10/10/2017 10:12

Irmão falecido de Jô começou no Corinthians e tinha o mesmo estilo do centroavante

Conheça a história de Jean, que apareceu na base do Timão, rodou pelo interior e teve a vida interrompida em um acidente de trânsito

Irmão falecido de Jô começou no Corinthians e tinha o mesmo estilo do centroavante
Há fotos de Jô espalhadas por quase todos os cômodos na casa de Dario e Tânia, pais do atacante: com as camisas de Corinthians, Atlético-MG, Manchester City e, claro, Seleção Brasileira.



Há também pastas com fotografias antigas e recortes de jornais, troféus, medalhas, ingressos de jogos em que ele atuou e até um fax impresso com sua primeira convocação pendurado na parede.
Em pouquíssimo volume, mas guardadas com saudade, estão as recordações sobre a curta carreira de outro jogador da família: Jean, o filho mais velho do casal, que faleceu há 15 anos.

– Ele não teve a mesma sorte que Alvinho – afirma seu Dario, em visita do GloboEsporte.com.

Alvinho, como é conhecido Jô na intimidade de sua família, tinha no irmão cinco anos mais velho um espelho. Um acidente automobilístico aos 20 anos, porém, interrompeu a carreira de Jean.

– Perdi um companheiro de vida, que me tratava como um filho, já que ele se preocupava muito comigo. Foram momentos difíceis. Depois que ele faleceu, só fortaleceu a minha vida. Está sempre em minhas orações, nos meus pedidos antes das partidas. Sempre peço a ele e isso me dá uma força a mais para poder fazer meu melhor. Todas as coisas boas que conquistei no futebol foram dedicando a Deus e a ele, consequentemente – disse Jô, sobre o irmão, em 2013.



Na descrição de quem conheceu Jean, ele era como Jô: alto (tinha quase 1,90 m), magro e com passada larga. Cria do terrão, surgiu como ponta-direita. Mais tarde, virou zagueiro.

No Corinthians, fez parte da geração nascida em 1981 que teve em Ewerthon, atacante campeão paulista em 2001, seu maior nome. O grande parceiro na primeira passagem, na equipe dente de leite (entre 10 e 11 anos), foi o ex-volante Rodrigo Pontes, que esteve no profissional entre 1999 e 2002.



Quem me fez entrar no Corinthians foi o pai deles, a quem sou muito grato. Nosso início de trajetória foi igual, fomos muito amigos.

Ele acabou saindo cedo do Corinthians, mas achei que íamos nos encontrar mais na frente, o que acabou não acontecendo pelo acidente. Antes do Jô, Jean era a bola da vez da família. Quando ele saiu, acabou rodando por clubes de menos expressão e o foco maior passou a ser o Jô, que começava no clube – conta Rodrigo Pontes.

A saída do Corinthians foi bastante marcante para Jean. Considerado franzino demais pelo treinador, não foi inscrito num campeonato ao lado dos amigos e se abateu. O pai, que tentou ser jogador de futebol antes de virar taxista, levou o garoto para fazer avaliações em outros times. Por alguns anos, rodou por clubes como Juventus, Santo André, Lemense e Portuguesa Santista.

Se o sucesso não vinha com a rapidez esperada nos gramados oficiais, na várzea, Jean se destacava. Na Cohab Teotônio Vilela, em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, vestia as cores do 45 FC.

– Ele gostava muito de jogar na várzea. Quando vinha para casa num fim de semana, era para lá que ia. Nem precisava levar chuteira, arranjavam para ele. Já o Jô nunca foi muito fã, já que desde pequeno jogava em bons campos na base do Corinthians. Não era a dele – explica seu Dario.



o início dos anos 2000, a cidade de Leme, no interior de São Paulo, foi o destino de Jean. Por lá, trabalhou com Marcelo Veiga, que, na época, iniciava a sua carreira como treinador.

– Jean tinha um estilo bem parecido com o do Jô, era alto, um jogador de referência. Chegou ao clube como atacante e tinha boa técnica, achava que teria um futuro legal. Uma pena a morte precoce, era um baita moleque – recorda-se Veiga.

Magoado com o Corinthians por não ter sido bem aproveitado no início, Jean ainda voltaria ao Timão. Mas não como atacante. Em 2001, defendendo a Portuguesa Santista, fez um jogo improvisado como zagueiro contra o Flamengo de Guarulhos, marcou um gol e se destacou.

Nas arquibancadas, olheiros do Corinthians se interessaram pelo beque. E se surpreenderam ao saber que aquele era "o irmão do Jô", garoto que já despontava na base alvinegra.

– Vocês não quiseram ele quando era de graça, agora vão ter que pagar – disse seu Dario aos olheiros, ciente que o filho torcedor do São Paulo ainda não havia superado a forma como havia sido descartado no Parque São Jorge.



O acordo foi fechado e um contrato de uma temporada acabou firmado para que ele atuasse pelo Corinthians B, time que havia sido criado um ano antes para disputar as divisões de acesso do Paulistão e dar rodagem a jovens atletas.

Em 2002, com Jean, a disputa era pela série B-2 (a Quinta Divisão do futebol paulista, na época). Um problema no púbis e situações extracampo atrapalharam sua sequência nos primeiros meses.

– O time teve um problema com o treinador que recebia propina para escalar outro atleta, e Jean quase não jogou. Às vezes, o Corinthians B fazia jogo-treino contra quem não estava atuando no time principal. Ele anulou aquele El Tanque (Santiago Silva) num treino. E teve uma vez que fizeram um jogo contra o juvenil, que já tinha o Jô. O moleque deu trabalho para o irmão – lembra-se o pai.



Para a família, ter dois filhos no Corinthians, time em que seu Dario jogou na base nos anos 60 ao lado de Wladimir, era um motivo de enorme alegria. Em 10 de agosto de 2002, porém, um acidente fatal colocou fim nos sonhos de vê-los juntos no profissional. Ao voltar de uma festa dirigindo, de madrugada, Jean bateu seu Fiat Uno na Avenida Aricanduva, na Zona Leste, e faleceu por conta da fratura no pescoço. Os três amigos que estavam com ele no carro sobreviveram.

A família soube da morte de Jean na manhã de sábado, enquanto Jô se preparava para enfrentar o Mogi Mirim, pelo time juvenil. O enterro aconteceu no domingo, Dia dos Pais.

– Jô era novo, não entendeu direito ali as consequências de tudo aquilo. Com o tempo foi sentindo mais. Hoje, sempre fala do exemplo que tinha no irmão. Jean era um cara muito família, agarrado no pai e na mãe. No futebol, foi um lutador – diz o pai.
Rodrigo Pontes guarda até hoje na memória as palavras ditas pela avó dos amigos durante o dia de sábado, quando correu para a casa da família para ampará-los naquele difícil momento.

– A avó dele (Bernardete) pegava na minha mão e dizia: "Filho, ajude o Alvinho a chegar ao profissional". Eles sabiam da falta que o irmão ia fazer para o Jô – conta Rodrigo Pontes.

Menos de um ano depois, em 19 de julho de 2003, Jô se tornou o jogador mais jovem a vestir a camisa do Corinthians num jogo profissional, na vitória por 1 a 0 sobre o Guarani, no Brasileirão.

Tinha 16 anos, três meses e 29 dias. Em 24 agosto daquele ano, virou também o jogador mais precoce a marcar um gol, ao deixar o dele na vitória por 3 a 1 sobre o Internacional. Vendido ao CSKA da Rússia, em 2005, voltou neste ano para se tornar o artilheiro do time na temporada, com 20 gols.


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