28/4/2014 18:10

Bem nos EUA, ex-tricolor Palhinha se transforma:

Bicampeão mundial nos anos 1990, ex-meia é Timão há dois anos, em Los Angeles. Na terra do soccer, ele lembra Telê e não quer voltar ao Brasil nem para a Copa

Bem nos EUA, ex-tricolor Palhinha se transforma:
Ex-São Paulo, Palhinha agora é Timão: "Aqui é Corinthians USA"
(Foto: Divulgação/Corinthians Soccer Academy USA)


Bicampeão da Libertadores e do Mundial de Clubes, um dos ídolos do São Paulo na década de 1990. Até hoje, Palhinha é lembrado pelos tricolores como um dos ícones daqueles títulos na América e no Japão. Mas o então meia-atacante tem agora outro símbolo do lado esquerdo dos uniformes que veste: o do Corinthians. E ele não se importa. Sabe que marcou época no Morumbi e hoje, nos Estados Unidos, sua realidade é outra, totalmente distinta de anos atrás.

Naquela época, Palhinha era peça fundamental nas quatro grandes conquistas do São Paulo de Telê Santana, Raí & Cia. Na última delas, a final de 1993, contra o Milan, ele abriu a vitória por 3 a 1, no bicampeonato mundial. Palhinha estava no auge e chegou até a entrar no álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 1994. Não foi convocado por Carlos Alberto Parreira para a conquista do tetra, mas quis o destino que, praticamente a uma hora do local da final entre Brasil e Itália, no Rose Bowl, em Pasadena, ele fincasse o pé para, talvez, nunca mais sair. E como corintiano. Palhinha coordena todos os treinadores e ainda treina os principais times da Corinthians Soccer Academy USA, que o Timão mantém em Fontana, na região de Los Angeles.

- Já fui treinador no Brasil de times profissionais, aqui sou head coach, cuido de todos os treinadores da academia e sou o treinador do sub-23 e do time profissional. A proposta de vir para os Estados Unidos surgiu porque eu trabalhava com um preparador físico que conhecia, o Josias Baptista Montegan, dono do Corinthians Soccer Academy e meu chefe. Ele foi a São Paulo, me fez a proposta, e ficamos uns três anos conversando, até que viemos mesmo – comenta o agora morador da região de Los Angeles.

Hoje eu sou um funcionário do Corinthians USA, os outros são do passado

Palhinha


Palhinha garante que o passado, principalmente são-paulino – ele foi revelado pelo América-MG e teve boa passagem no Cruzeiro – não o influencia. O tempo que passou e o profissionalismo com que trata a sua nova fase de vida não o permitem achar estranho agora defender as cores do Corinthians.

– Não é não, é meu trabalho, e hoje sou funcionário do Corinthians USA, a minha vida hoje é voltada ao lugar que trabalho e vivo. Os outros clubes já fazem parte do passado que, graças a Deus, foi muito bom, e por isso estou aqui hoje. Devo ter feito algumas coisas boas, né?



O 'SONHO AMERICANO', LONGE DO BRASIL, SE POSSÍVEL...



Palhinha família EUA Corinthians USA (Foto: Arquivo pessoal)

Palhinha posa com família em Los Angeles: sua esposa e as filhas gêmeas (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar de calmo e tranquilo – ele é mineiro de Carangola, na Zona da Mata –, Palhinha é curto e direto quando um assunto que virou passado para ele vem à tona: o Brasil. Em seu perfil numa rede social, não raro o ex-jogador posta e compartilha fatos, vídeos e fotos sobre a política e o atual momento do país. Parece existir uma mágoa com a pátria, que ele prova ao ser perguntado se viria assistir à Copa do Muno, in loco.

– Nem se me pagarem vou ver a Copa aí no Brasil, sem chance, sem comentários é melhor – declara Palhinha.

O ex-meia se justifica e explica a mágoa com o país de origem:

– Essa coisa de política eu nunca me meti e não vou me meter nunca, só que quando você está fora do Brasil é que você vê o Brasil de verdade. Tem coisas que os políticos fazem que não existem, ou melhor, só existe aí no Brasil. Tenho vergonha de ver como nós brasileiros fazemos de conta que não vemos e sabemos de nada que acontece no país, sempre tem um jeitinho de tampar o que está errado. Vou fazer o quê aí na Copa? Ver jogo? Vejo na TV, que é muito mais seguro e não vou ter que gastar um monte de dinheiro. Minha preocupação é como vai ficar o Brasil depois da Copa. Já pensou nisso? Quantos assaltos vão ter? Quantas mortes vão ter? Quantos estupros vão ter? E vão dar um jeitinho de minimizar tudo isso, só que não podemos esquecer que isso tudo vai acabar com muitas famílias, e a imagem do Brasil vai estar muito pior que é hoje. Infelizmente - lamenta.

Vou fazer o quê aí na Copa? Vejo na TV, mais seguro. Já pensou como vai ficar o Brasil depois? Quantas mortes, estupros vão ter? Se Deus continuar nos abençoando, não saio mais daqui dos Estados Unidos

Palhinha


Mas além de postar fatos políticos, Palhinha também compartilha na internet imagens que contrastam com o que não consegue achar no Brasil: ruas limpas e sem trânsito, educação, segurança e felicidade para a família, valorização do trabalho. Com tudo isso que tem atualmente, fica difícil voltar para Minas Gerais, por exemplo, comenta o ex-craque.

– Se Deus continuar nos abençoando, não saio mesmo mais daqui dos EUA, a família está totalmente adaptada, e se depender da minha esposa e das minhas filhas viveremos aqui para o resto da vida. Elas falam inglês. Para se ter uma ideia, minhas filhas gêmeas têm cinco anos, chegaram aqui com três, estão sendo alfabetizadas aqui, e hoje, em dois anos, já falam o inglês como eles aqui, espanhol e o português. Eu apanho muito do inglês, estou aprendendo bem devagar, por incrível que pareça, mas me viro um pouco já. O melhor de tudo é que elas já estão totalmente felizes aqui e eu também. A razão para ter vindo foi profissional e o bem que eu acreditei que faria para a minha família – diz Palhinha, que tem no Brasil mais três filhos, André, de 25 anos, Ana Cláudia, 23, e Rayan, de 11.



GRANDES PLANOS NO 'CORINTHIANS NORTE-AMERICANO'



Palhinha Corinthians USA (Foto: Arquivo pessoal)

No comando do sub-20 do Corinthians USA: ele também treina o time profissional, que no dia 27 de abril estreia na US Open Cup, a Copa do Brasil dos EUA, em que times da Major League Soccer (MLS) participam (Foto: Arquivo pessoal)

Se fala grosso sobre o Brasil, Palhinha se abre ao comentar sobre o Corinthians USA, que, deixa claro, nada tem a ver com algumas escolinhas "Chute Inicial" que o clube paulista abriu nos Estados Unidos recentemente. A academia alvinegra na Califórnia tem times de base, de onde saem jogadores para testes em São Paulo, mas tem como carro chefe os times sub-23 e adulto. É esse último que Palhinha vai comandar na US Open Cup, a Copa do Brasil dos EUA, a partir do dia 27 de abril. O time disputa a fase classificatória e sonha entrar nas fases seguintes contra times profissionais, da Major League Soccer (MLS).

Me reconhecem e me valorizam, e muito mais que aí no Brasil

Palhinha


– Essas outras academias que estão abrindo aqui nos EUA não têm nada a ver com a nossa aqui, são academias independentes, graças a Deus, e estão vindo depois de saberem do nosso trabalho aqui. Isso para nos é muito bom, é sinal de que estamos fazendo escola mesmo. E aqui na Califórnia somos nós mesmos que tocamos tudo – diz.

O treinador alvinegro fica feliz por ser reconhecido num país em que o "soccer" cresce a cada ano.

– Aqui o futebol hoje é o terceiro esporte mais praticado no país todo, são mais de 24 milhões de crianças que jogam futebol hoje aqui. Reconhecem sim e me valorizam, e muito mais que aí no Brasil, por incrível que pareça. Aqui o que é bom eles valorizam e não olham só para suas falhas como no Brasil. Aí, se você erra é lembrado, e se acerta não fez mais que obrigação, aqui é diferente.



'NÃO SOU NEM 1% DO QUE O TELÊ FOI'



Palhinha Corinthians USA (Foto: Arquivo pessoal)

Palhinha, em entrevista à Globo Internacional, diz que é reconhecido nos EUA: 'Me valorizam, e muito mais que aí no Brasil' (Foto: Arquivo pessoal)

Mineiro e com história no São Paulo, assim como Telê Santana. Mas Palhinha, que pouca chance teve de treinar um time grande no Brasil, nem ousa se comparar com seu antigo mestre do Morumbi. Os elogios, no entanto, são aos montes. O ex-meia-atacante pode não ter a qualidade do então treinador, morto em 2006, mas garante que, com ele, há futebol.

– Acho que parei de jogar em 2005 (risos) e fiquei um tempo sem ver futebol até na TV, porque não queria mais ver futebol na minha frente. E depois de uns anos acabei voltando para cuidar do clube Tietê, em São Paulo, depois AD Guarulhos e outros times pequenos como treinador. Até que surgiu a oportunidade de vir para os Estados Unidos. Sou nem 1% que o Telê é ate hoje, igual a ele não tem, mas os jogadores trabalham bastante (risos).

Palhinha não vê problemas em dar pitacos – e fortes – sobre a atual fase do clube do Morumbi, onde fez história. Amigo de Muricy Ramalho, ele entende que alguns jogadores não caem bem com a camisa tricolor. E, claro, cita o principal nome que não enxerga com um futuro promissor com Muricy & Cia: Paulo Henrique Ganso.

– Acompanho o São Paulo por causa do Muricy, sou fã dele e devo muito a ele por tudo que fez por mim, quando estive com ele no São Paulo e Botafogo-SP. O Muricy vai dar um jeito no time e isso eu acredito, ele tem bons jogadores e acredito que o Pato vai se sair bem. O Ganso eu acho um jogador diferenciado, mas não é jogador para o São Paulo. Gosto muito dele e torço de verdade para ele, mas no São Paulo não acho que renderá o que sabe. A camisa do São Paulo, muitas vezes, não cai bem em muitos jogadores, e não é porque não têm qualidade, só não são jogadores para vestir a camisa do São Paulo. A eliminação no Paulista foi uma surpresa, porque o futebol mudou e não se pode achar que é melhor que o outro mesmo, só depois de jogar.
Palhinha Corinthians USA (Foto: Arquivo pessoal)

Funcionário do Corinthians USA, Palhinha posa ao lado do chefe Josias e de diretores paulistas (Foto: Arquivo pessoal)


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