Sólon Tadeu Pereira foi um dos 797 sócios do Corinthians beneficiados pelo desconto de 50% para inadimplentes em campanha realizada pelo clube às vésperas da eleição para presidente, marcada para o dia 3 de fevereiro de 2018. Só que o associado em questão morreu em abril deste ano.
Ex-presidente da Vai-Vai, tradicional escola de samba paulistana, Sólon teve a matrícula regularizada em 1º de dezembro. Segundo o clube, a presença de um morto na lista de eleitores é possível porque "qualquer pagamento pode ser realizado sem a obrigatoriedade de ser pelo titular".
Além disso, por meio de assessoria de imprensa, o Timão comunicou que "não há registros na secretaria que informem o falecimento do senhor Sólon. O clube está apurando esta informação."
– Consta em nosso sistema que sua matrícula encontra-se reativada desde o dia 1º de dezembro deste ano – acrescentou o Corinthians.
Em contato com GloboEsporte.com, Maria de Lourdes, viúva de Sólon, disse não ter informações sobre a reativação do título, mas comentou que seu filho, Marcio Aparecido Pereira, havia pedido a carteirinha do clube há algumas semanas.
– O Sólon era santista, mas aqui em casa a gente sempre foi sócio do Corinthians para frequentar o clube – explicou.
Horas depois, o filho de Sólon procurou a reportagem e deu sua versão sobre o caso:
– Meu pai tinha comprado dois títulos, um familiar e um para mim. Regularizei o familiar, para minha mãe e minha irmã usufruírem, e estou esperando até agora eles localizarem o outro. Eu mesmo fui lá e paguei.
A planilha do Timão apresenta um erro no cadastro do ex-presidente da Vai-Vai. Ele nasceu em 28 de dezembro de 1948 e não no dia 25, como consta nos arquivos. Segundo os dados do clube, Sólon se associou em 13 de dezembro de 1987.
A campanha de desconto para reativação de sócios gerou polêmica e acusações de compra de votos no Corinthians. Em áudio enviado a um grupo de WhatsApp no último dia 3, o secretário geral do Corinthians, Antônio Jorge Rachid Júnior, prometeu regularizar sócios em troca de votos. Candidato à presidência alvinegra, Paulo Garcia admitiu ter feito pagamentos.
Na última segunda-feira, entretanto, a comissão eleitoral do Timão decidiu proibir os sócios reativados com desconto de participarem da eleição do clube, que definirá o presidente e os 200 membros do Conselho Deliberativo dos próximos três anos.