Os portões da escolinha de futebol de Fábio Carille, em Sertãozinho, interior de São Paulo


Vivendo grande fase no comando do Corinthians, o técnico Fábio Carille também comemora o sucesso de um projeto pessoal: a Escola de Futebol Fábio Carille, que ele inaugurou há dois anos em Sertãozinho-SP, sua cidade natal.



O local, que funciona todos os dias, dá aulas de futebol para crianças e adolescentes de 4 a 16 anos, trabalhando principalmente com a garotada da cidade, que fica na região de Ribeirão Preto, a cerca de 320km da capital São Paulo. Também tem aluguel de quadras e um bar/lanchonete.

"Essa escolinha era uma ideia que o Fábio tinha desde que ele era jogador, sempre foi um projeto dele aqui para Sertãozinho. Hoje temos 200 crianças e campos de grama e society. Também tem treinamento físico para os pais no tempo da noite", conta Guilherme Luiz França, responsável pela administração da escola desde a abertura, ao ESPN.com.br.


Segundo França, o empreendimento vem ficando cada vez mais famoso e ganhando novos alunos com o espetacular momento de Carille, que foi campeão do Paulista e lidera o Campeonato Brasileiro com 87,9% de aproveitamento.

"Aumentou bastante (a procura), sim, ainda mais nas cidades aqui da região. Muita gente está ligando e nos procurando. Eu diria que aumentou uns 20% o número de alunos nos últimos tempos", celebra.

A escolinha trabalha com valores fixos, independentemente da idade: R$ 75/mês por aluno. No entanto, também há um programa de bolsas para crianças carentes, que podem treinar de graça nas instalações.

Mesmo sendo propriedade do técnico do Corinthians, aliás, ela é independente e não tem ligação com nenhuma equipe. No entanto, os donos levam os principais destaques para peneiras em times paulistas.

Os próprios clubes, por sua vez, também enviam observadores para analisarem a garotada em Sertãozinho, como em abril deste ano, quando o Corinthians mandou um olheiro para avaliar promessas nascidas entre 2002 e 2005.



Nós formamos nossos times aqui na escolinha e disputamos o campeonato amador de Sertãozinho, que começa em abril e vai até outubro. Neste ano, estamos jogando nas categorias de 9, 11, 13 e 15 anos", diz França.

"Nossa visão é formar pessoas de bem em primeiro lugar. Se alguém vier a se destacar, a gente leva para uma peneira para o garoto ter uma sequência em um grande clube. Mas o que a gente se preocupa mais aqui na escolinha é com a qualidade de vida", completa.

Conheça os professores da escolinha de Carille
A escolinha de Fábio Carille tem três professores. O mais famoso é o ex-jogador Ceará, com passagens por Sertãozinho, Santo André, Ituano, Joinville, Botafogo-SP, Comercial e Taquaritinga, além de certificado de técnico do Sindicato dos Treinadores de Futebol Profissional do Estado de São Paulo.




Além dele, trabalham no local os educadores físicos Carlos Eduardo Rodrigues e Wendel Savegnago.

Cada um conheceu o hoje treinador do Corinthians de uma forma. Ceará, o mais velho, por exemplo, foi contemporâneo de Carille como atleta, quando o ex-lateral esquerdo ainda era conhecido como Fábio Luiz.

Já Carlos Eduardo Rodrigues, o do meio, conhecido como Dudu, era vizinho de Carille em Sertãozinho.

"Nós morávamos no mesmo condomínio, a umas quatro, cinco casas de distância. Uns amigos em comum me indicaram para trabalhar na escolinha e a gente conversou um dia na frente da casa dele. Resolvemos tudo em cinco minutos", lembra Rodrigues, ao ESPN.com.br.

Hoje, eles são bem próximos, com relação profissional e de amizade pessoal.

"Ele sempre ajuda a gente na escolinha, nunca vira as costas. Dá muita atenção, responde todas as mensagens que a gente manda e sempre está disposto a ajudar e dar apoio. E sempre dá o mesmo recado pra gente: nunca parem de estudar", conta Dudu, que também é professor de educação física em uma escola em Sertãozinho.

O mais jovem do trio é Wendel, de apenas 25 anos, que também é instrutor de academia.



Carille não interfere no nosso trabalho'
Apesar de ser dono da escolinha, Fábio Carille não dá pitacos no trabalho dos professores, deixando nas mãos do trio a responsabilidade da formação dos jovens.

"Ele não se intromete em nosso método de trabalho. Sempre que está lá ele conversa com a gente, dá instruções e dicas, mas o que a gente trabalha com os meninos é nosso método próprio", garante Rodrigues.

Carille, no entanto, faz questão de ressaltar o que espera que os garotos aprendam em sua escolinha.

"Até os 7 anos é tudo bem lúdico, mais na brincadeira, mas dos 8 anos pra frente a gente começa a implementar mais as técnicas do futebol: passe, domínio e os fundamentos em si, para tentar aprimorar a qualidade técnica. O Fábio sempre fala para a gente: 'o domínio de bola é o principal fundamento do jogador'. Então, a gente foca nisso e no raciocínio rápido", explica.




Fábio Carille durante treino do Corinthians no CT Joaquim Grava
Com seu sucesso no Corinthians desde que foi efetivado como treinador principal do clube, no final do ano passado, Carille não tem mais muito tempo de visitar a escola em Sertãozinho. Mas, sempre que possível, dá uma passada por lá, onde é tratado como celebridade pelos alunos e também pelos pais.

"Hoje é mais difícil (ele visitar), mas de duas a três vezes por ano, sempre que ele está em Sertãozinho com a família acaba dando uma passada por lá. Recentemente ele esteve em um evento de dia dos pais, conversou com bastante gente, tirou fotos... Ele sempre incentiva as crianças a aprenderem mais, com palavras de incentivo", elogia.

Rodrigues prevê, inclusive, que o tempo de Carille para visitar o interior paulista ficará cada vez mais raro, já que o amigo prevê que a carreira do treinador vai longe, e com muito sucesso.

"Conhecendo o Fábio da forma que a gente conhece, já dá pra saber que ele tem um futuro muito promissor e tem tudo para ter uma carreira brilhante no esporte. Hoje, ele tme respeito nacional. Todo mundo está querendo aprender com ele. Um pessoal renomado já veio procurá-lo para entender seu método de trabalho", revela.



Apesar disso, o filho pródigo de Sertãozinho segue humilde como sempre foi com os "parças".

"Ele não deixou o sucesso subir à cabeça, e essa humildade faz com que ele cresça cada vez mais no trabalho. Quando a gente anda com ele na rua percebe isso na hora. Não é só a torcida do Corinthians que abraça ele. Já vi palmeirenses, santistas e são-paulinos elogiarem o Fábio pelo trabalho. Todo mundo gosta dele", encerra.