Aos 20 anos, Carlinhos tem dentro de casa os exemplos ideais para manter o foco na carreira e brilhar com a camisa do Corinthians. Depois de sua estreia como profissional, na derrota por 1 a 0 para o Atlético-GO, em Itaquera, o centroavante sonha com novos voos no Timão.



Nascido em Jaú, interior de São Paulo, Carlinhos é hoje a maior esperança de uma família que já teve tudo para dar certo no futebol.

Carlos, o pai, foi atacante em clubes amadores de Jaú, mas nunca se tornou profissional;

Juninho, irmão, foi meia e também não vingou como profissional;

William, outro irmão, foi volante, jogou em clubes como o XV de Piracicaba, mas encerrou a carreira precocemente.

Os motivos para os familiares não vingarem? Álcool, noitadas e decisões erradas...

– Tenho exemplos dentro de casa mostrando que álcool e futebol não combinam. Meu pai foi um craque de bola, mas não virou por causa de bebida. Tento seguir o exemplo que ele me passa. Álcool e drogas com futebol: não compensa. Ele deveria ter sido profissional, não foi porque bebia muito... Mas na minha cidade, em Jaú, todo mundo fala: se for igual ao seu pai dentro de campo, vai dar certo – contou o atacante.

Com bom humor, Carlinhos ouve cada ensinamento dos mais velhos para não cometer os mesmos equívocos. Com William, um dos irmãos, o problema foi outro:

– Minha família inteira é de jogadores. Esse meu irmão teve problemas com noitada, mulherada, acabou não virando. Ele agora tem cinco filhos.

Ele ia do XV de Piracicaba para o Flamengo, acabou não dando certo por causa de tudo isso. Vai fazer 31 anos. Jogava bem para caramba.

Todos os meus irmãos jogavam muito, mas ele engravidou bastante gente (risos). De Natal, tenho de gastar dinheiro para caramba. Se não der presente para todo mundo, dá m...

Em conversa com a reportagem do GloboEsporte.com realizada antes de sua estreia, Carlinhos detalhou os conselhos do pai, que hoje é pastor evangélico, e falou sobre suas metas pessoais. A primeira já foi colocada em prática: uma casa nova para a mãe, dona Luzenilda. No Corinthians, seu principal conselheiro é um goleiro: Cássio. O melhor amigo? Pedrinho, outra joia da base.

Cobranças do pai
– Só tenho de agradecer por ter uma família igual a essa. Meu pai às vezes é chato, cara. Como ele deveria ter sido profissional, não foi porque bebia muito... Mas na minha cidade, em Jaú, todo mundo fala: se for igual ao seu pai, vai dar certo. Porque dizem que ele era craque de bola. Se eu erro um domínio, uma cabeçada, um chute, ele fala demais. "Se fosse eu, dava um tapa lá na gaveta". Então é só ele colocar a chuteira e jogar (risos). Ele fala isso porque entende mesmo de bola, é um exemplo para mim. É meu porto seguro, meu herói.

Principal conselheiro no Corinthians
– Cássio. Apesar de ele ser goleiro... Ele, o Walter, eles me cobram muito. Quando eu erro o gol em treino de finalizações, ele dá dicas, fala para atacar a bola, chutar de frente, fala para eu usar minha velocidade. Além de excelentes profissionais, me dão essas dicas. Fora Jô, Bastos, Jadson, Gabriel, Arana, que é meu parceiro... Sempre bom ouvir esses caras. Mas o Cássio sempre está no meu pé. Quando eu erro, ele pode estar lá no outro gol que grita. Gosto muito dele. Gosto de todo mundo aqui, mas o Cássio... O Vilson também, sempre me ajuda.

Pressão no profissional
– Eu entro para jogar. Sei jogar bola, tenho potencial, e tento colocar isso em prática. Não importa se tem uma ou 90 mil pessoas no estádio. Eu, particularmente, entro para mostrar o dom que Deus me deu. Não tenho esse negócio de pressão, gosto de jogar futebol, de entrar e fazer gols. Eu lido assim. É como meu pai fala: “Entra, joga, e depois vê o que está acontecendo”. Primeiro é concentrar em jogar bola, depois vê ao redor.

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Metas com a família
– Minha família depende de Deus, depois de mim. Eu tenho uma responsabilidade. Minha mãe trabalhava de empregada doméstica antes, passou por humilhações. Falei para ela que um dia pararia de trabalhar. Às vezes eu chegava em casa, via ela chorando. Saía 6h da manhã e chegava em casa às 22h. Ela foi uma guerreira para nos sustentar. O dinheiro que aparecesse para mim, daria uma casinha para ela. Morávamos mal. Agora consegui dar uma casinha para ela. Não é boa, não é grande coisa, mas consegui, e ela ficou muito feliz. Esse primeiro sonho eu consegui realizar, agora espero mais e mais.

Amizade com Pedrinho
– O Pedrinho é um craque de bola. Somos tipo irmãos, nos falamos direto, moramos perto. Quando ele vai comer, me chama também. Ainda não cheguei a comer hambúrguer com ele. Minto, fui com ele uma vez. Ele que pagou, fez a boa (risos). Um irmão para a vida toda. Fiquei muito feliz por ele, pelo gol que ele fez (contra o Patriotas, pela Copa Sul-Americana). Sempre falo para ele continuar assim. Ele não vai deixar escapar as oportunidades. Somos parceiros demais.