23/4/2014 12:18

"Quase de férias", Paulo André curte nova vida e liberdade na China.

Zagueiro lamenta "enrolação" do Corinthians e explica saída rápida para jogar futebol do outro lado do mundo. Liderança no Bom Senso FC continua à distância

A saída do zagueiro Paulo André do Corinthians se desenrolou em apenas quatro dias.

Ele recebeu a proposta do Shanghai Shenhua em uma segunda-feira, 10 de fevereiro, e apenas três dias depois estava embarcando para a China. Dois meses depois, o balanço para o jogador é positivo: sem a tradicional pressão do futebol brasileiro, Paulo André se sente à vontade na nova casa. A milhares de quilômetros, ele continua conversando com os ex-companheiros de Timão, agindo diretamente no Bom Senso F.C. e curtindo a liberdade de viver sozinho.

"Como um outro cara qualquer", e não como atleta de um dos maiores clubes do Brasil.

As dificuldades com o idioma e com a culinária completamente diferente da que estava habituado em seu país de origem foram os principais obstáculos encontrados pelo zagueiro. Até agora, o aprendizado foi básico: Paulo André sabe algumas orientações para usar dentro de campo, outras de direção - já que não pode dirigir, e só se locomove com táxis - e passa boa parte do tempo com um tradutor ao lado.

Ainda assim, nada que tire dele a certeza de que tomou a decisão certa ao deixar o Corinthians após cinco anos no clube.

Os cinco títulos conquistados e o ápice da carreira vivido no Parque São Jorge ainda emocionam o jogador. Lembrar do dia a dia no CT Joaquim Grava, da proximidade com a família e com os amigos de longa data coloca um sorriso no rosto de Paulo André.

Um contexto contrastante com a forma pela qual o zagueiro decidiu partir para a China. A passividade da diretoria e a invasão dos torcedores ao centro de treinamento, no dia 1° de fevereiro, deram a ele a certeza de que jogar no exterior e assumir um novo contrato, de dois anos de duração, era o melhor a fazer.

Paulo André recebeu duas ofertas de clubes italianos em dezembro do ano passado. Como o compromisso com o Timão duraria somente até o fim de 2014, a preocupação com o próprio futuro fez com que o zagueiro passasse a considerar a ideia de encarar um novo desafio. Assim que Mano Menezes assumiu o comando, o jogador o chamou para uma conversa particular e expôs a situação.

Fez o mesmo com Edu Gaspar, gerente de futebol. A resposta sobre uma possível renovação não veio, e a chance de ganhar mais falou mais alto. O defensor partiu para a China.

- O Corinthians enrolou, o Edu e a diretoria acabaram não respondendo até o dia 31 (de janeiro), e eu perdi essas duas ofertas. No dia 1° de fevereiro aconteceu a invasão. No final das contas, eu senti que talvez o Corinthians não fosse renovar comigo. Quando apareceu a proposta da China, eu tive certeza que era o caminho que eu deveria seguir. Era uma questão financeira melhor e a estabilidade de dois anos de contrato - explicou.

Do outro lado do mundo, Paulo André continua envolvido com os problemas do futebol brasileiro. Já pensa em escrever outro livro, contando mais sobre os bastidores e a questão política do esporte. A reportagem visitou o Shenhua Kangqiao Training Base, centro de treinamento do Shanghai Shenhua, e conheceu a nova rotina do zagueiro. Do alívio por não ser incomodado ao tomar cerveja às questões culturais da China, o brasileiro detalha abaixo por que se sente "quase de férias" jogando na Ásia.

Confira na íntegra a entrevista com o zagueiro Paulo André:

GloboEsporte.com - Como é o dia do Paulo André em Xangai, da hora em que acorda até a hora de dormir?
Paulo André - Acordo cedo, estudo, tento fazer alguns exercícios de chinês. Quando preciso, vou ao mercado andando e volto andando. Tudo aqui eu faço com táxi, porque não tenho carro, aqui não posso dirigir.

Almoço em algum canto perto do apartamento, sozinho, e depois tem o motorista do clube, que nos traz para treinar. É quase uma van pegando todos os estrangeiros. Por volta de 6 ou 7 estou em casa de novo, saio para jantar e à noite eu durmo. Estou quase de férias aqui. É uma vida bem tranquila e gostosa.

Qual a principal diferença na sua rotina, pessoal e profissionalmente?

A velocidade é outra. Aqui eu tenho menos compromissos, menos amigos e coisas a fazer. Eu consigo parar, pensar, ler... Ou seja, tenho mais tempo pra mim. Essa é a maior diferença. Dentro de campo, o dia-a-dia dos treinamentos é muito parecido.

Os jogos também: dias de jogos, concentrações, quase a mesma coisa. Evidentemente, temos menos jogos, então sobra mais tempo para ficar em casa. Essa é a maior diferença.


Paulo André com os novos companheiros de time, a caminho do treinamento

Como você está se virando com o idioma, dentro e fora de campo?
Estou fazendo aulas, me dedicando. Um dos objetivos vindo pra cá era aprender o mandarim. Tem sido legal, mas é bem difícil. Acho que estou evoluindo rápido.

O pessoal está surpreso com as palavras que eu falo quando tento. Aprendi algumas palavras, pedir para o pessoal sair, entrar, marcar. Tem um coreano que joga do meu lado e também não entende chinês ou fala inglês. É complicado e prejudica bastante, mas o futebol ainda tem uma certa linguagem única que você consegue, olhando e fazendo gestos, que você consegue se fazer compreender.

E a comida?
Eu tive uma pré-temporada na Coreia com eles e só tinha comida chinesa. Aí foi pesado. Muita coisa do mar, tinha polvo vivo, por exemplo. Aí eu não como. Mas eles conseguem fazer uma comida específica para os sul-americanos que estão aqui. Na pior das hipóteses, arroz e ovo tem. (risos) Fora do clube, na cidade, tem de tudo. Uma grande variedade e uma qualidade muito grande.

Você disse que sua vida aqui é tranquila. Não ter mais a pressão do torcedor é um alívio para você?

É muito mais tranquilo do que São Paulo, porque lá não podíamos sair tanto. Você não pode ir ao shopping e ficar andando, ir a uma balada e ficar à vontade. Aqui ninguém me conhece, sabe quem eu sou. Você tem liberdade de fazer o que quiser e a hora que quiser. Em São Paulo eu não poderia postar foto no Instagram tomando uma cerveja.

Aqui o pessoal elogia, acha normal, até porque há um respeito. Você trabalha na hora que tem de trabalhar e se diverte, cuida da vida quando tem que cuidar. Essa liberdade, essa vida mais tranquila, tem me feito muito bem.

Aqui o Paulo André é mais um, e não o zagueiro do Corinthians. É isso?
Fica de lado um pouco o personagem, o jogador de futebol, e entra o ser humano, tentando se encontrar no mundo. É isso que me diverte, porque qualquer lugar que sento para conversar com alguém, trocar uma ideia, não sou mais o jogador do Corinthians, o famoso que tem isso ou aquilo, eu sou um cara normal que está sentado num restaurante e numa balada, tentando começar alguma coisa. Parece esquisito, mas é legal para caramba.


Paulo André teve reencontro com Zizao: ex-corintianos se enfrentaram na China

O futebol chinês te faz sentir falta de algo do futebol brasileiro?

Estou com 30 anos, e ainda sinto falta da competição, do alto nível, de poder brigar pelo título, lutar todo fim de semana por vitória. Ainda não estou preparado para isso.

Às vezes o pessoal vem para a China com aquela ideia de encostar, ganhar dinheiro e ficar de boa. Perder ainda me incomoda, como incomodava no Corinthians. É meu, interno, independentemente da cobrança do torcedor, do clube, da imprensa. Aqui não tem isso, mas minha cobrança interna continua sendo a mesma, e a dedicação também. Nesse quesito, pra mim não muda muito.

Muitos estrangeiros vêm para a China. Aqui em Xangai tivemos Drogba e Anelka. Esse contato com jogadores de outros lugares pode fazer com que o futebol daqui evolua?

Eles são esforçados, trabalhadores, mas ainda falta aquela malandragem e a inteligência de jogo. É difícil encontrar pelo mundo, mas o brasileiro tem quase que do ventre da mãe. Acho que eles ainda têm um caminho a trilhar, mas têm feito investimentos nas categorias de base. Pela quantidade de gente que eles têm no país, daqui a pouco vai dar para extrair coisa boa.

Como funciona a torcida na China? Cobra tanto quanto no Brasil ou é outra cultura?

A torcida é muito educada, assim como na Europa.

Perdemos um jogo por 3 a 1 em casa, tinha 20 mil pessoas, e demos a volta batendo palmas, agradecendo o apoio, e eles retribuíram. É uma relação um pouco diferente. Tem vaia e cobrança, mas acabou o jogo, desde que façamos o melhor, eles reconhecem e aplaudem. No Brasil, é mais passional o negócio.

É melhor o céu e muito pior o inferno. Pela demanda, é quase desumano o que sofrem os atletas no Brasil. Acabam não dando valor porque poucos atletas expõem isso pra mídia, mas é muito pesado. O cara tem de ter uma cabeça muito boa para conseguir jogar quarta e domingo, ganhando ou perdendo, sendo criticado, e continuar focado.


Paulo André está muito satisfeito com sua nova rotina no Shanghai Shenhua

O que faz um jogador sair do país de origem e vir para o outro lado do mundo jogar futebol, precisando se adaptar a uma realidade completamente diferente?

É o investimento. Os contratos são bons, a vida não é tão ruim como talvez fosse antigamente. Eu tenho uma vida em Xangai muito parecida com a que eu tinha em São Paulo, mas com um contrato melhor do que o que eu tinha no Corinthians. Isso pesa e você fala: Por que não? Tem um ganho cultural, de liberdade e tranquilidade, que também pesa.

Você achou que fosse se aposentar no Corinthians e acabou criticado por alguns torcedores ao deixar o clube. As torcidas mais atrapalham do que ajudam os jogadores de futebol?
A relação é burra. O cara pede o tempo inteiro para o jogador ficar a vida inteira no clube, ser apaixonado, defender, e três jogos depois, quando talvez não tenha jogado bem, a torcida cai matando em cima e tira o jogador de lá. É um pouco estúpido o romantismo de dizer que antigamente se ficava dez anos no mesmo clube, que havia uma relação mais próxima. Isso não existe. Futebol é resultado. Se você ganhar, fica. Se perder, não fica. É opção de vida. Eu pensei que fosse encerrar minha carreira no Corinthians, tinha uma estabilidade e conquistas que me faziam crer que seria o melhor caminho. Cada um tem uma história, uma fase.

Mas as críticas te incomodam, ou você prefere levar em conta o que é melhor para você mesmo?
Quando eu tinha 22 anos, recebi uma oferta da Coreia para ganhar 10 vezes mais do que eu ganhava no Atlético Paranaense, e naquela época não aceitei, porque não era o meu projeto de vida. Desde que você tenha consciência da sua escolha. Você tem de fazer o que é melhor para você mesmo, porque quem vai aguentar o pepino, ficando lá ou aqui, é você. O resto não tem nada a ver com isso.



Paulo André durante passeio com seu irmão por Xangai, na China

ua saída do Corinthians foi muito rápida. O que aconteceu, de fato? A invasão dos torcedores ao CT foi a gota d'água?

Eu tinha duas ofertas da Itália e desde dezembro eu vinha pesando a questão financeira, cultural e da tranquilidade de morar na Europa contra a minha história no Corinthians, a paixão pelo clube, tudo o que eu tinha conquistado ali, e também a questão do Bom Senso, que para mim era importante. Eu vinha desde dezembro maturando a ideia e pesando prós e contras.

Quando chegou em janeiro, sentei com o Mano Menezes e expus: a Itália me oferece dois anos de contrato, e no Corinthians tenho mais 11 meses. Preciso de uma garantia. Não é por um pouco a mais ou a menos de dinheiro que vou sair. Eu gosto daqui e quero ficar aqui, mas preciso de uma estabilidade. Um ano ou um ano e meio de contrato, porque você sabe como é futebol.

Se amanhã me machuco ou você me coloca no banco, eu não consigo renovar o contrato e perdi uma baita chance. Quando apareceu a proposta da China, eu tive certeza que era o caminho que eu deveria seguir. Era uma questão financeira melhor e a estabilidade de dois anos de contrato.

Ficou uma mágoa com a diretoria?
O clube tem o direito de querer renovar ou não. Talvez pela história que tive, a amizade que tive com todo mundo, fosse o caso de chegar e me falar: "Olha, a gente não vai renovar, não pode renovar, tem uma pressão para que não se renove...". Não teria problema nenhum. Talvez isso tenha sido mal feito da parte deles. Mas fica a amizade, principalmente com o Edu, com quem joguei, o Mário Gobbi, que foi responsável por renovar meu contrato duas vezes lá, o Andrés (Sanchez), Roberto (de Andrade), Duílio (Monteiro Alves), que são grandes amigos... Uma coisa é o profissional, outra é o pessoal. Eu não misturo, tenho certeza que eles também não.

O Corinthians representou o ápice da sua carreira? Já caiu a ficha de que você deixou o clube onde foi campeão mundial?
Sem dúvida.Pelos títulos, tudo o que vivi ali. Quando cheguei lá, joguei com o Ronaldo. Isso é o sonho de qualquer um da minha idade, poder jogar com ele, com o Roberto Carlos. Ser campeão da Libertadores e do Mundial no Japão, pelo Corinthians, posso te afirmar que só depois que cheguei aqui foi que a ficha caiu. Toda história e tudo o que estávamos fazendo lá. Até isso tem me feito bem aqui na China, para reconhecer que tudo valeu a pena e que o sacrifício foi recompensado naquele momento.

O dia a dia do futebol faz com que os jogadores esqueçam que têm carreiras curtas e que é preciso pensar no futuro após a aposentadoria?

Estudos dizem que 60% ou 70% dos atletas no mundo acabam a carreira em vias de ir à falência ou depois de dois anos que encerraram suas carreiras já faliram. É geral isso.

É um dinheiro que parece fácil, e a preparação e a educação dos atletas que vêm de origem humilde e talvez não tenham preparação para lidar com toda essa exposição acabam prejudicando e iludindo. Sempre falei nas minhas entrevistas: eu estou no Corinthians, estou bonito, legal, divertido, e sempre tive muita consciência.

O Sócrates sempre me falou isso: o jogador de futebol morre duas vezes. E morre muito cedo na primeira vez. Se não estiver preparado para isso, você vai sofrer o resto da vida. Nada se compara às emoções e tensões que vivemos dentro de campo.


Cronograma tem auxílio em outros idiomas para ajudar os estrangeiros, como Paulo André


Muitos jogadores vêm para a China passam pouco tempo e voltam para o Brasil. Hoje, você já sabe se prolongaria o contrato para mais de dois anos?

Se tudo der certo e quiserem que eu fique, ficaria numa boa. Estou muito tranquilo, a cidade me agrada, mas não sei o que vou fazer da vida, se vou aposentar, voltar para o Brasil e jogar mais um ano, ficar aqui e encerrar. É muito cedo ainda para decidir a minha vida. Nem entre China e Brasil, mas sim futebol e aposentadoria.


E já passa pela sua cabeça uma média de idade para se aposentar?
Eu achei que fosse parar com 30 e já passei. Fisicamente vivo meu melhor momento. Fiz mais de 100 jogos nos últimos dois anos e não sinto dor nenhuma nos joelhos. Depois de sete cirurgias, que é uma coisa quase impossível. No final das contas, vou indo e me divertindo. Enquanto estiver legal e eu estiver sentindo esse frio na barriga de jogar futebol, de tentar ser melhor a cada dia, vou continuando.

A diferença de fuso horário te distanciou do Bom Senso ou você continua na ativa, como um dos líderes?

Temos "calls" quase que semanais para discutir assuntos, alinhar, saber se vamos a favor ou contra. Dou meus pitacos, não consigo ficar quieto. O Dida (Internacional), o Alex (Coritiba), o Prass (Palmeiras), o Roberto (Ponte Preta), o Rogério Ceni (São Paulo) estão fazendo um grande trabalho, tocando muito bem o projeto. Acho que este ano, no início do Brasileiro, surpresas serão feitas para que consigamos nos fazer presentes para tentar melhorar o futebol brasileiro.

Você já pensa em escrever outro livro, com as histórias que viver na China?

Tenho muita coisa para contar desde o final do último livro. Outro dia me sentei em um restaurante, um lugar bonito, e pensei que se eu sentasse ali todo dia faria um livro em seis meses. Tem tempo e tem cabeça fresca para lembrar das histórias. Tem título para caramba do Corinthians, Mundial, Bom Senso... Tem muita reflexão sobre esses últimos três anos.

Mas qual seria a ideia principal? Na outra obra, você falou sobre as dificuldades da carreira de um jogador de futebol, desde a base até se tornar profissional.

Teria um viés político e um lado bastidores que ninguém imagina o que acontece realmente por trás do pano. Como se faz para ganhar um campeonato, o que acontece, o que acontece quando um jogador é demitido ou afastado. Tivemos alguns casos no Corinthians nos últimos anos. Conversas com treinador no vestiário. As pessoas têm curiosidade de saber o que acontece. Talvez começar por esse lado e terminar com a questão política, que é importante.

Você disse que o futebol chinês está evoluindo nas categorias de base. Seria uma lição para o Brasil?

Para o futebol brasileiro falta estudo, método, conceito. Produzimos os melhores jogadores do mundo - produzia, né, agora produz muito menos - por achismo. Porque é um talento quase nato. Mas o que desperdiçamos de talento também é fora do comum. Precisamos evoluir nesse quesito, formar melhores treinadores, para que formem melhores jogadores.

É nesse ponto que estamos tentando mostrar a necessidade para a CBF, para os clubes, para as federações. É fundamental. Sem isso, o Brasil vai ficar para trás, como já está ficando.


Paulo André postou recentemente a foto de uma cerveja nas redes sociais



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