Na ainda improvisada área onde a imprensa trabalhava, mas que será destinada ao público, uma rede de internet sem fio provocava: “Arena Corinthians, nunca terão”, foi o nome colocado pelo desconhecido proprietário do sinal em Itaquera. A brincadeira retrata a espera de 113 anos, nove meses e 17 dias para que o corintiano, enfim, pudesse enxergar sua própria casa como uma realidade. Todos ali presentes, sem exceção, pretendiam compartilhar dessa alegria.

Time do Corinthians posado em novo estádio para o início de uma nova era, mesmo que com derrota
Foto: Alan Morici / Terra
Até mesmo os voluntários da Fifa. Como se tratava de um evento teste para a abertura da Copa do Mundo em 12 de junho, a partida entre Corinthians e Figueirense teve a presença dos que oferecem seus serviços de maneira praticamente gratuita para orientar e auxiliar o público. Em troca, o direito de participar daquele dia, e com comportamento nada usual: no megafone, quase sempre se encerravam com um “Vai Corinthians” as informações dos voluntários.

Para quem acabava de chegar para conhecer a Arena, o auxílio de quem conhece cada pedaço do estádio é indispensável. O público ainda tem dificuldade de se localizar enquanto repara em cada detalhe. Os saguões repletos de mármore, os banheiros com sensor no vaso sanitário, a versão enxuta do sanduíche de pernil ou as poltronas super confortáveis. É a sensação de se chegar a uma casa nova e mobiliada com o que pode haver de melhor.

No meio de tudo isso, há algo que não pode ser tocado, mas que também impressiona. A acústica está entre os pontos altos da Arena Corinthians que parece hermética. Os torcedores gritam, o som fica todo ali. A atmosfera é bastante diferente à do Pacaembu, onde a sensação é de que se está em um ambiente amplo e confortável. Em Itaquera, o conforto é bem maior, mas a arquibancada parece estar a bem poucos metros do gramado. Ou fecha-se os olhos e se sente dentro do campo. A acústica aumenta esse sentimento.

Essa união pela felicidade de inaugurar o novo estádio parecia maior por conta do adversário. A ser eternamente lembrado como o clube que estragou a festa corintiana ao vencer por 1 a 0, o Figueirense levou poucos torcedores a Itaquera. Por uma confusão em relação aos ingressos, menos ainda puderam acessar a Arena. As organizadas do Corinthians, por sinal, são amigas das torcidas que eram visitantes no domingo. Então era como se fosse de fato jogo de uma torcida.

Mesmo assim, houve quem se lembrasse dos rivais. Dentro da Arena, havia faixas espalhadas com a frase “chora Juvenal”, mensagem ao ex-presidente são-paulino. Houve quem se dissesse realizado por toda a vida: “Libertadores, Mundial e estádio, já posso morrer feliz”, escreveu outro torcedor. Era uma explosão de autoestima dos corintianos.