3/6/2014 08:40

Carne certificada, espaço religioso e nada alcoólico: o Irã no CT do Timão

Asiáticos solicitam adaptações ao local onde treinarão em São Paulo. Nutricionista do Corinthians consulta Centro Islâmico e recebe orientações de preparo das refeições

Carne certificada, espaço religioso e nada alcoólico: o Irã no CT do Timão
Alimentação específica, um espaço para as orações e pequenas adaptações ao ambiente: esses foram os principais pedidos feitos pela delegação do Irã, que chega ao Brasil nesta terça-feira, a representantes do Corinthians. Responsável pela estrutura que abrigará os treinamentos da equipe asiática durante a Copa do Mundo, o clube - na figura do gerente de futebol Edu Gaspar, que encabeçou todas as negociações com executivos iranianos - colocou à disposição dois fisioterapeutas, uma nutricionista, roupeiros, seguranças e jardineiros.

Os diálogos entre as duas partes foram simples. Impressionado com o bem equipado CT Joaquim Grava, o técnico português Carlos Queiroz deu um voto de confiança aos representantes corintianos. Segundo Edu, nenhum pedido feito pelos iranianos soou como exigência. Pelo contrário: pequenos detalhes foram solicitados, especialmente para respeitar elementos da religião islâmica.

Eles foram muito simpáticos e solícitos. Chegaram e me disseram: "Olha, estamos na casa de vocês, e temos a certeza de que tudo aqui atende além da nossa necessidade". Quando viram a organização e o profissionalismo, se impressionaram. O Carlos (Queiroz) passou um dia inteiro aqui. Um dos executivos dele, certa vez, esperou 10 minutos lá na frente porque não tinha autorização para entrar, e gostou disso, do método rigoroso - explicou o gerente de futebol.

A nutricionista Christine Neves foi uma das mais acionadas para atender às solicitações do Irã. Responsável pelo cardápio do elenco do Corinthians, ela dividiu as tarefas relacionadas aos jogadores do Timão com as demandas dos asiáticos nas últimas semanas. A carne que alimentará os atletas iranianos, por exemplo, foi encomendada diretamente a um Centro Islâmico. São os chamados alimentos halal, submetidos a rigorosas exigências de procedência, manipulação e preparo.



Em frente ao campo onde a seleção comandada por Carlos Queiroz treinará, a sala de visitantes se transformará em um espaço dedicado exclusivamente às orações diárias dos iranianos, com as devidas adaptações. Uma chopeira, localizada na área de lazer do CT, será coberta por um pano para evitar associações indevidas com bebidas alcoólicas - proibidas em caráter permanente pelo islamismo.

A reportagem do GloboEsporte.com visitou o CT Joaquim Grava e conversou com diversos profissionais que estarão envolvidos no atendimento à seleção do Irã durante a Copa do Mundo. Veja abaixo mais sobre os pedidos dos asiáticos.
CARDÁPIO RIGOROSO

Frutas secas, iogurte, pão sírio, chá preto, temperos específicos... Os hábitos alimentares dos iranianos foram estudados detalhadamente pela nutricionista do Corinthians. Há três meses, Christine Neves recebeu a visita de um representante do Centro Islâmico, que fez uma vistoria no CT Joaquim Grava e passou todas as instruções para o preparo das refeições dos jogadores. O que mais impressionou a profissional foi a lista de normas que envolve o consumo de carne, desde o abate do animal ao preparo na cozinha.



A palavra "halal" remete aos comportamentos e alimentos permitidos pela religião islâmica - enquanto o termo "haram" se refere aos proibidos. No caso da carne, especificamente, uma lista de normas restringe o certificado halal. Por exemplo: o animal deve estar voltado em direção à Meca no momento do abate, e o responsável pelo procedimento deve mencionar o nome de Deus. Para ser consumido posteriormente, necessita de um selo de inspeção.

- Só vamos mexer com alimentos e utensílios permitidos por eles. Eu fiz uma proposta de cardápio dentro do normal para um atleta. Eles comem muitas conservas e têm elementos próprios, como salsinha, frutas, temperos... O sistema da carne me chamou a atenção porque eu não conhecia mesmo - afirmou Christine.

O trabalho da nutricionista é desenvolvido em parceria com o fisioterapeuta Bruno Mazziotti, representante do Corinthians na preparação do elenco iraniano. Após um período trabalhando com os atletas e o técnico Carlos Queiroz em concentração na África do Sul, o profissional acompanhará a delegação em toda a Copa do Mundo.

ORAÇÕES DIÁRIAS



Na entrada da estrutura que dá acesso à academia do CT Joaquim Grava, à sala da gerência de futebol e também aos vestiários, um pequeno altar com imagens de São Jorge, padroeiro do Corinthians, crucifixos, entre diversas outras imagens que remetem à religião católica pode ser avistado. Ali, velas são acesas diariamente por funcionários do clube, que fazem suas orações e preces antes e depois da jornada de trabalho. Nada que tenha incomodado a delegação iraniana.
Edu Gaspar acompanhou os representantes da seleção asiática nas diversas visitas feitas ao local antes do fechamento do acordo e assegurou que ninguém fez qualquer restrição às imagens. Apenas pediram para escolher um dos espaços do CT a ser dedicado exclusivamente às próprias orações. A sala de visitantes, em frente ao campo onde a seleção treinará, foi reservada e receberá a devida adaptação.

Uma chopeira, localizada na área de lazer, será coberta. A ideia é que não haja qualquer associação da equipe com bebidas alcoólicas - terminantemente proibidas pela religião islâmica -, já que o espaço deverá ser usado para refeições do elenco entre os treinamentos. Pequenos detalhes atendidos prontamente pelo Corinthians, e que fazem toda a diferença para os visitantes.

ROTINA NO CT

O CT Joaquim Grava foi alugado aos iranianos para o período entre 4 e 27 de junho. A última partida da equipe na primeira fase acontece no dia 25, contra a Bósnia, em Salvador. O valor de arrecadação do clube não foi divulgado, mas a definição ocorreu após uma cotação feita pelo supervisor de futebol do Corinthians, Saulo Magalhães, entre hotéis utilizados pelo Timão para concentrações.

Durante esse período, dirigentes do clube, como o diretor de futebol Ronaldo Ximenes e o presidente Mário Gobbi terão acesso normal ao CT. Os termos foram ajustados entre Edu Gaspar e representantes iranianos, para que não haja ruídos na relação posteriormente. O acesso de torcedores e jornalistas será controlado pela segurança do local, que atenderá ao padrão de credenciamento exigido pela Fifa.




A invasão de torcedores corintianos ao CT no dia 1° de fevereiro deste ano não assustou o técnico Carlos Queiroz. Em reunião com Edu duas semanas após o ocorrido, o português disse que entendia se tratar de uma situação atípica, minimizando o risco de confusão no local durante a Copa. O fato de a seleção dos Estados Unidos, rival político iraniano, se concentrar na estrutura do São Paulo, em outro bairro da capital paulista, também não gerou qualquer desconforto.



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