Nos dias que antecederam o confronto contra o Corinthians, no Allianz Parque, a diretoria do Palmeiras trabalhava arduamente para contratar o meia Diego Souza, do Sport, para reforçar o elenco alviverde, que já é um dos mais valiosos do país. Esse episódio exemplifica bem as diferenças entre os rivais desta quarta-feira pelo Brasileiro.



A quantidade de jogadores que chegaram ao Palmeiras nos últimos anos é uma marca da era Crefisa/FAM. A patrocinadora não poupa esforços para fortalecer o time. Em 2017, trouxe 13 e investiu cerca de R$ 80,7 milhões, o que motivou até brincadeiras na própria torcida. Muitos alviverdes debochavam dos rivais ao verem nomes como Borja, Guerra, Felipe Melo, Michel Bastos serem anunciados. Diziam que, com tantos atletas, seria possível fazer um time por torneio.

Além dos citados, chegaram: os zagueiros Antônio Carlos e Juninho; os laterais Mayke e Fabiano (estava emprestado em 2016 e foi comprado neste ano); o volante Bruno Henrique; os meias Hyoran e Raphael Veiga; os atacantes Keno e Willian.

Passados cinco meses, contudo, a situação atual não permite tantas brincadeiras. O time alviverde já mudou de técnico uma vez, fracassou no Paulista e faz uma campanha com altos e baixos na Copa Libertadores. No Brasileiro, a equipe é a quinta colocada, com 19 pontos. Há dois meses no cargo, Cuca ainda não achou a melhor formação e repetiu a escalação apenas duas vezes. Por isso, a vinda de 13 reforços parece não ser suficiente - a ponto de a diretoria buscar mais atletas.

Do outro lado, o Corinthians tem lidado desde o início do ano com um cenário mais modesto. Com problemas financeiros, a diretoria investiu cerca de R$ 11,5 milhões em contratações em 2017. Vieram oito jogadores até agora, dos quais cinco não tiveram qualquer custo de transferência.

Chegaram o zagueiro Pablo; os volantes Gabriel, Paulo Roberto e Fellipe Bastos; o meia Jadson e Clayson; e os atacantes Jô e Kazim.

A situação causou preocupação em muitos alvinegros. Já irritados com a campanha decepcionante no Brasileiro-2016 (sétimo lugar), muitos temeram mais um ano de sofrimento. Mesmo a presença de jogadores como Jô e Jadson não animaram tanto.

Cinco meses depois do início da temporada, o time corintiano já levantou uma taça (Paulista), lidera o Campeonato Brasileiro com uma campanha recorde (32 pontos em 12 jogos) e tem mostrado muita consistência nos jogos. Fábio Carille, técnico sob o qual pairavam muitas dúvidas, achou o time ideal ainda no Estadual e deu sequência.

E o aproveitamento dos reforços têm se mostrado bem positivo até o presente momento. Tanto que não se fala em reforços. O discurso no Parque São Jorge é de não perder jogadores. Tentar manter a base e, quem sabe, levantar mais uma taça.

Corinthians: foco
A diretoria corintiana deixou bem claro antes da temporada iniciar que o planejamento em 2017 seria "pés no chão". Ou seja, sem muitas contratações, sem grandes estrelas, mas com um time competitivo.

Os oito reforços não eram tão badalados. Mesmo Jô e Jadson, pois havia dúvidas quanto a forma física de ambos. Mas o aproveitamento deles têm se mostrado bem positivo.

Dos 39 jogos do Corinthians em 2017, Jô atuou em 36, sendo titular em 34. E fez 14 gols. Jadson jogou 28 vezes, sendo titular em 27, com sete tentos anotados.

Outro destaque, o zagueiro Pablo fez 35 jogos e todos como titular. Assim como o volante Gabriel: 36 partidas, sempre como titular.

Até mesmo o volante Paulo Roberto, que é reserva, tem tido boa presença. Jogou dez vezes e ajudou até como lateral direito, sendo decisivo no triunfo por 1 a 0 contra o Grêmio. O meia-atacante Clayson, que chegou após o Campeonato Paulista, já fez oito partidas e vem evoluindo, sendo alvo de elogios de Carille.

Apenas Fellipe Bastos e Kazim foram pouco aproveitados, mas não podem ser considerados fracassos. Eles ainda estão no elenco e são utilizados às vezes.

Em 39 jogos do Corinthians:
Jogador Jogos Gols Titular Valor de transferência
Clayson 8 0 2 R$ 3,5 milhões
Fellipe Bastos 11 0 6 sem custo
Gabriel 36 2 36 R$ 7 milhões
Jadson 28 7 27 sem custo
Jô 36 14 34 sem custo
Kazim 16 1 5 R$ 1 milhão
Pablo 35 2 35 Empréstimo
Paulo Roberto 10 0 6 Empréstimo

Palmeiras: quantidade
Desse lado ninguém falou em pés no chão. As declarações sempre foram no sentido de não poupar esforços para melhorar o time campeão do último brasileiro. A meta também sempre foi clara: a taça da Libertadores.

Ciente de que não seria possível achar um substituto para Gabriel Jesus, que foi vendido ao Manchester City. A saída da diretoria foi buscar vários bons nomes para dar opções ao treinador - que no início do ano era Eduardo Baptista.

O fracasso no Paulista e os altos e baixos na Libertadores fizeram a diretoria mandar embora Baptista e bancar o retorno de Cuca, que havia comandado o Palmeiras no Brasileiro de 2016.

A mudança trouxe desconfiança em relação ao elenco.

Por exemplo, Felipe Melo era titular absoluto com Baptista. Depois virou reserva com Cuca e até se machucou – há chance de ele jogar o clássico, no Allianz Parque.

Borja, que custou cerca de R$ 32 milhões, não conseguiu emplacar com ambos os técnicos. Tanto que dos 38 jogos do Palmeiras ele esteve em 24, sendo titular em 15. Michel Bastos foi outro que chegou com alta expectativa, mas ainda está devendo. Jogou 27 vezes; em 14 foi titular.

Os reforços que mais deram retorno até aqui foram Guerra, Willian e Keno.

Guerra é quase um ídolo. Dos 24 jogos no ano, foi titular em 23. Dá muitas assistências para os companheiros. Willian jogou 37, sendo titular em 29, e anotou 12 tentos. Decidiu vários jogos. Keno agrada por ser ágil, dar uma cara nova quando entra no time. Tanto que ele é um reserva de “luxo”. Em 31 jogos, foi titular em 13.

Borja, que custou cerca de R$ 32 milhões, chegou a ficar no banco com ambos os técnicos. Tanto que fez só 24 partidas, sendo titular em somente 15. Michel Bastos foi outro que chegou com a expectativa de recuperar os melhores momentos da carreira. Não correspondeu à expectativa. Jogou 27 vezes, mas somente em 14 foi titular.

Vale ressaltar que o Palmeiras ainda justifica as contratações de Hyoran e Raphael Veiga, que jogam muito pouco, como “jogadores para o futuro”.

Em 38 jogos do Palmeiras:
Jogador Jogos Gols Titular Valor de transferência
Antônio Carlos 6 0 5 empréstimo
Borja 24 7 15 R$ 32 milhões
Bruno Henrique 3 0 3 R$ 12 milhões
Fabiano 16 1 11 R$ 2,2 milhões
Felipe Melo 23 2 23 sem custo
Guerra 24 6 23 R$ 9,7 milhões
Hyoran 3 0 0 R$ 7 milhões
Juninho 9 0 9 R$ 10 milhões
Keno 31 4 13 R$ 2,7 milhões
Mayke 9 0 9 Empréstimo
Michel Bastos 27 2 14 sem custo
Raphael Veiga 14 1 6 R$ 5,3 milhões
Willian 37 12 29 empréstimo

FICHA TÉCNICA :
PALMEIRAS x CORINTHIANS

Local: Allianz Parque, em São Paulo (SP)
Data: 12 de julho de 2017, quarta-feira
Horário: 21h45 (Brasília)
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS-CBF)
Assistentes: Jose Eduardo Calza e Mauricio Coelho Silva Penna (RS-CBF)

PALMEIRAS: Fernando Prass; Tchê Tchê, Yerry MIna, Luan e Juninho (Egídio); Felipe Melo (Mayke), Bruno Henrique e Guerra; Dudu, Róger Guedes e Borja (Willian). Técnico: Cuca

CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel, Maycon, Jadson, Rodriguinho e Romero; Jô. Técnico: Fábio Carille