Um dia depois de reestrear com gol no Corinthians, o meia Renato Augusto participou do "Seleção SporTV" desta segunda-feira e falou sobre a sua "volta para casa". Cinco anos e meio depois de ser campeão brasileiro como melhor jogador em 2015, ele reinicia sua história dentro do Timão.



– Eu estava um pouco nervoso, foi muito tempo sem treinar com equipe, sem dia a dia de clube, estava nervoso com o jogo. Fiquei muito feliz com o gol e sei que posso melhorar muita coisa. Agora é gradativo, melhorar a cada treino e jogo para chegar ao nível que eu espero – disse.

O gol, aliás, foi um pedido do filho Romeu, de três anos. Na comemoração, Renato fez até dedicatória:

– Um pouquinho antes do jogo estava falando com a Fernanda (esposa) e ouvi um áudio do Romeu me pedindo um gol. Falei: "Será que vou conseguir?". Quando saiu, fiquei emocionado e quis passar o amor por ele. Estava com saudade, ele estava vindo para São Paulo – contou.

– Quanto ao meu momento, me sinto hoje muito feliz, parecia que eu era um garoto estreando no profissional, foi muito tempo sem jogar, sem o dia a dia do clube, isso pesa. O tempo me fez pensar em algumas situações. A gente costuma dizer que é muita viagem, muito jogo, mas agora vi o quanto me fez falta esse tempo com time, viagem, concentração. Cheguei muito feliz. Esse tempo sem jogar mudou muito a minha cabeça e minha forma de pensar a carreira daqui para frente – acrescentou.


Formado na base do Flamengo, Renato Augusto acertou com o Corinthians em meio a especulações sobre o interesse rubro-negro em seu retorno. Ele explicou a escolha pelo Timão:

– Não tem por que não ter sido a opção do Corinthians. São dois clubes muito importantes na minha vida, o Corinthians veio com um projeto interessante, eu aceitei. Não tive nenhum contato oficial do Flamengo e não pensei duas vezes em aceitar. Conhecia todas as pessoas envolvidas, Duilio, Roberto e Alessandro. Passei para eles minha preocupação de futuro, eles me passaram um projeto interessante. Achei que era a hora de voltar para um clube que tenho carinho e gratidão eternos.


A torcida tem mostrado muita empolgação com as entradas de Giuliano e Renato Augusto na equipe. O camisa 8 disse que espera que essa dupla dê tão certo com a que fez com Jadson há seis anos.



– Espero que a gente possa ter o mesmo sucesso que tive com o Jadson em 2015. Claro que as características são diferentes, eu também mudei um pouco o meu jogo, mas o Giuliano é muito inteligente, dá volume no meio, o time cresce. Depois que ele entrou na equipe, o time cresceu. Tem tudo para a gente fazer um bom final de ano e no ano que vem ter um ano especial.


Autor do terceiro gol do Timão na vitória por 3 a 1 contra o Ceará, ele ficou em campo por 32 minutos. Renato não atuava desde dezembro de 2020, pelo Beijing Guoan, da China, e sentiu a falta de ritmo. Aos poucos, porém, ele mesmo vai sentir quando estiver pronto:

– Sobre a idade. Terminei a temporada no ano passado talvez no meu auge físico, fiz uma temporada espetacular. Se tivesse vindo direto do meu último jogo da China para cá, chegaria em um nível muito alto. E sobre esse tempo de não ter treinador e jogado, o lado positivo é que com o tempo você vai conhecendo seu corpo e pode dar o feedback positivo ao técnico, preparador ou fisioterapeuta.

Veja mais trechos da entrevista:
Seleção brasileira

– Claro que o sonho de todo jogador é estar na Seleção, poder voltar a uma Copa do Mundo, fantástico. Mas é um passo muito longo, não quero dar passo maior do que minha perna. Quero voltar a jogar bem, amadurecer ainda mais para a cada jogo estar melhor. Não estou pensando muito lá na frente. Jogar bem, conquistar títulos aqui, sempre fui muito lembrado pelos torcedores pelos títulos. Hoje meu pensamento é poder estar bem. Seleção é uma coisa natural, ela acontece. Hoje o foco é Corinthians.

– Técnico da seleção tem muitas opções, em algum momento pode optar por um ou outro. Não tem o que é justo, ou sacanear alguém. Temos que respeitar. Tenho um carinho e respeito muito grandes, jamais ficaria chateado por uma situação dessa. Se um dia voltarmos a trabalhar juntos, será uma honra. Se não acontecer, o carinho segue o mesmo.

Futebol brasileiro

– É muito difícil dizer se melhor ou pior. Cheguei em 2013 com o Corinthians campeão do mundo. Chegamos eu, Pato e Gil, ampliou o elenco, era uma briga para jogar, um momento especial do clube. Hoje é um momento um pouco difícil, numa retomada. O clube estava aqui e agora está voltando a subir. São momentos diferentes. Mas com o tempo você se adapta às situações. Difícil dizer se o futebol brasileiro evoluiu ou não. Até porque é meu primeiro jogo, não posso falar de nível. Quero estar bem, poder crescer.


Evolução em seu jogo

– Na China como são só três estrangeiros que podem jogar, em alguns momentos você mexe neles. E como faço muitas funções, joguei em todas do 5 ao 9, até de centroavante ou segundo atacante. Me fez enxergar mais o jogo, hoje me sinto mais confortável em campo. Usei bastante o tempo na China com as dificuldades para evoluir até mesmo o meu jogo.

Exemplo para os jovens

– Eu particularmente gosto muito de falar durante o jogo, deixa mais vivo, às vezes você passa algo que não estão vendo, essa troca de informações é importante e faz todo mundo crescer. Não é que eu sou mais experiente e sei mais que os mais jovens, às vezes você pega coisas deles também.

Momento do Corinthians

– Estamos em um processo de formação diferente de outras equipes como Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras, que estão há mais tempo com o elenco. Mas trazendo jogadores de qualidade, podemos subir na tabela. Mas o amadurecimento da equipe, pode levar um pouco mais de tempo, temos de ter a paciência de entender que às vezes a gente vai oscilar. O importante é que estamos evoluindo de jogo para jogo. Foi um bom jogo contra o Santos, um bom jogo contra o Ceará e agora é seguir evoluindo.



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