29/11/2017 08:47

Segredos do hepta: Carille detalha o Corinthians e revela rival mais temido

Veja todos os bastidores do título brasileiro; técnico explica a montagem do Timão campeão

Segredos do hepta: Carille detalha o Corinthians e revela rival mais temido
Como é formado um time campeão brasileiro? Para responder a essa pergunta, que parece simples, mas exige uma explicação complexa, o técnico do Corinthians, Fábio Carille, recebeu a reportagem do GloboEsporte.com no edifício onde mora, na Zona Leste de São Paulo



Durante cerca de 1h30, o comandante alvinegro detalhou a montagem do elenco, contou bastidores da campanha, apontou jogos perfeitos (ele quer até um DVD com eles!) e revelou qual era o perseguidor que mais lhe preocupava durante o campeonato.

Com papel e caneta em mãos, ele desenhou as formações táticas utilizadas, explicou as mudanças que fez durante a equipe e também mostrou as frases que guiaram o Corinthians ao heptacampeonato.

Os reforços
O planejamento do Corinthians para 2017 começou sem a presença de Carille. Nas primeiras reuniões para tratar do assunto, ainda no fim de 2016, era Oswaldo de Oliveira, então técnico do Timão, que discutia com a diretoria os jogadores que poderiam chegar e sair do elenco.

Então auxiliar, Carille deixou o clube uma semana antes do fim daquela temporada para realizar um curso na CBF, no Rio de Janeiro.

Em 22 de dezembro, porém, tudo mudou. Sem sucesso na tentativa de contratar o colombiano Reinaldo Rueda e outros nomes cogitados, o Corinthians efetivou Carille como treinador.
Alguns reforços já estavam acertados, enquanto outros foram pedidos pelo novo comandante. Veja:



Para a chegada de Jadson, inclusive, Carille fez pressão extra:
– Ele foi um jogador que eu incomodei a diretoria porque sabia da qualidade, já tinha trabalhado um ano e meio com ele, sabia que daria um toque diferente, um passe, bola parada... Ele dá ritmo, para o jogo, desacelera, dá um passe para trás... Você fica com a bola, e eu gosto de a equipe ter posse. A dúvida era trazer ele por dentro ou por fora, até pela idade e por estar vindo de um futebol menos competitivo – contou.

O esquema
Pela experiência vivida em 2016, quando o time sofreu muitos gols, Carille sabia que precisava fazer uma primeira linha sólida com quatro defensores e não podia escalar um meio-campo 100% técnico.

Era preciso ter um volante de contenção, bem ao estilo Corinthians. Alguém como Ralf, Gilmar Fubá, Amaral e Zé Elias. A entrada de Gabriel na equipe, portanto, era desde cedo uma ideia.

Herança de Tite, o esquema começou no 4-1-4-1. Na segunda linha de quatro, Carille iniciou apostando nos velozes Marlone e Romero abertos pelos lados. Por dentro, queria um jogador mais meia e outro mais segundo volante. Rodriguinho e Camacho saíram na frente dos demais.



Logo nos primeiros jogos do Paulistão, porém, quando o time oscilava, Carille percebeu que não estava dando certo. Jô, única referência do ataque, ficava muito isolado. Aos poucos, o esquema passou para o 4-2-3-1, liberando o meia central (Rodriguinho) para encostar no centroavante. O time deu uma rápida resposta.

Por conta de uma fatalidade com o pai de Camacho, que perdeu uma sequência de jogos, Maycon ganhou a vaga de segundo volante. E Jadson, principal contratação do início do ano, entrou na função de meia aberto pela direita. Com Romero cumprindo sua função tática por um lado, o camisa 10 teve muita liberdade para ir à frente.

Campeão paulista e invicto no primeiro turno do Brasileirão, o Timão só foi mudar na reta final, quando Camacho substituiu Maycon para qualificar o passe e Clayson, que vinha resolvendo jogos na segunda etapa, tomou a vaga de Jadson diante da queda de rendimento.



O perseguidor
Líder desde a quinta rodada, o Corinthians teve o Grêmio como principal concorrente na briga pelo título por mais tempo. Já o Palmeiras foi quem esteve mais próximo de ameaçar o domínio alvinegro, já que ficou a cinco pontos do Timão antes do confronto direto, na 32ª rodada, em Itaquera.

No entanto, não foram estes dois clubes que mais preocuparam Carille durante a campanha do hepta. O rival mais temido era o Santos, que nunca esteve a menos de seis pontos do líder Corinthians. Carille explica o motivo disso:

– É uma das equipes que menos tomaram gols na competição e com poder ofensivo forte, jogadores que decidem: Lucas Lima, Ricardo Oliveira, Bruno Henrique, Copete... E tem a bola parada sempre boa. Era a equipe que mais me trazia preocupação, pela força na Vila Belmiro, pelos jogadores qualificados na frente e por estar sofrendo poucos gols.

Jogos perfeitos
Dois jogos no Brasileirão ficaram marcados como as finais antecipadas do Timão no torneio:

A vitória sobre o Grêmio por 1 a 0, em Porto Alegre, em junho;
E a vitória por 3 a 2 contra o Palmeiras, na reta final, em Itaquera.

Apesar de festejar os resultados e seus significados, não são esses os jogos preferidos de Carille na temporada. Para o técnico, são três as atuações perfeitas da equipe. Aquelas em que a comissão técnica fez um planejamento, os atletas executaram com perfeição e a vitória foi incontestável:

Os 3 a 0 contra a Ponte, em Campinas, no primeiro jogo da final do Paulistão;

Os 2 a 0 contra o Palmeiras, na casa do rival, em julho, no Brasileirão;

E os 2 a 0 contra o Atlético-MG, no Mineirão, em agosto, no Brasileirão.




– São jogos que eu quero ter o DVD e guardar quando for embora do Corinthians.

Os lemas



Carille reproduziu numa folha de papel as três coisas que mais cobra de seus jogadores e que estão diariamente escritas nos seus quadros táticos no CT ou nos vestiários antes das partidas:

Comprometimento, acerto de passes e concentração.

Para Carille, um atleta comprometido é o que entende a ideia de jogo coletivo da equipe. E que, quando necessário, toma a frente para cumprir o papel de um companheiro voluntariamente.

– Para fazer um gol, Arana e Fagner vêm cruzar quantas vezes?

Por que para defender esses caras não podem ajudar? Tivemos lances de Marquinhos Gabriel trabalhando como lateral-direito no lugar do Fagner. Isso é o comprometimento, saber o papel que você tem dentro da sua função e também a importância de ir cobrir um companheiro.



O técnico acredita que a equipe teve esse comportamento durante todo o primeiro turno e, depois, por um relaxamento natural, acabou perdendo alguns hábitos. E ganhando outros bem irritantes:

– Como ficar lamentando quando perde a bola. Trabalho isso muito. O cara erra e fica com a mão na cabeça, pensando... Não! Corre atrás e tenta roubar. Mostro vídeos para eles verem isso.

Neste contexto, o erro de passe é imperdoável para o treinador.

Não o buscado por meias como Jadson e Rodriguinho, que precisam ousar para tentar encontrar um mínimo espaço na criação e às vezes são interceptados, mas os feitos sem precisão por desleixo.

– O que me incomoda é o passe simples. O meia tem que tentar o lançamento, o passe para gol. Se de seis ele acertar duas, está ótimo, dou liberdade para que os meias tentem. Agora o passe de quatro metros, cinco metros...

Por fim, Carille pede concentração a seus jogadores. Algo que afetou o time no segundo turno...

A crise
Depois de bater recordes na primeira metade do Brasileirão, tendo terminado invicto, o Corinthians teve queda de rendimento e chegou a ter a pior campanha de um líder no returno.

Ao final da 31ª rodada, quando perdeu para a Ponte Preta por 1 a 0, o Timão vinha de quatro jogos sem vencer e estava entre os últimos colocados do campeonato – se considerada apenas a pontuação do segundo turno.



Carille buscava, mas não encontrava soluções. O técnico conta que passou a buscar vídeos e pediu dados aos fisiologistas e preparadores físicos. Os índices não mostravam queda de rendimento nos treinos, mas o comandante alvinegro admite que houve relaxamento do grupo.

Questionado sobre excesso de baladas ou clima de oba-oba, ele não descartou:

– Teve de tudo um pouco. No segundo turno, além de ter perdido um pouco o comprometimento e a concentração, é natural do ser humano dar aquele relaxamento... Talvez até eu. Será que eu deixei de fazer alguma coisa? Será que deixei um pouquinho mais solto?

Porém, o treinador é enfático ao dizer que não cogitou nenhuma mudança brusca na estrutura:

– Eu tinha mais certeza do que tinha feito até ali do que se fosse mudar. Será que daria certo? O treino engana muitas vezes. Muitas trocas podem trazer insegurança aos atletas – ressaltou.

A arrancada
Tudo começou numa semana tensa. Após perder para a Ponte Preta no domingo, o Corinthians corria o risco de ser superado pelo Palmeiras em caso de derrota no Dérbi, no outro domingo.

O estresse diminuiu com o empate do rival com o Cruzeiro no jogo de segunda-feira, que deixou a distância em cinco pontos. Ou seja, mesmo com derrota no clássico, nada estaria perdido.

Taticamente, duas mudanças: saíram Jadson e Maycon para as entradas de Clayson e Camacho.



Sobre o Camacho, senti nosso meio errando bastante. A culpa era do Maycon? Não, era do time. Mas fiz uma mudança para procurar melhorar isso. E o Clayson já vinha pedindo passagem. Ele tem essa característica de sair em velocidade e receber essa bola.

Mas é um jogador que dificilmente termina jogo pela questão física. Ele está passando por um processo para aguentar 90 minutos. Tinha essa dúvida de iniciar com ele – explicou o técnico, que apostou na mudança
Um dia antes do clássico, 32 mil pessoas foram dar o seu apoio aos jogadores num treino aberto na Arena. Energia fundamental que Carille agradeceu no mesmo dia, em cena marcante:

– Jogaram o microfone na minha mão. Falei: "Vocês estão falando sério?" Procurei alguém para passar e todo mundo saiu de perto.

Vai ter que ser comigo mesmo (risos). Não tinha nada programado, mas foi uma emoção muito grande. Quando falei bom dia, foi um barulho tão grande que quase não consegui falar nada. São coisas que marcam.



No dia seguinte, 46.090 pagantes registraram o novo recorde da Arena e viram a vitória por 3 a 2 sobre o maior rival, em jogo que retomou a confiança do grupo e levou o Corinthians ao caminho do título.

Dali, a equipe venceu Atlético-PR (com gol de Giovanni Augusto), Avaí (com gol de Kazim) e Fluminense (de virada). Hepta conquistado em Itaquera.

Um título com cara de Corinthians. Com cara de Carille.


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