Corinthians e São Paulo se enfrentam no Morumbi neste domingo, pelo Campeonato Brasileiro, em meio a um momento conturbado nos bastidores dos dois clubes no que diz respeito ao setor de captação.



De acordo com o que apurou a reportagem, o Corinthians montou neste ano um departamento de captação de talentos para as categorias de base, que funciona com gente espalhada por diversas regiões do país para observar jovens jogadores desde muito cedo.

Uma etapa deste processo foi a contratação de Ricardo Oliveira, olheiro que trabalhava para o São Paulo e que aceitou a proposta de ir trabalhar no clube rival por acreditar se tratar de uma oportunidade de carreira melhor.

Além dele, o clube também contratou outros profissionais para o setor, como os ex-jogadores Gilmar Fubá, Pingo e Baiano. O olheiro Marco Antônio completa o time de observadores. No total, são oito profissionais no setor, sendo cinco captadores, dois técnicos e um coordenador.

Não era costume do Corinthians ter captadores dessa forma, que viajam aos torneios de base do país em busca de promessas. A iniciativa tem sido bastante elogiada, pois veio para substituir velhas "manias" do clube, como indicação de jovens por parte de antigos conselheiros.

Vale citar que quem tem dado as cartas no setor são os ex-jogadores Yamada, coordenador geral, e Marcio Bittencourt, observador técnico.

No entanto, de forma repentina, acontece que o Corinthians também decidiu demitir o seu coordenador de captação e homem à frente desse projeto: Alysson Marins, que estava no cargo havia quatro anos, foi mandado embora na quinta-feira.

A motivação por trás da demissão foi política, segundo verificou a reportagem. Algumas pessoas com influência nos bastidores, a alguns meses de novo pleito para a presidência do clube, que passará por eleições em fevereiro, eram contra a permanência dele.

O ex-presidente Andrés Sanchez deve concorrer, além do ex-dirigente Roque Citadini.

Procurado pelo ESPN.com.br, Marins não quis se pronunciar para falar sobre sua saída do Corinthians. Disse apenas que é grato ao clube pelo período em que lá esteve.

Por outro ponto de vista, o momento do setor de captação são-paulino também vive período instável.

Pelos lados do São Paulo, segundo apuração da reportagem, Ricardo Oliveira não foi o único olheiro a sair: Marcelo Gomes, outro captador que era bem conceituado em Cotia, pediu demissão nos últimos dias alegando problemas particulares.

A perda de dois olheiros é um sinal de como as coisas parecem estremecidas no São Paulo. Segundo informações que chegaram, o clima ao redor do departamento não é dos melhores atualmente.

Conforme fontes do clube disseram à reportagem, existe certa resistência interna com relação a Rodolfo Canavesi, gerente de futebol de base do clube.

Tudo porque ele não foi jogador de futebol, o que desperta desconfiança por parte de ex-boleiros que ocupam outros cargos no departamento de captação ou em outras áreas do time do Morumbi. Apenas como exemplo a citar, Pita é um dos ex-jogadores que faz parte da área.

Esse tipo de "ciúmes' é comum nos bastidores de clubes de futebol no que diz respeito a profissionais considerados estudiosos em contraste com funcionários que ex-atletas, ou até mesmo futebolistas que ainda jogam.

Apesar de não ser ex-jogador, Rodolfo é considerado de perfil com traços de gestor e de currículo indicado para o cargo que ocupa, segundo fontes internas. Mesmo assim, há quem tenha o pé atrás apenas pelo fato de ele jamais ter atuado profissionalmente como jogador.

Apenas para efeito de comparação, quem costuma enfrentar esse tipo de situação nos clubes é o filho do técnico Dorival Júnior, que trabalha com o pai. Isso ocorreu no último clube do treinador, o Santos, por exemplo, no que contribuiu para o relacionamento interno ruir e foi um dos pontos considerados importantes para a sua demissão.

Em meio a esses cenários, de certa forma, conturbados, São Paulo e Corinthians medem forças no Morumbi neste domingo de manhã.