de alegria
Basílio foi o autor do gol que encerrou o jejum alvinegro
Apenas pare! É assim que está toda uma nação. Parada. Enquanto os corinthianos comemoram ainda incrédulos, o resto do país acompanha boquiaberto uma demonstração de devoção, admiração e amor jamais vista no esporte bretão. O Corinthians é campeão paulista de 1977. Mais uma vez: o Corinthians é campeão paulista de 1977. O longo jejum de 22 anos e 8 meses foi enterrado em um passado que ensinou, fortaleceu e demonstrou que ser alvinegro de Parque São Jorge é um estado de espírito. Uma torcida que como grande conquista tem um time aguerrido, brigador e solidário. Uma equipe que marca seu nome na história ao levantar a Taça Jubileu de Prata e enlouquecer um povo que fez a noite durar até de manhã para que o dia 13 de outubro não acabasse.
Escritórios, lojas e repartições, preparem-se: é feriado. Mais do que isso, o mundo mudou, voltou a girar para o lado certo. As coisas estão em seu devido lugar. A bola chutada pelo esguio camisa 8 que morreu caprichosa na rede adversária decretou a nova ordem.
Desde o início da tarde, a capital já parava. Ônibus da CMTC partiam lotados para o Cícero Pompeu de Toledo. Office-boys desfilavam com suas camisas pretas e brancas e as lojas de discos tocavam em alto volume as canções corinthianas interpretadas por Silvio Santos.
Com esse clima, os 86.677 pagantes mais os 6.843 menores presentes na cancha do São Paulo Futebol Clube, em sua enorme maioria corinthianos, estavam em frenesi desde o apito inicial, pois o Corinthians partiu para cima e parecia que liquidaria a fatura rapidamente.
Luciano foi escalado por Brandão no lugar de Palhinha (machucado). Pressionando, o Timão chutou cinco bolas ao gol em menos de 10 minutos. Em uma delas, Luciano carimbou a trave campineira e arrancou suspiros da arquibancada. Em seguida, Carlos fez grande intervenção em conclusão de Basílio.
Aos 17 minutos, o atacante Rui Rei tentou ludibriar o árbitro Dulcídio Vanderlei Boschillia cavando falta inexistente e foi amonestado com cartão amarelo. De tanto reclamar, o atleta ponte pretano acabou expulso. Os campineiros pareciam descontrolados.
Senhor do jogo, o Corinthians passou a valorizar a posse de bola e marcar de perto os habilidosos Dicá e Marco Aurélio. Sem o mesmo ímpeto inicial, o jogo ficou travado. Tobias, arqueiro corinthiano, sequer foi ameaçado.
No início da etapa complementar, Zé Duarte lançou Parraga no lugar de Tuta tornando a Ponte Preta mais ofensiva. Contudo, o Corinthians retornou disposto a resolver a partida e inibiu as ações ofensivas do adversário.
A equipe de Osvaldo Brandão atacava pelos dois lados. Entre Russo, Basílio e Luciano, sempre se projetavam dois do meio-campo. Vaguinho explorava a direita em cima do lateral Ângelo e Romeu agia pela esquerda. Geraldo se deslocava, buscando a linha de fundo ou a entrada em diagonal.
De tanto exigir o goleiro Carlos, o Corinthians parecia muito próximo do gol. Mas, para ser perfeito, para ter a cara da Fiel Torcida, o tento redentor precisava ser sofrido, na marra. E foi.
Ângelo meteu a mão na bola e a infração gerou falta para o Corinthians pelo lado direito. Zé Maria levantou para a área, Basílio fez leve desvio de cabeça e a bola se ofereceu para Vaguinho que bateu forte, mas no travessão. Na volta, Wladimir testou firme para desafogar o grito, entretanto ela insistiu em não entrar. Foi quando o tempo parou nos pés de um anjo. Com a meta escancarada, o peito aberto e o sonho de milhões de corações na ponta de sua chuteira, Basílio fuzilou, explodiu a meta adversária e como um predestinado correu até a bandeira de escanteio e ergueu o braço direto como quem queria dizer: estamos mais vivos do que nunca, renascemos a partir de agora.
Entre as 22h56, hora do tento que daria a taça ao Corinthians, e as 23h13, momento que o árbitro trilou seu apito e pôs fim ao jejum, um filme passou na mente daqueles que jamais abandonaram a instituição Sport Club Corinthians Paulista. De fevereiro de 1955 até outubro de 1977 o Brasil se transformou, o mundo evoluiu, mas nada mudou mais do que o significado de alegria.
Alegria é ser Corinthians, campeão paulista de 1977. Eternamente em nossos corações.
Ficha técnica
Campeonato Paulista – 3º jogo – Final
13 de outubro de 1977 – 21h15
Estádio Cícero Pompeu de Toledo, Morumbi, SP
Público: 93.160 presentes (86.677 pagantes e 6.483 menores)
Renda: Cr$ 3.325.470,00
Árbitro: Dulcídio Vanderlei Boschillia
Gol: Basílio (COR), aos 37 minutos do segundo tempo.
Corinthians: Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldo e Romeu. Técnico: Osvaldo Brandão
Ponte Preta: Carlos; Jair, Oscar, Polozi e Ângelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta (Parraga). Técnico: Zé Duarte
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