Foto: Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians
Com o recém-contratado Jonathas ainda sem condições de jogar por 90 minutos, o Corinthians terá mais uma vez Roger no comando de ataque nesta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Com dois gols e ainda em processo de conquista em relação aos torcedores do Corinthians, o centroavante revê nesta noite a equipe responsável por voltar a projetar o seu nome para o cenário nacional, onde viveu seu maior drama pessoal e, ao fim de tudo, onde saiu com imagem arranhada.
Um ano em General Severiano
Foram apenas 12 meses, mas Roger e Botafogo viveram uma relação intensa.
Aposta para ser o camisa 9 na Libertadores de 2017 após passagem por vários clubes menores, ele foi um dos líderes do time na marcante campanha até as quartas de final do torneio. Chegou ainda à semifinal da Copa do Brasil e foi o artilheiro alvinegro no Brasileirão. Com 17 gols em 49 jogos, sendo oito em clássicos, caiu nas graças da torcida.
E a conquistou de vez através da filha Giulia, deficiente visual.
Ao conhecerem mais da vida de Roger e da menina, que se emocionou ao poder sentir como foi um gol de seu pai através de um quadro impresso em 3D (em uma reportagem do Globo Esporte), os alvinegros se comoveram. E abraçaram ainda mais o atacante no segundo semestre.
Apoio que se transformou em incondicional quando ele descobriu um tumor no rim. O drama pessoal mobilizou não só botafoguenses, como até rivais em oração. E o atacante foi curado.
– Roger é um amigo que fiz, uma pessoa sensacional. Era um dos nossos líderes. Quando a gente foi eliminado pelo Grêmio na Libertadores, ele fez um discurso muito espontâneo. Nos emocionou e deixou claro que foi um dos melhores grupos da carreira dele. O Botafogo foi o recomeço dele em clubes grandes – disse Rodrigo Lindoso, nesta semana.
Por conta da doença, Roger perdeu os últimos meses de 2017. E o Botafogo sentiu o peso de sua ausência, entrou em declínio no Brasileiro e terminou fora da zona de classificação para a Libertadores de 2018. A fim de mantê-lo, a diretoria abriu negociações para renovar, mas fracassou.
Valorizado aos 32 anos e a fim de conseguir o "último grande contrato" da carreira, Roger chamava a atenção de clubes como Inter e o próprio Corinthians. Com conversas emperradas no Rio – atrapalhadas também pelos meses dedicados ao tratamento –, acabou livre em dezembro.
A lua-de-mel com a torcida terminou, e Roger saiu com a imagem queimada com os alvinegros. Principalmente depois que revelou em entrevista à ESPN que o Botafogo não queria pagar toda a sua cirurgia para a retirada do tumor. O atacante disse que ficou magoado quando o Bota disse que pagaria apenas 50% dos custos.
Na visão da diretoria, o Botafogo não era obrigado a arcar com os custos por não ter sido um problema de saúde fruto das atividades profissionais. Após a polêmica, porém, o Alvinegro acabou arcando com 100% do custo, mesmo a contragosto de alguns dirigentes.
A passagem no Internacional para Roger durou pouco mais de quatro meses. Em abril, recebeu nova proposta do Corinthians e, por ser o sonho de sua vida, pediu a rescisão e aceitou.
Sobre o Botafogo, o jogador diz apenas que é grato por tudo o que viveu em General Severiano, onde deixou muitos amigos. Titular no Timão, faz o seu 13º jogo pelo clube nesta noite.