O lateral Edson Sitta foi um dos vários jogadores revelados pelo famoso "terrão" que foi campeão brasileiro pelo Corinthians ao lado dos "galácticos" contratados em 2005. Com apenas 22 anos, ele viu o time alvinegro mudar com a chegada da MSI (Media Sports Investments), que trouxe estrelas como Carlos Alberto, Nilmar, Mascherano e Carlitos Tevez, principal nome da equipe.
O camisa 10 comprado do Boca Juniors tinha muita moral não somente com a torcida alvinegra, mas também com os cartolas. O iraniano Kia Joorabchian, homem forte da MSI no futebol, costumava realizar as vontades do argentino.
Na semana do clássico válido pelo Nacional contra o Palmeiras, em julho de 2005, a diretoria queria prender os jogadores em regime de concentração total. O Corinthians havia perdido o jogo anterior para o Fortaleza por 2 a 1 fora de casa.
"O Tevez bateu o pé e nos defendeu de uma forma positiva. Ele disse que não iríamos. Os bastidores estavam muito tensos. Tudo estava contra nós, porque ninguém do grupo queria concentrar a semana toda. Ficamos com aquela pressão contra o Palmeiras. Mas os caras dentro de campo sabiam que poderiam resolver", disse Edson ao ESPN.com.br.
Dentro de campo, o Corinthians não deu chances para o rival. Com grande atuação de Rosinei, autor de dois gols, a equipe alvinegra venceu o arquirrival por 3 a 1 no estádio do Morumbi.
"Ele era um cara mais quieto e tranquilo, mas foi um verdadeiro líder e brigou por nós", elogiou.
Em um elenco com muitos jogadores consagrados, as brigas eram inevitáveis.
"O ser humano tem muita vaidade. Todos queriam jogar, porque eram de alto nível, e queriam jogar sempre, porque estavam acostumados a ganhar. Tudo isso faz parte desde que não extrapole com falta de educação ou respeito. Eu aprendi muito os observando", contou Edson.
No torneio vencido pelo Corinthians, o lateral destaca a goleada por 7 a 1 sobre o Santos no Pacaembu e o polêmico empate contra o Internacional, que quase sacramentou o título alvinegro nas rodadas finais.
Saída para Portugal
No ano seguinte, Edson perdeu espaço na equipe e viu o projeto da MSI desmoronar no Corinthians depois da eliminação em casa para o River Plate na Libertadores.
"Tinha uma expectativa enorme e o torcedor era obcecado pela Libertadores. A cobrança era muito grande e foi uma fase muito triste porque eu sonhava em desde criança em ganhar uma Libertadores pelo Corinthians", lamentou.
Depois disso, os galácticos foram deixando o clube. Com muitas brigas e trocas de treinadores, instaurou-se uma crise política no Parque São Jorge.
"Aconteceram muitas mudanças de treinador, saída de jogadores e não tinha como dar certo", resumiu.
Em 2007, Edson havia perdido espaço e recebeu uma oferta para ir ao Nacional-POR. Ele saiu meses antes do rebaixamento para a Série B.
"Foi uma decisão que tomei que parecia ser boa porque estava tentando trilhar uma carreira na Europa. Graças a Deus não me arrependo de nada, mas poderia ter ficado no Corinthians mais uns dois anos para me firmar, algo que não tinha conseguido ainda. Eu sairia mais valorizado e com mais experiência, mas quando somos jovens tomamos algumas decisões mais precipitadas", analisou.
Pela equipe da Ilha da Madeira, ele chegou a vencer o Porto em pleno estádio do Dragão por 3 a 0 - temporada 2007/08 - com dois gols de Coentrão.
"Eles eram os líderes do Português e iam comemorar o título em cima da gente. O time dos caras tinha Lucho González, Lizandro López, Bosingwa... Era uma seleção! É algo que não vai mais acontecer", recordou.
Empresário
Em Portugal, Edson também defendeu Vitória de Guimarães e Beira-Mar.
"Sou um cara realizado no futebol porque consegui coisas bacanas. Tive uma qualidade de vida na Europa que era muito bacana, além do futebol. A cultura deles é muito bacana e as coisas funcionam de forma mais positiva."
Em 2013, Edson Sitta voltou ao Brasil e defendeu Atlético Sorocaba, Paraná, Santa Cruz, Bragantino e Água Santa antes de se aposentar, em 2018.
"Eu tinha ofertas para continuar, mas pesou demais não querer ficar longe da minha família. Eu ia ter muita dor de cabeça em times que poderia não receber salários. Meu empresário, o Clóvis, falava para eu trabalhar na empresa dele [Olé Sports] e acabei aceitando".
O ex-lateral cuida da carreira de cerca de vários jogadores, incluindo o atacante Gustagol.
"Eu estou aprendendo ainda como funciona a área, mas estou gostando bastante", finalizou.
Corinthians, Tévez, Timão, Campeão Brasileiro