22/7/2018 14:00

Alfredo Schurig – Fazendinha 90 anos – parte 3

Alfredo Schurig – Fazendinha 90 anos – parte 3
Foto: Divulgação/ Site Oficial

Schurig havia aberto um precedente financeiro do qual seria difícil escapar daí em diante. O Parque São Jorge debruçava-se sobre a prata líquida do rio Tietê. Ouvia-se o canto dos nambus no fim da tarde. Homens de camiseta e calças arregaçadas iam daqui pra lá carregando carrinhos de pedra, areia, cimento, cal virgem, barras de ferro. As antigas instalações mandadas fazer por Abdalla e Sallem estavam sendo remodeladas, modernizadas. Ali seria erguido um estádio de verdade. Atrás da entrada do campo de futebol, os corinthianos construíam camarotes para o público. E as velhas arquibancadas cobertas, na parte dos fundos do campo, iam ser ampliadas.



“Vamos precisar de muito prego, ferro e parafuso aqui!”, disse Alfredo Schurig, entusiasmado. Ele não disse “Vocês vão precisar”. Disse “Vamos precisar”. Schurig tinha acabado de colocar o distintivo do Corinthians no peito da camisa. E estava arregaçando as mangas. Foi eleito conselheiro do Corinthians, com 78 votos, numa assembleia realizada no dia 31 de janeiro de 1938.
“Um médico tão fino, tão conceituado, “corinthiano”! O Dr. Wladimir de Toledo Piza se esbaldava de rir quando ouvia esse comentário da boca dos remanescentes do São Paulo Athletic, do antigo Germânia — que haviam ido fundar o Clube Pinheiros — ou dos associados do Paulistano. O Dr. Wladimir de Toledo Piza era corinthiano, sim. E dos fervorosos. E não somente ele. No outro lado da mesma rua Barão de Itapetininga, funcionava o consultório médico do irmão, o Dr. Alarico de Toledo Piza, com enorme clientela, figura respeitadíssima na cidade. Também corinthiano. A rua Barão de Itapetininga, quem diria, tinha dois médicos corinthianos de truz!

Alfredo Schurig era amigo de Alarico e de Wladimir, dois jovens médicos que gostavam de gravata borboleta e cultivavam bigodinhos elegantes — o chamado “bigode de salão” — higienicamente aparados com navalha espanhola. Alarico e Wladimir eram cultos, e haviam sido criados pelo pai em contato com o povo, estudado no Grupo Escolar do Brás. O pai deles era aquele antigo delegado de Polícia que depois foi ser diretor da Penitenciária do Estado e impressionara um criminalista alemão visitante com uma travessa de mandioca frita. Quantas vezes o delegado, pai de Wladimir e Alarico, não havia dado conselhos, pitos, mas no fim do “sermão” batido nas costas daqueles rapazinhos “corinthianos” que defendiam o Botafogo da várzea do Tamanduateí, e que às vezes quebravam o pau com o adversário!



Schurig continuou ajudando o Corinthians, principalmente nas prestações do terreno. E construíam-se novas dependências no clube para acolher a torcida, que aumentava semana a semana. Era necessário tutu à beça. Em agosto de 1929, Alfredo Schurig deu ao Corinthians mais 15 contos de réis. Outros 15 contos, em setembro de 1929. Mais 2 contos e 800 réis em dezembro de 1929. Por essa época Felipe Collona já tinha feito boa amizade com Schurig — já o tratava por Alfredo. Um , Felipe Collona revelou aos irmãos Toledo Piza uma ideia que vinha ruminando fazia tempo em sua cabeça: “Bom mesmo seria o Schurig ser presidente do clube!”

Alfredo Schurig ouviu a proposta dos três. Não se animou: “Não entendo nada de futebol… Esqueçam”. Mas o estádio da Fazendinha já estava funcionando, atraía um público enorme, e as coisas começavam a mudar profundamente no futebol brasileiro. O amadorismo, ou melhor, a capa do falso amadorismo, estava indo para o espaço. Dinheiro escuso corria por todos os lados. Uns menos, outros mais, os clubes abonados se aproveitavam dos recursos dos cofres para aliciar, reforçar seus times. Propalava-se que alguns resultados eram arrumados com mãos de gato. Tomava-se fundamental reformular a administração do Corinthians, dar-lhe estrutura capaz de encarar os novos tempos que se avizinhavam rapidamente. Dirigir o clube exigia homens que soubessem comandar, organizar, unir. Harmonizar as atividades da agremiação.

“Pouco entendo de futebol”, repetiu Schurig.
“Ajudamos você!”
“Vou pensar. Me dêem um tempo…”

Em novembro de 1930, Alfredo Schurig tirou do bolso 59 contos, 304 mil réis, e os deu ao clube. Em julho de 1931, fez duas doações: uma de 6 contos e outra de 88 contos, 900 mil e 200 réis. Em agosto de 1931, fez outro donativo de cinco contos e mais um de um conto, 743 mil réis. Em junho de 1933 — pouco antes de estourar a grande crise que abalou o clube e a própria boa vontade de Schurig , ele dera ao clube outro auxílio de três contos, 587 mil e 900 réis. Em menos de seis anos , de 1927 a 1933, Alfredo Schurig, que nesse período concordara em ser presidente do Corinthians e assumira o cargo sucedendo a Felipe Collona, desembolsou em favor do clube alvinegro a soma de 227 contos, 375 mil e 100 réis!

Era muito dinheiro. E foi com essa ajuda que o Corinthians cresceu… Se comparado aos justos sonhos dos corinthianos, o estádio do Parque São Jorge é uma obra que ainda está muito aquém da grandeza e importância do clube. Mas nenhuma homenagem é tão justa como ter sido dado ao estádio o nome de Alfredo Schurig.


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