Foto: Daniel Augusto Jr.

O centroavante Jonathas não teve o começo que esperava no Corinthians. Contratado por empréstimo do Hannover, da Alemanha, em julho, ele disputou apenas nove jogos e fez um gol. Porém, o jogador de 29 anos acredita que pode dar a volta por cima e projeta um 2019 melhor.



Além das lesões musculares que enfrentou, Jonathas afirma que teve problemas fora de campo e dificuldades para se readaptar ao futebol brasileiro.

Nesta entrevista ao GloboEsporte.com, o jogador faz um balanço da temporada, revela as dificuldades que enfrentou em 2018 e projeta o futuro. Confira:

Como avalia a sua primeira temporada pelo Corinthians?
– Quero passar a todos o que aconteceu comigo, até para os torcedores verem que muita gente não sabe o que aconteceu, julga, fala mentiras sobre mim. Eu já tinha recebido proposta do Corinthians em 2015, quando o Tite era o técnico, a fase era boa, o time estava para ser campeão... Mas eu tinha que fazer o meu pé de meia, precisava continuar ainda na Europa, mesmo com toda minha vontade de voltar ao Brasil. Agora, em 2018, recebi outra proposta e conversei com minha família, que foi toda contra a decisão de voltar. O time estava em desmanche, eu estava há dois meses e meio de férias, chegaria no meio de temporada...

Você acha que isso te atrapalhou?
– Muito! Mas eu falei: quero ir, minha vontade de jogar no Corinthians é muito grande, ainda mais com essa torcida, vou lutar para que dê tudo certo. Cheguei com muita vontade. E isso já aconteceu com todos, quando você quer muito uma coisa, mas chega no final e dá errado. Não adianta passar o carro na frente dos bois, e foi o que aconteceu comigo.

Você estava mal fisicamente?
– Na Europa eu treinava menos do que no Brasil, e paguei por isso. A gente sente o físico quando volta da Europa. Aqui tem jogo três vezes por semana, treinos intensos... Isso é bom, mas para quem está voltando ao país é difícil se habituar.

Além disso, você teve lesões musculares na coxa direita.
– Dei sorte que o departamento médico e os fisioterapeutas do Corinthians são muito bons. Era para ter demorado até mais na recuperação. Teve um momento em que eu estava sentido dores, mas não queria abrir isso para ninguém. Eu sentia dores nos jogos, estava indo, indo... mas não queria falar porque minha vontade era de ajudar, jogar.

Onde era sua dor?
– Era coisa muscular, no mesmo ponto em que machuquei. Quando tratei, melhorei, voltei a jogar e fazia acompanhamento, isso me ajudou.

Você se arrepende de algo que fez?
– Algumas vezes eu estava sentindo as pernas pesadas e quis continuar. Hoje, eu conversaria, pediria para sair, dar uma aliviada. Mas isso tudo tem relação com a vontade que eu estava, queria treinar mais do que todo mundo, fazer mais do que o necessário, isso me prejudicou além do calendário, que foi uma mudança radical para mim.

Você mesmo reconhece que esse seu início no Corinthians foi ruim, certo?
– É logico. Esse rendimento que eu tive foi para esquecer, não foi o que planejei. Mas surgiram mentiras sobre mim, notícias que o Jonathas ganha um milhão, veio aqui para ganhar dinheiro... Eu quero falar que saí da Europa ganhando três vezes mais do que hoje. Não voltei por dinheiro, mas por causa da minha família. Ninguém sabe que perdi minha mãe quando eu estava longe, foi um baque muito grande. Na época eu queria largar o futebol, mas com ajuda da minha família renovei forças, voltei para a Europa e estava indo bem lá. Só que eu tinha o sonho de conhecer meu pai de sangue, estava planejando conhecê-lo nas férias. E aí recebi a notícia de que ele faleceu também.


Quando foi isso?
– Em abril.

A morte do seu pai pesou para você voltar ao Brasil?
– Foi por isso a minha volta, lembrei de todo mundo que estava longe. É claro que também voltei pela força do Corinthians, da torcida, mas foi mais pela minha família. Muitos foram contra eu abrir mão de tudo aquilo, mas eu falei que queria. Quem é mais próximo sabe que eu ganhava três vezes mais. Não vim por dinheiro, mas sim para lutar por títulos e jogar no Corinthians. Isso não tem dinheiro que pague.

Esses problemas pessoais te afetaram?
– Sim. Uma coisa que me abalou muito e ninguém sabe é que dois dias antes da final (da Copa do Brasil, contra o Cruzeiro) minha irmã Gisele tinha sofrido um acidente. Um ônibus atropelou ela, hoje ela está em coma no hospital. Eu queria muito jogar, dar o título para ela. Isso me abalou um pouco, fiquei chateado. Ela está lutando para viver, está em coma ainda.

Isso te desconcentrou?
– Eu nunca deixei de treinar mas, de todas as situações que passei, essa foi uma das mais fortes. Muitos falam que eu estava de corpo mole, má vontade... Como podem inventar uma coisa dessas? Logo eu, que dou a vida nos treinamentos e jogos? Algumas vezes não me saí bem porque estava machucado, mas sempre gostei de treinar, dei a vida para treinar, mesmo quando não estava sendo relacionado. Isso você pode perguntar ao Coelho e ao Fabinho (auxiliares), eu treinava com eles quando o time viajava e eu não ia junto.

No fim do ano, você não ficou nem sequer no banco de reservas com o Jair Ventura. Houve algum problema entre vocês?
– Isso aí eu não quero nem falar, não vale a pena, não quero entrar em assunto com o Jair. Quero esquecer isso, quero agora pensar que eu vou voltar renovado. Carille chegou agora, conhece o Corinthians muito bem, sabe como dar confiança ao jogador. Penso que posso fazer muitas coisas boas com ele.



Mas é importante esclarecer: você tinha um problema físico ou foi uma decisão do Jair não te utilizar?
– Eu estava bem, bem demais, tanto que treinava quando o time viajava. Eu quero fazer essa pergunta também: por que eu não era relacionado? Isso eu não sei te falar até hoje, estava treinando. Foi uma opção do treinador e respeitei, continuei trabalhando.

Você mencionou que o Carille "sabe como dar confiança ao jogador". É disso que você precisa?
– Todo jogador precisa disso, não sou diferente. Jogador só joga com confiança. Se tem confiança, continuidade... E o Carille, pelo que eu vi, é um paizão para todo mundo. Sempre ouvi falar coisas maravilhosas dele também. Não é à toa que o time ganhou tudo quando ele estava no clube.

O que você espera para 2019?
– Estou pensando em um Jonathas renovado. Quero descansar e fazer tudo o que não fiz. Quero que a torcida veja o Jonathas de verdade, que joga e faz gols. Essa torcida merece.

Você quer ficar no clube, então?
– Eu tenho contrato até julho, não cheguei a falar nada com meu empresário sobre sair. Só estou pensando em descansar nas férias e voltar com tudo. Se for para continuar, vou dar o máximo para ser um Jonathas diferente em campo, em todos os sentidos.

O Corinthians quer contratar um atacante para 2019 e negocia com o Diego Tardelli. Essa possível concorrência te preocupa?
– No Corinthians sempre tem concorrência, isso é bom para o time, para o grupo. Quanto mais jogadores tiver, melhor, isso ajuda muito. É lógico que não me preocupa, é uma disputa saudável.

O que o torcedor pode esperar de você?
– O recado que eu quero deixar é que confie e apoie. Eu espero fazer coisas boas, eles vão ver um Jonathas diferente em 2019, sem lesão, que vai lutar para fazer gols e que a torcida do Corinthians está acostumada a ver, com raça, determinação e muitos gols. Penso em estar jogando, os gols vão sair naturalmente. Espero estar renovado no ano que vem.