O ex-técnico do time sub-17 do Corinthians Marcio Zanardi negou, em entrevista à ESPN Brasil, envolvimento seu e de seu pai em escândalo nas categorias de base do clube alvinegro noticiado nesta sexta-feira pelo site “Globo Esporte”. Segundo a denúncia, Wilson Zaponi, pai do treinador, negociou suborno com o pai de um atleta para influenciar em escalação em divisões inferiores.



Em áudio, David Lopes Rodrigues, pai do jogador Felipe, então na equipe sub-17 do Corinthians, conversa com “Carlos”, que seria um pseudônimo usado por Zaponi, segundo a reportagem. Na conversa, que acontece no Rio de Janeiro, ele pede R$ 50 mil para que o jogador tivesse mais chances.

A reportagem publica um comprovante de depósito de R$ 20 mil feito pelo pai de Felipe a Zaponi. Segundo Zanardi, porém, seu pai vende terrenos, e o dinheiro, garante ele, não teve a ver com futebol. “Meu pai é uma pessoa idônea, um empresário, uma pessoa independente com a vida estabelecida financeira. Uma pessoa honesta. Envolveram meu pai num escândalo sem escrúpulos. Estou indignado.”

“(Meu pai) vai buscar no extrato, como foi, quem fez. É do interesse dele. Realmente apareceu um depósito, mas fica pejorativo, fica no ar, você joga e não sabe o que é. Isso não se faz”, completou.

Felipe, o jogador pivô do escândalo, já havia protagonizado outra polêmica na base do Corinthians, já que foi um dos jovens reprovados em avaliação técnica pelo próprio Zanardi e que, mesmo assim, teve contrato assinado com o clube, conforme noticiado pelo portal “UOL”, em abril deste ano.

Zanardi também enviou aos canais ESPN o relatório em questão, que mostra avaliação “ruim” em 10 de 13 quesitos e outros três apontados como “regular”. O ex-técnico do Corinthians, demitido em novembro de 2016 e hoje no sub-20 da Portuguesa, disse que dispensou Felipe, mas depois ficou sabendo que, por “ordens de cima”, ele retornaria ao time comandado pelo treinador.



Este atleta já chegou ao grupo dizendo que estava contratado pelo Fábio Barrozo (ex-gerente da base), sem passar por nenhuma avaliação técnica minha ou da captação. Atleta sem condições técnicas de fazer parte da categoria sub-17", escreveu Zanardi no relatório, no qual também se lê que ele foi indicado pelo conselheiro alvinegro Manoel Evangelista, conhecido como Mané da Carne.

“Agora entendo por que fui mandado embora. Vetei o atleta, mandei embora, mandei o relatório. Esse atleta chegou ao grupo dizendo que estava contratado pelo gerente Fabio Barrozo, atleta sem condição, indicado pelo senhor Mané da Carne. Tem tudo na ficha. Como vou mandar o atleta embora e depois ser pivô de uma negociação do meu pai de dinheiro? Somos sérios”, disse Zanardi à ESPN.


Estou extremamente chateado, principalmente, por envolverem meu pai. Quando mandei esse atleta embora, o José Onofre (ex-diretor da base) me chamou e disse que recebeu ordens de cima: ‘Vou ter que fazer contrato, e ele vai ter que fazer parte do grupo’. Aí me ligaram do Globo Esporte: ‘Como manda embora, e o diretor faz o contrato?’ Pergunta para o diretor. No meu time, joga quem é o melhor, e eu mandei o jogador embora”, acrescentou o treinador.

Marcio Zanardi foi demitido no último mês de novembro em meio a um grande processo de reformulação na base do Corinthians, após a chegada do diretor Fausto Bittar Filho.

“Dediquei minha vida pelo Corinthians e não entendi porque fui mandado embora. Hoje, dia 28 de julho, entendo: mandava atletas embora, não tinha rabo preso. Mandavam jogador para mim, era bom, fica; era ruim, segue a vida”, encerrou Zanardi.