O primeiro gol de Basílio, um dos jogadores mais importantes da história do Timão, completa 45 anos neste domingo (22). Em véspera de eleições no clube, o Corinthians tinha um compromisso importante naquele sábado a noite. A partida era contra o Comercial, válida pela 6ª rodada do Campeonato Paulista de 1975, no estádio do Pacaembu. O Alvinegro venceu o jogo por 2 a 1, com gols de Vaguinho e Basílio que, em cobrança de escanteio, marcou de cabeça aos 45 da primeira etapa.
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Apelidado como “Pé de Anjo”, Basílio é reconhecido por ser o autor de um dos gols mais comemorados pela Fiel em toda a história, o da final do Campeonato Paulista de 1977. Seu feito deu fim ao jejum de títulos do Timão, que aumentava a cada ano que se passava e já completava quase 23 anos.
Ao todo, Basílio fez 253 jogos e marcou 29 gols com a camisa alvinegra. Além disso, o pé de anjo conquistou dois títulos, ambos do Campeonato Paulista, nos anos de 1977 e 1979.
Em entrevista exclusiva para o Corinthians.com.br, Basílio falou sobre a sensação de ter jogado em um clube como o Corinthians, o reconhecimento e carinho que a torcida tem por ele até hoje, além de recordar importantes momentos de sua carreira.
Qual foi a sensação de marcar seu primeiro gol com a camisa do Timão, há 45 anos?
Foi uma das coisas mais emocionantes que eu senti na vida. Um atleta sente emoções diferentes a cada gol marcado, mas aquele primeiro gol com a camisa do Corinthians, contra o Comercial, no Pacaembu, em um sábado à noite, eu não esqueço até hoje. São emoções que só a gente sabe, a de marcar um gol com a camisa do Corinthians.
O que você sentiu ao ver a Fiel comemorar um gol seu pela primeira vez?
Muita emoção por estar junto com a Fiel. Eu fiz o gol naquele gol de entrada do Pacaembu, onde tinham os vestiários, e corri direto para ver aquela massa vibrando e pulando. É uma coisa que, além de sentir o gol, eu fui em direção ao torcedor, então eu vibrei praticamente junto com eles e com meus colegas, que me abraçaram e deram confiança, porque eu tinha acabado de chegar ao clube. Fico muito emocionado e arrepiado em recordar esse gol, um momento gratificante da minha carreira.
Qual a sua opinião sobre o apelido “Pé de Anjo”?
Eu não consigo confirmar quem é que foi o narrador que criou o apelido. Pode ter sido o José Silvério ou o Osmar Santos. Os narradores da época tinham sempre essa forma de colocar um nome ou apelido nos jogadores. Quando começaram a me chamar de “Pé de Anjo”, eu fiquei muito emocionado e grato por esse reconhecimento. Era um momento crítico, onde o Corinthians estava em um jejum de títulos e buscava um campeonato. Fiquei muito feliz também quando um repórter da Globo me ligou e perguntou se eu passaria o apelido de “Pé de Anjo” ao Marcelinho, que vinha fazendo muitos gols decisivos para a história do Corinthians. Isso não tem preço que pague. É muito gostoso e prazeroso ter esse reconhecimento dos profissionais. Quem sabe algum dia eu e o Marcelinho poderemos passar esse bastão para algum jogador, que também fique com essa marca por seus gols decisivos.
Além do gol de 1977, esse foi um dos gols mais importantes em sua trajetória no Corinthians ou tem algum outro que você guarda com mais carinho?
O que ficou mais marcado é esse gol mesmo. Fiz muitos outros gols marcantes com a camisa da Portuguesa e com a do Corinthians, mas o mais importante é o primeiro gol pelo Timão, que fica na sua mente e você consegue reviver tudo aquilo.
Do time que entrou em campo naquele dia, quais são os melhores jogadores que jogaram ao seu lado?
Eu tenho um reconhecimento importante por dois jogadores que são muito importantes, na história do futebol e para mim também. Os jogadores são: o Zé Maria e o Wladimir. Eles são dois laterais de suma importância para a história do time e também jogadores de um nível muito alto. Jogar com esses dois foi o maior orgulho e satisfação do mundo. Tive vários outros que marcaram, mas esses sãos os dois principais.
O que passou pela sua cabeça quando estava chegando ao Corinthians para substituir o Rivelino, transferido para o Fluminense?
Primeiro eu teria que fazer o meu papel e ser o Basílio que estava sendo contratado por aquele futebol que eu apresentei na Portuguesa, que chamou a atenção não só do Corinthians, mas como de outros clubes também. A maior emoção foi quando eu fiquei sabendo que já tinham se definido a minha contratação e além disso, é lógico, um orgulho em poder falar que até hoje eu tenho um carinho especial pelo Rivelino, o jogador que tentou me trazer diversas vezes quando ele estava no Corinthians e, quando eu cheguei ao clube, eu vim para ficar no lugar dele. Por isso que eu falo que tenho o maior orgulho, que eu vim para substituir o Rivelino e graças a Deus eu consegui os meus objetivos. Apenas lamento a ausência dele, pois eu achava que ele poderia ter dado continuidade à sua carreira no clube, naquela época.
Falando como torcedor, qual é o seu maior ídolo do Corinthians?
São tantos, mas eu vou falar daquele que me inspirou quando eu era garoto e eu tentava jogar o futebol que ele apresentava: o Nei, centroavante, pai do Dinei. Ele era meu ídolo mesmo. Eu tentava fazer aquilo que o Nei fazia. Se me perguntarem hoje de todos aqueles que eu vi jogar o meu ídolo seria o Zé Maria. Para mim, o Zé e o Wladimir são os dois ídolos que eu tenho na minha cabeça até hoje por eu ter jogado com eles e também por saber como a carreira deles foi linda e maravilhosa.
O que o Corinthians representa na sua vida?
O Corinthians representa tudo. Estou acostumado a falar para as pessoas que eu nasci, cresci e me eduquei dentro da Portuguesa e eu já vim com todo esse aparato dentro daquilo que eu tinha no meu coração desde criança, quando eu pulava o muro do Pacaembu para assistir aos jogos do Corinthians e isso acabou, dentro do meu sonho, se tornando uma realidade, a de vestir esse manto sagrado. Eu devo muito ao Sport Club Corinthians Paulista, que é maior que todos. Esse símbolo me faz sempre me emocionar. Ele é muito importante e eu sei o que é jogar com essa camisa e ser corinthiano. Quero agradecer eternamente ao clube, mas também a essa nação. Até hoje me param na rua para me cumprimentar, tirar foto e conversar comigo e educadamente me prestigiar e valorizar tudo aquilo que fiz com a camisa do Corinthians. Gratidão eterna por tudo que o clube fez para mim e para a minha família.
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