A casa do Irã no Brasil é o CT do Corinthians (Joaquim Grava), e os iranianos se revelaram um "bando de loucos" em Curitiba, local do primeiro compromisso de sua seleção na Copa de 2014.
Foram duas festas impressionantes em frente à concentração da equipe, a primeira sábado, dia da chegada à capital paranaense, e outra no domingo, antes de os jogadores rumarem ao treino de véspera do jogo.
Para enlouquecer ainda mais essa turma, o Irã buscou deixar o elenco na ponta dos cascos com o trabalho do preparador físico corintiano Bruno Mazziotti, responsável por equalizar a preparação e a recuperação dos atletas.
- A ideia do trabalho era ajudar na preparação física e ele foi dividido em quatro campos de treinamento (países): Irã, Áustria, África do Sul e Brasil. O treinador visava (com o trabalho de Bruno) avaliar bem os jogadores, tocar na situação do controle da carga de trabalho do treinamento e ajudar na questão da prevenção e da recuperação. Há uma exigência diferente da nossa por lá.
Eles jogam em média 45 jogos por ano, enquanto jogam 60, 70 vezes por aqui. Nossa principal ideia era normalizar e equalizar o trabalho de todos. Há jogadores na Europa e outros que jogam a Liga Nacional do Irã.
Os da Europa entraram de férias há pouco, enquanto os do Irã entraram de férias em março. Então eu tinha que equalizar (a recuperação e a preparação) para não trazer dificuldades para eles - explicou Mazziotti, que trabalha para a Federação Iraniana de Futebol (IFF) desde setembro passado.
O relacionamento caloroso entre torcida e jogadores foi uma surpresa para curiosos que acompanharam os momentos de euforia nas cercanias da concentração iraniana. Bruno tem a explicação para isso. Ele confirma que o povo do Irã, de fato, é muito parecido com o brasileiro. Os próprios iranianos vinham relatando isso nos últimos dias, contudo a constatação ganha mais validade se dita por alguém de fora, caso do preparador físico.
- É bacana ver como eles gostam de futebol. É muito parecido com a nossa maneira (de torcer). O povo realmente tem muita semelhança com o brasileiro, é muito alegre e recebem a todos muito bem. Só tenho elogios a eles. Aceitaram minha proposta de trabalho muito bem - afirmou.
Em relação aos ganhos pessoais, além da hospitalidade dos iranianos, Mazziotti aponta a parceria com Carlos Queiroz como oportunidade única de crescimento profissional.
- Tenho a oportunidade de trabalhar com um técnico extremamente vencedor, com muitos anos de Manchester United (foi auxiliar de Ferguson), com passagem por Real Madrid e que treinou três seleções diferentes em Copas do Mundo (África do Sul em 2002, Portugal em 2010 e Irã em 2014). É uma experiência inimaginável. Eu já o conhecia, pois também morei na Europa.
Bruno cresce profissionalmente com este trabalho, mas o Corinthians, seu clube, é outro grande beneficiado. O preparador, inclusive, foi a mola mestra para o Irã optar por fazer do CT Joaquim Grava seu QG no Brasil.
- Para o Corinthians é uma oportunidade de mostrar mundialmente a qualidade do trabalho que é desenvolvido lá dentro do clube. Como eles tinham a opção de escolher São Paulo (como local de sua concentração permanente), e eu já conhecia o treinador, isso acabou pesando.
A ideia (de contratar Bruno) aconteceu antes de eles escolherem o Corinthians, então isso pesou. Mesmo não sendo uma seleção Top 10 dentro do cenário mundial, a presença dela nos permite estar referenciando nosso centro, que tem uma estrutura de primeiro mundo, capaz de receber uma seleção.