O Corinthians é favorito, sim, para chegar à final da Copa do Brasil. Coisa pouca, embora o trunfo seja mais que respeitável: a energia que a torcida transmite na Neo Química Arena lotada, o que sempre torna a equipe paulista mais forte.
Mas é possível perceber em algumas análises e opiniões antes do confronto derradeiro pela semifinal na quinta (15), um toque de bairrismo, como se fosse um acinte a possível decisão carioca, caso o Flamengo confirme a vaga no Maracanã contra o São Paulo.
Imagine o absurdo que seria o principal centro do país fora da disputa pelo título da maior competição de mata-mata nacional!
Bem, "zebra" não seria. Até porque o Fluminense, tirando o fracasso continental, faz ótima temporada até aqui. Venceu as estrelas do Flamengo no Carioca, impedindo o inédito tetra do maior rival, e está bem vivo nas duas competições que sobraram. Competindo sempre e proporcionando momentos de espetáculo, principalmente quando Paulo Henrique Ganso está inspirado.
É verdade que terá que superar ausências importantes. Nonato foi negociado pelo Internacional ao Ludogorets e, pela perda recente, o Flu pode até considerar desfalque. O meio-campista estava bem adaptado ao modelo de jogo de Fernando Diniz e entrosado com os companheiros. Mais sentida ainda será a falta do suspenso André, jogador que entrega força e volume ao trabalho entre as intermediárias.
A dupla atrás de Ganso no meio pode ser formada por Felipe Melo e Martinelli, ou Yago Felipe na vaga de um deles. Perde em saúde e entrosamento, mas é possível superar com fibra e técnica. Afinal, é decisão.
O Fluminense é um dos visitantes mais indigestos da temporada, tem 100% de aproveitamento fora nesta edição da Copa do Brasil e pode, sim, voltar para o Rio de Janeiro classificado. Ainda mais se Gérman Cano confirmar a volta à boa fase nas finalizações sinalizada com os dois gols sobre o Fortaleza no sábado.
Se conseguir, Diniz superará também as desconfianças sobre o seu trabalho. Nos últimos dias, muitas lembranças do fracasso no São Paulo contra o Grêmio na mesma fase semifinal em 2020. Para muitos significa uma tendência eterna ao fracasso. Puro preconceito. Treinadores hoje considerados vencedores, como Cuca e Abel Braga, reverteram essa imagem com vitórias e taças.
Time e treinador podem fazer história em Itaquera. Mesmo com obstáculo maior nas arquibancadas do que no campo.