Arena Corinthians vem batendo recordes de renda, mas clube diminui preços para aumentar ocupação

A arrecadação dos jogos na Arena Corinthians bate recordes, mas o clube vê setores e aspectos a serem melhorados para que as metas traçadas antes da inauguração do estádio sejam cumpridas. A principal preocupação, claro, é com o pagamento da nova casa. Toda a renda dos jogos tem sido direcionada ao fundo responsável por esse acerto – até agora, mais de R$ 8,3 milhões foram aos cofres depois de cinco partidas no local. O custo total da Arena chega a R$ 1,1 bilhão.

A média de R$ 1,6 milhão líquido por partida é cerca de quatro vezes maior do que o Corinthians costumava arrecadar no Pacaembu, contando jogos de 2013 e 2014 – pouco mais de R$ 350 mil por jogo. O clube quer mais, principalmente em seu setor mais nobre. Por isso, o Timão anunciou redução de preços nos três setores mais caros do estádio: Leste Superior, Oeste e Oeste VIP.

O ingresso mais caro, agora, vai custar R$ 350. A ideia é: com entradas mais baratas, mais torcedores podem ir ao estádio, gerando mais renda e compensando a redução dos valores.

Os jogos contra Goiás, Fluminense e o confronto das oitavas de final da Copa do Brasil vão servir para saber se a redução já será suficiente para aumentar a presença de público nesses setores. Nas cinco partidas realizadas até agora, o público do setor Oeste representou de 10% a 20% do público total em cada jogo. A expectativa é de que a taxa de ocupação aumente.

Responsável pela administração do estádio, o ex-presidente Andrés Sanchez tem se defendido com o argumento de que precisa pagar o estádio, e que por isso os preços não podem ser tão baixos.

– Esse dinheiro é para pagar o estádio, não estamos explorando ninguém. A bilheteria vai ajudar a pagar o que se deve, e, aos poucos, vamos acertar tudo – disse, em entrevista recente.

Em explanação feita ao Conselho Deliberativo do clube, antes da inauguração do estádio, um Andrés otimista previa que a arrecadação de bilheteria seria suficiente para arcar com cerca de R$ 730 milhões a serem pagos pelo fundo responsável pela Arena – os outros R$ 420 milhões são representados pelos CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento), incentivos fiscais liberados pela Prefeitura de São Paulo.

A expectativa de Andrés era de que a renda bruta média atingisse entre R$ 4 milhões e R$ 4,5 milhões. Com 40 partidas em casa por temporada, seria possível quitar a dívida em sete anos, menos do que os 12 previstos para o abatimento do valor.

Nos cinco primeiros jogos do estádio, a média ficou em R$ 2.359.832,84. A maior arrecadação foi no jogo inaugural da Arena. Corinthians x Figueirense, dia 18 de maio, rendeu mais de R$ 3 milhões – ainda sem descontar as despesas.

A desmontagem das arquibancadas provisórias ajuda a explicar a diferença. Andrés havia calculado uma taxa de ocupação de 55%, mas estimando a capacidade total em 68 mil pessoas.

A ideia era deixar as arquibancadas, usadas na Copa do Mundo, por mais seis meses, no mínimo. No entanto, momentos conturbados durante a construção fizeram o Corinthians mudar de ideia - um acidente na montagem das provisórias matou um operário. A retirada das cadeiras começou dias depois do último jogo da Copa e deve terminar até o fim do ano.

Por outro lado, o clube conta com uma série de fontes de renda que ainda não entraram em ação. A maioria vem do setor Oeste, que terá camarotes e cadeiras cativas alugadas a patrocinadores e torcedores comuns. A capacidade da área mais nobre da Arena Corinthians chega a 11 mil lugares. Os “naming rights” também darão alívio ao clube, apesar de ainda não haver definição sobre a empresa que vai dar nome ao novo estádio.