Após empates, Cruzeiro pode perder liderança para o Inter

Líder do Campeonato Brasileiro desde a 6ª rodada, o Cruzeiro navegava em águas calmas, sem ser incomodado, inclusive abrindo vantagem para seus adversários. Porém, bastaram dois empates consecutivos - contra Botafogo e Criciúma - para que a Raposa visse em seu retrovisor a chegada de dois fortes postulantes ao título do Brasileirão.

Internacional e Corinthians se aproximaram e já na próxima rodada, o Colorado pode pular para a liderança, caso o Cruzeiro perca para o Santos. O Timão, por sua vez, não pode ser líder já neste fim de semana, mas pode alcançar a mesma pontuação do atual primeiro colocado da competição.

É claro que o Cruzeiro, invicto há seis partidas, e sem ter sofrido derrotas como mandante, depende apenas de si para se manter na ponta da tabela. Porém, o Espião Estatístico decidiu observar os principais concorrentes a liderança para entender suas forças e de que forma eles estão tão próximos da Raposa, até então sensação do campeonato.

Se o Cruzeiro preza pelo equilíbrio, dividindo a responsabilidade entre seus talentosos jogadores de meio-campo, Inter e Corinthians concentram suas forças e dependem mais de certos jogadores. No Colorado, os gringos D'Alessandro e Aránguiz são as principais armas, enquanto no Timão, o perigo vem com a polivalência de Elias e Petros.

INTERNACIONAL


O ímpeto ofensivo e o tempero gringo do Internacional são elementos que podem fazer a diferença para alçar o Colorado à liderança do Campeonato Brasileiro. A equipe é a que mais finaliza na competição, com 187 arremates às metas adversárias.

E o principal responsável por esse poder de fogo é D'Alessandro.

O meia não só é o que mais finaliza, como é também o que mais cria oportunidades para os companheiros, seja na bola parada ou rolando. E, além do argentino, o volante Aránguiz é o elemento surpresa da equipe. Com apenas seis jogos disputados, ele já marcou três gols e deu duas assistências.


Gringos do Inter têm mostrado afinação em campo

A dificuldade de marcação em D'Alessandro passa não só pela habilidade do argentino. A intensa movimentação e a imprevisibilidade de seu posicionamento faz com que ele consiga abrir espaços para seus companheiros.

Apesar de atuar mais pelo lado direito do meio-campo, seus passes para finalizações dos companheiros são bem divididas: sete pelo lado esquerdo, seis pelo centro e 10 pela direita. Seus arremates demonstram o mesmo: cinco pela esquerda, oito pelo centro, e 11 na direita, além de uma cobrança de pênalti.


Porém, é mesmo pelo setor direito do campo que D'Alessandro mais se destaca. Dos três gols que marcou, um foi de pênalti e os outros dois em chutes de fora da área pela direita. Seus passes para gols da equipe também foram três, dois pelo lado direito, e outro em escanteio.

E se D'Alessandro é o protagonista, o Colorado conta com um coadjuvante de luxo. Aránguiz pode ter atuado em apenas seis jogos até agora, mas é inegável sua importância para a equipe. Com o volante em campo, foram cinco vitórias e um empate.

O chileno cumpre bem sua função, com 10 roubadas de bola nestas partidas, mas não é raro vê-lo posicionado próximo à área adversária em um lance de ataque. Desta forma, contribuiu com três gols marcados e passes para outros três.

É curioso notar que, assim como D'Alessandro, Aránguiz se destaca por cair em setores variados no campo. Em seus gols, marcou um em chute da zona central em frente à área, um pelo lado direito da grande área e outro pelo lado esquerdo da pequena área. Ao servir seus companheiros para finalizarem, deu cinco passes pelo lado direito, dois pela zona central e quatro pela esquerda.


CORINTHIANS



Após se destacar no Paulistão atuando pela Penapolense, Petros chegou ao Corinthians em abril sem grande badalação. Em teoria, o volante seria mais um para compor o elenco do Timão para o restante do ano. Aos poucos, porém, ele ganhou espaço no time titular, e quatro meses depois de chegar ao clube os números mostram a importância como o camisa 40 se tornou peça fundamental no esquema tático do técnico Mano Menezes.

Na marcação, Petros tem sido implacável. Em 13 jogos, ele roubou 43 bolas, uma média de 3,31 por jogo, a maior do Brasileirão até o momento, superando até mesmo Willians, do Internacional, que liderava a estatística nos últimos anos. Para se ter uma ideia da eficiência do volante, ele tem 20 bolas roubadas a mais que o zagueiro Cléber, o segundo da lista no Corinthians.


Petros tem sido peça fundamental no time do Corinthians

E se engana quem acredita que Petros se limita a cumprir sua função defensiva. Com fôlego para chegar no ataque, ele surge de trás com frequência, costumeiramente pelo lado esquerdo do campo. Foi por esse lado que ele cedeu nove assistências para seus companheiros finalizarem na competição.

Nenhuma delas, no entanto, foram convertidas em gols. O chute também é uma característica marcante do volante. Ele é o jogador da posição que mais finalizou no Brasileirão: 20 vezes (média de 1,75 por partida). Mas só marcou uma vez, na vitória sobre o Palmeiras por 2 a 0, na Arena Corinthians, após passe de Elias.

A parceria com Elias, aliás, pode ser um dos grandes trunfos do Corinthians para chegar ao quinto título brasileiro de sua história. Protegidos por Ralf no meio-campo, eles se revezam bastante na ajuda ao ataque corintiano. Apesar de ter jogado apenas cinco jogos, o volante Elias já contribuiu com duas assistências para gols da equipe, ambas do centro para a direita do gramado, lado oposto ao que Petros costuma percorrer ofensivamente.

Mas para alegria dos rivais a sequência da dupla pode ser interrompida nos próximos jogos, caso Petros seja punido no julgamento da próxima segunda-feira, no STJD, após lance polêmico com o árbitro Raphael Claus, no clássico diante do Santos, na última rodada. O jogador do Timão foi incluído no artigo 254-a do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em agressão. A pena pode chegar a 180 dias.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Bruno Marques, Guilherme Marçal, Igor Gonçalves, Leandro Silva, Pedro Venancio, Renan Morais, Thiago Quintella e Valmir Storti.