Foto: Marcos Ribolli

O maior troféu que o Corinthians poderá conquistar no Campeonato Brasileiro de 2018 é a sua permanência na série A do futebol nacional. Esse sonho ficou mais próximo com a vitória da última rodada, mas não dá para relaxar. Com base em estatísticas de edições anteriores, ainda são necessários alguns pontos para tornar-se, matematicamente, livre do rebaixamento.

Uma vez conquistado o objetivo de na próxima temporada continuar na elite do futebol brasileiro, a meta deverá ser a reestruturação da equipe. Desempenhos mais regulares e menos defensivistas fazem parte dos sonhos de seus torcedores, que são rotulados como sofredores, mas que merecem mais alegrias do que somente a conquista do título estadual, que foi o único deste ano.

Particularmente, acredito que o planejamento da próxima temporada deve incluir a definição de uma filosofia de trabalho que defina o Corinthians. Hoje, vejo o time sem estrutura e sem um DNA que possa identificar a sua forma ideal de atuar.

Infelizmente, o futebol nacional não dá condições para que os clubes que têm sucesso permaneçam nesta condição por longo prazo. São raras as exceções de clubes que possuem poderio financeiro para manter seus atletas, sem que a espinha dorsal do time seja prejudicada.

Depois de ser campeão nacional em 2017 o Corinthians foi mais uma vítima desse processo. Perdeu vários de seus jogadores titulares que eram peças importantes no esquema montado por Fábio Carille. E depois, perdendo também o próprio treinador, tentou manter a mesma filosofia com o auxiliar técnico sendo promovido. Em teoria tinha tudo pra dar certo, mas não tinha as peças de qualidade que executassem as funções com a mesma facilidade.

Jair Ventura na prática precisa de reforços em todos os setores do time. Apesar de ter conquistado o vice-campeonato da Copa do Brasil, é preciso ter poderio financeiro para melhorar o nível técnico do elenco. A situação ainda não está totalmente crítica porque sua torcida é realmente “fiel” e continua prestigiando o time, que tem apresentado oscilações significativas de desempenho.

No jogo contra o Vasco, na última rodada, até fez uma boa apresentação, se comparada aos padrões atuais do time no Brasileirão. Iniciou de forma ofensiva, tentando justificar a posição de mandante do jogo e a presença da torcida que lotou a Arena Corinthians.

O meio campo foi criativo na maior parte do primeiro tempo da partida, mas não conseguiu efetivar as chances reais de gol. O Vasco, apesar de suas limitações técnicas se apresentou organizado na segunda etapa e por diversas vezes colocou em risco a pequena vantagem do Timão, no placar.

A impressão é de que toda a equipe passa a ter o rendimento comprometido quando algo foge do planejamento. Bastam alguns erros para desencadear nervosismo coletivo em campo. Assim, o Corinthians de hoje me parece mais um “catadão” que não tem estrutura, nem tampouco, equilíbrio que seja capaz de perdurar por toda a partida.

As decisões do técnico Jair Ventura são equivocadas, em algumas situações. Um exemplo é manter o meia Danilo mais avançado, como centroavante de referência. Ele não é um jogador de velocidade e não está habituado a desempenhar essa função.

Outro ponto negativo é a falta de qualidade na produtividade do meio campo, pois Jadson não está em plena forma técnica, para ser o principal articulador entre esse setor e o ataque. A defesa, que sempre foi um dos pontos fortes do esquema do Corinthians, atualmente tem falhado com certa frequência, tanto com a bola rolando como em cobranças de bola parada.

Esse desequilíbrio pode ser ocasionado por falta de treinamento ou adequação do posicionamento dos atletas. Mas, o fato é que teve melhora significativa quando Jair Ventura assumiu o comando técnico, tanto que conseguiu chegar ao vice-campeonato da Copa do Brasil. Contudo, sempre mostrando que a dificuldade criativa é um de seus principais gargalos.

Retomar a segurança defensiva pode ser um dos principais pontos a ser conquistado na próxima campanha, mas sem reforços ficará difícil. Seguindo o raciocínio de seu presidente, de que reforços devem passar pelo crivo do treinador, talvez a primeira medida seja definir se Jair Ventura permanece ou não, no comando técnico.

Mas, ainda insisto no ponto de que o Corinthians, como qualquer outro time brasileiro, precisa possuir um DNA que deve ser mantido e valorizado, independente da comissão técnica que esteja no comando e replicado por todas as categorias do clube.




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