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Técnico do Corinthians, Tiago Nunes merece respeito. Não apenas pelos cabelos brancos, mas também por tudo o que viveu para chegar ao Timão aos 39 anos. No comando do alvinegro Tiago Nunes tem oito jogos à frente da equipe com três vitórias, um empate e quatro derrotas, apenas 41% de aproveitamento. O treinador, tem a partida contra o Guarani-PAR pela Libertadores como a mais decisiva do ano até aqui.

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Foram 22 clubes em oito estados diferentes. No Athletico-PR, onde foi campeão paranaense e da Sul-Americana em 2018 e, nesta temporada, da Copa do Brasil, é considerado por muitos como o maior técnico da história do clube – embora ele rejeite o status, apontando Geninho, Vadão e Pepe nessa briga.

Do Acre a São Paulo

Tiago Nunes passou por 22 clubes de norte a sul do país antes de acertar com o Corinthians.

Foram nove estados diferentes – incluindo São Paulo, onde comandou o sub-20 da Ferroviária de Araraquara. Antes, no Acre, teve seu primeiro trabalho como técnico e o primeiro título, no Rio Branco, em 2010.

No total, comandou três times de base e outros 20 como profissional em 18 anos de trajetória no futebol.

No Furacão, chegou em 2017 para comandar o sub-19, foi campeão paranaense em 2018 com o time aspirante (sub-23) e, com a saída de Fernando Diniz, virou o técnico principal. Foram mais de 100 jogos.

–Tive muitos momentos na carreira em que a minha esposa (Fernanda, que é administradora) teve que sustentar a casa – lembrou o técnico, que pulava de galho em galho com contratos curtos no início.

Gaúcho, tchê!

O Corinthians que já teve Tite, Mano Menezes e Oswaldo Brandão agora terá outro gaúcho à beira do campo. Descendente de alemães, Tiago Retzlaff Nunes nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Lembrança da infância

Quando tinha 11 anos, o garoto Tiago foi até o hotel em que o Internacional estava concentrado na cidade antes de um jogo contra o Inter de Santa Maria para pedir autógrafos. O treinador do clube colorado era Ênio Andrade, que foi bastante atencioso com o garotinho.

Tiago diz que até hoje, sempre que uma criança pede uma foto ou um autógrafo, lembra como aquele gesto foi importante para ele.

Formação acadêmica

Formado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ele começou a trabalhar em clubes como preparador físico. Não chegou a ser jogador.

– Com a bola eu não tinha tanta qualidade – admitiu em recente entrevista ao "Esporte Espetacular".

Exerceu a função de preparador por dez anos, passando primeiro a auxiliar e depois a treinador. Trabalhou como técnico no Grêmio (sub-15 e sub16), Juventude (sub-20) e Ferroviária (sub-20). No Sul, ainda foi técnico de Pelotas, Riograndense e União Frederiquense.

Cabelos brancos

Tiago Nunes parece mais velho, mas tem apenas 39 anos. Os cabelos brancos, porém, estão em sua cabeça já há algum tempo. Segundo o treinador, eles começaram a aparecer quando ele tinha 24 anos.

Camisa vinho

A camisa vinho de Tiago Nunes, escolhida por ele para ser usada em jogos do Atlhetico apenas para não confundir com o uniformes rivais e obrigá-lo a usar colete, virou marca registrada e criou identificação com os torcedores do Furacão em 2018.

Segundo o técnico, após o título da Sul-Americana de 2018, um torcedor chegou a oferecer R$ 5 mil para ficar com a camisa do técnico como prêmio. Ele não vendeu. Ela está guardada na casa dos pais.

Referências de fora

No programa Bola da Vez, da "ESPN Brasil", Tiago disse que é um grande admirador de Jürgen Klopp, técnico do Liverpool. O técnico do Corinthians demonstrou ser um devorador de livros sobre futebol.

– Ele não tem nem aquele jogo da posse nem aquele jogo reativo. É um jogo híbrido. Às vezes joga em contra-ataque, às vezes joga propondo, mas sempre jogo agressivo, de pressão na bola toda hora. Às vezes joga mal e tudo bem, às vezes é dominado. E tem conexão emocional com os jogadores.

Outro treinador admirado por Tiago é o argentino Marcelo Bielsa.

– De louco ele não tem nada, tem prazer de treinar os jogadores, tem times agressivos. Sou fã dele e do Klopp. Esses caras mais rock and roll eu sou fã.

Na América do Sul, disse que tem o trabalho de Marcelo Gallardo, no River Plate, como inspiração. A equipe argentina derrotou o Athletico na disputa da Recopa nesta temporada.

– O River tem um time com jovens rápidos de muita intensidade, que fazem muitos gols e não deixam o adversário respirar. Um comportamento que podemos disseminar em todo futebol brasileiro.

Sonho europeu

Tiago Nunes diz ter o objetivo de, um dia, morar na Europa. A ideia do treinador é ter um enriquecimento cultural, tendo a chance de aprender outros idiomas. Esse é um objetivo, porém, para o longo prazo.

Soninho

Tiago Nunes e Fábio Carille têm um hábito em comum: ambos são adeptos de um cochilo pós-almoço. O sono era sagrado para Carille no seu período como treinador do Timão, que desligava o celular e não era perturbado nem pelo presidente Andrés Sanchez.

No Athletico, Tiago tinha rotina idêntica: iniciava o trabalho cedo no CT (por volta das 7h30), parava para um descanso depois da refeição, voltava ao trabalho e só deixava o CT à noite.

Primeiro grande clube

Se o primeiro título como treinador foi no Rio Branco, do Acre, o Grêmio foi o primeiro grande clube da carreira, mesmo que na base. Em 2013, ganhou chance de comandar o sub-15 do time gaúcho. No mesmo período, André Jardine, hoje técnico da seleção brasileira sub-23, assumiu o sub-17.

– Tínhamos um banco de dados que era alimentado por colaboradores. O nome do Tiago não estava no meu banco, era no do clube. Foi uma indicação da coordenação técnica. Ele já era um treinador profissional e topou assumir o sub-15. O que muitos viam como um passinho atrás, ele viu como uma impulsão na carreira. Veio sedento para provar que tinha competência. Notei nele que era exatamente o que procurávamos – contou Júnior Chávare, hoje diretor de futebol da base do Atlético-MG e, à época, responsável pela contratação de Tiago no Grêmio.

Naquele, ano, 2013, Tiago Nunes foi campeão do Gaúchão com os meninos, vencendo um Gre-Nal na decisão. Fez parte de uma reestruturação das categorias de base do clube, comandando nomes como Jean Pyerre, hoje no time profissional de Renato Gaúcho.

– Tiago meio que fugia do estereótipo de técnico da base. Sempre bem vestido, com sapatos elegantes, um estilo muito sóbrio, algo natural dele. Treinava o sub-15 como se fosse o time principal. Ele sabe se expressar, é um gestor de grupo. Inteligente, capacitado e workaholic – acrescentou Chávare.

O Grêmio foi marcante novamente para o técnico em 2017. No comando do Veranópolis, fez ótima campanha na primeira fase do Gauchão, considerado o técnico revelação, mas encontrou o Grêmio de Renato Gaúcho nas quartas de final. Uma derrota por 5 a 0 eliminou sua equipe do torneio, mas não apagou o bom trabalho. Pouco tempo depois, acabou contratado para a base do Athletico-PR.


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