O assunto futebol de base sempre foi motivo de polêmica no Corinthians. Mal aproveitamento da garotada, vendas precoces ou simplesmente falta de oportunidades são as principais cobranças da torcida. O candidato Felipe Ezabella conta pra nós do TudoTimão quais os seus planos para os "meninos do terrão" e quais serão suas outras prioridades.



Quais são as prioridades assim que você se sentar na cadeira da presidência?
Nós vamos dividir em cinco tópicos importantes. O primeiro é a transparência...

Transparência
Quando a gente fala do clube, nós falamos muito que precisa retomar a questão da credibilidade. Precisamos ter uma gestão muito transparente, com uma governança muito no casco, no sentido de buscar alguma metodologia, entidades certificadoras ou até aquelas regras do pacto pelo esporte, de compliance, governança e transparência. Regras para tentar seguir e gerir o clube para a gente voltar a ter credibilidade. Esses são alguns dos nossos braços.

Categorias de base
A questão das categorias de base a gente tem falado muito, incluindo todos os candidatos, é que precisa terminar o Centro de Treinamento. Não tem como o clube não conseguir termina-lo. Concluindo ele, teremos um centro de excelência assim como ficou nas categorias profissionais (Joaquim Grava). Saiu vários profissionais que o Tite levou para a Seleção, mas aqui ficou com a mesma qualidade ou até mais. A metodologia permaneceu. Possivelmente com a conclusão, podemos ter isso na base também. Agora os moleques estão lá no Parque São Jorge, ficam circulando de um lado para o outro com um monte de empresários, e eu acho que isso até tira o foco deles.

Arena Corinthians
Na questão do estádio, nós dividimos em dois tópicos: O primeiro é enfrentar o nó financeiro entre a Odebrecht e a Caixa Econômica Federal. Tem todo um emaranhado societário, de empréstimo, de operações de empresas, cota mezanino, cota sênior; tudo são coisas que precisamos resolver logo.

Os problemas são grandes?
São problemas grandes, mas é diferente do que as pessoas falam que é impagável. Ninguém sabe qual é o valor, mas fica totalmente fora de cogitação. A gente sabe que a Odebrecht deixou de construir muita coisa. Temos até um parecer prévio da empresa de engenharia, que a construtora não reconhece, que gira em torno de 200 milhões de obras não construídas. E também temos os Cid’s, que apesar de já ter sido vendido uma boa parte, a gente tem ali em torno de 400 a 450 milhões. Vemos sim que é possível um novo acordo com a empreiteira. Uma ideia é passar os Cid’s para a empresa. O ideal é fazer de tudo para que eles saiam da Operação. Com eles saindo, ganhamos muito em credibilidade.

Como eu estava dizendo, o outro problema é fazer o estádio funcionar. Ele foi construído para operar 365 dias no ano, mas funciona apenas nos 40 dias que tem jogos. Tem também aquele tour da torcida, que é legal e tudo, mas ainda sim é muito pouco. Tem que abrir o estacionamento, porque assim teremos fluxo de pessoas, teremos farmácias, supermercados, lojas, lotéricas, até universidades. Enfim, temos que colocar tudo aquilo para funcionar. Eu acredito muito em shows. Quando eu falo em shows, não precisamos concorrer com o Morumbi e o Allianz Parque, no sentido de fechar o campo. Podemos colocar shows menores, como no Anhembi, por exemplo. Também podemos colocar no estacionamento. Então você pode ter mais pessoas para gerar o lucro, sem precisar estar toda a hora refazendo o gramado, nem precisar mandar jogo em outros estádios. Até eventos ligados para a comunidade, como rap e sertanejo.

Você tem soluções para as cativas, camarotes e afins?
Não temos nenhum plano comercial pronto. Nós vimos que eles redesenharam as cativas, reformularam todo o sistema. Por exemplo, o VIP ficou mais barato, porque eles tiraram as comidas que eram destinadas para esses assentos – tudo por causa daquela questão da Odebrecht, que não montaram um negócio bem feito, era estranho. Então agora esse “Vip” é apenas um pouco mais central, com um preço um pouco menor. E quem já tinha pago eles prorrogaram os contratos por mais alguns meses. Essa é uma forma que eles acharam para readequar os preços.
Então acredito que passa por uma nova precificação. De repente é mais interessante ter mais ingressos à preço semelhante aos setores Norte e Sul no Leste, e ir migrando os preços de acordo com a arquibancada. É uma forma de você ter mais ingressos a preços menores, e uma taxa de ocupação maior em todos os setores, fazendo uma média geral em toda a temporada.
Na questão dos camarotes, precisamos ter uma equipe de vendas. É muito difícil para o pessoal que vai tentar comprar ou alugar um camarote. Além da questão do preço, para fechar o negócio o pessoal já reclama muito. Tendo mais facilidades, obviamente que teremos mais camarotes vendidos.
Clube
O último ponto envolve o clube social, principalmente na área do lazer. Por exemplo, não tem wifi no Parque São Jorge. O pessoal reclama muito também das áreas cobertas, as áreas de entretenimento em si. As mulheres também reclamam muito da falta de serviço para as áreas familiares. Enfim, dar uma melhorara na qualidade dos serviços, e também na zeladoria como um todo.
E também temos as partes dos esportes não profissionais lá dentro do clube. Teremos que trabalhar muito com a lei de incentivo. O clube já conseguiu algumas certificações e verbas da CBC. Mas ainda é muito discreto, muito pouco para o potencial que o Corinthians pode atingir. A ideia é dar uma turbinada em tudo isso, para que o futsal, remo e natação consigam esse tipo de verba para fomentar esporte olímpico.