Foto: Marcos Ribolli
Ainda é cedo para dizer que o Corinthians não vai mais brigar pelas primeiras posições do Campeonato Brasileiro. Mas, diante de três perdas significativas – uma em cada setor da equipe –, é notório que o técnico Osmar Loss terá trabalho bem maior do que o esperado para fazer o Timão render no segundo semestre.
Desde que assumiu o cargo, no fim de maio, Loss teve de lidar com as saídas do zagueiro Balbuena, do volante Maycon e agora do meia (e referência técnica) Rodriguinho, que vai para o Pyramids, do Egito. Sem contar o lateral-esquerdo Sidcley, que teve reposição imediata com a contratação de Danilo Avelar.
Aos poucos, o Corinthians se desmonta e, consequentemente, perde confiança. Foi assim no clássico deste sábado contra o São Paulo, no Morumbi, quando o time até se defendia bem, mas desmoronou emocionalmente depois do primeiro gol sofrido. No fim, derrota por 3 a 1, jogadores de cabeça quente e a constatação de que, hoje, o rival se encontra um degrau acima.
As três perdas representam muito (principalmente Rodriguinho):
Balbuena: capitão em jogos internacionais, líder e orientador da linha defensiva, melhor do setor na bola aérea. Sem ele, por exemplo, o Corinthians sofreu um gol de Anderson Martins de cabeça, em que o zagueiro subiu sozinho quase na pequena área. E esse tipo de lance tende a se repetir enquanto o time não retomar o padrão;
Maycon: homem da saída de bola, de transição rápida ao ataque e chegada na área para finalizar. Sem esse "motor", o Corinthians virou um time lento após a roubada de bola e leva pouco perigo em contra-ataques. Gabriel e Renê Júnior não vivem o melhor momento técnico;
Rodriguinho: o maior problema. Ele é artilheiro (11 gols) e garçom (sete assistências) do Corinthians na temporada. O time perde poder de finalização, precisão no último passe e sua maior arma dentro da área. Se com ele já havia sofrimento no ataque, sem ele...
O "novo" Corinthians começa sua trajetória na próxima quarta-feira, quando recebe o Cruzeiro, às 21h45 (de Brasília), em Itaquera, pela 15ª rodada do Brasileirão. Novo tropeço só fará aumentar a pressão sobre Osmar Loss e sua comissão técnica, ainda inexperientes no profissional.
>O jogo
O Majestoso deste sábado foi dividido em dois momentos, nenhum deles favorável ao Corinthians: antes do primeiro gol, marcado por Anderson Martins, e depois do primeiro gol.
Antes, o Timão adotou a tal tática "traiçoeira" que o volante Gabriel havia mencionado em entrevista coletiva na véspera do jogo. Consistia em dar a bola ao São Paulo, fazer o rival exercer um falso domínio, recuperar a bola e sair em velocidade.
No primeiro tempo até funcionou, com um time bem protegido pelo meio e deixando o adversário atacar pelas pontas, tentando cruzamentos – foram 21 bolas levantadas do São Paulo durante o jogo. Mas, com a bola, o Corinthians foi inoperante. Sem velocidade, sem transição, sem criatividade. Jonathas, isolado na frente, pouco pôde fazer.
No segundo tempo, a defesa que ainda busca a sintonia fina nas bolas aéreas falhou em uma cobrança de escanteio. Anderson Martins fez o gol, e o Corinthians desabou, como se não tivesse mais a possibilidade de reagir e buscar o empate – bem diferente da força mental mostrada num passado recente, em que o gol parecia questão de tempo.
A partir daí, somaram-se o nervosismo e os erros individuais. No segundo gol do rival, Gabriel recua mal, e com certa irresponsabilidade, uma bola que Cássio não consegue alcançar. Melhor para Reinaldo. No terceiro, um chute do mesmo Reinaldo encontra os braços de Cássio, mas o goleiro engole um frango – três dias depois de sua grande atuação de 2018, contra o Botafogo.
O São Paulo, na dele, tocou a bola, fez o tempo passar e irritou o Corinthians. Os lances mais duros renderam sete cartões amarelos aos alvinegros – outra diferença marcante em relação ao passado recente do "competir leal" pregado por Tite e Fábio Carille.
O gol de Jonathas em seu primeiro jogo como titular, nos acréscimos, virou nota de rodapé diante dos problemas. Mateus Vital e Pedrinho, duas alternativas de velocidade, assistiram a tudo do banco de reservas.
Quando Osmar Loss diz que o Corinthians tem que se reinventar em campo, não exagera. E parte dele a difícil missão de manter o time relevante no cenário nacional e internacional neste segundo semestre. Os rivais, aos poucos, vão se distanciando e deixando o Timão para trás...