Antes de analisar a atuação do Corinthians no empate por 1 a 1 com o Patriotas, nesta quarta-feira, na Colômbia, é preciso relembrar as circunstâncias do jogo válido pela segunda fase da Sul-Americana:



O Timão entrou em campo sem quatro importantes titulares: Guilherme Arana, Maycon, Jadson e Jô;

O desgaste da viagem a Tunja, na Colômbia, aumentou porque o time foi direto de Porto Alegre, onde teve partida intensa na vitória por 1 a 0 sobre o Grêmio;

A altitude de mais de 2.800m no Estádio La Independência;
O gramado fofo, pesado, bem diferente do que o Corinthians encontra no Brasil.

Dito isto, pode-se afirmar: mesmo diante de tantas adversidades, o Timão poderia ter apresentado melhor futebol contra a organizada equipe colombiana. O técnico Fábio Carille sabe disso, e certamente vai tirar lições valiosas para a sequência do ano.

O empate salvador de Balbuena, aos 46 do segundo tempo, não apaga o jogo ruim, mas aumenta a invencibilidade corintiana para 24 jogos. Um time cascudo, que dificilmente perde, até quando joga mal. Esse filme costuma ter um final feliz...

O Corinthians volta a campo neste domingo, contra o Botafogo, às 16h (de Brasília), em Itaquera. O líder do Campeonato Brasileiro terá apenas um desfalque: Romero, suspenso. Aí, será possível concluir se a atuação em Tunja foi mesmo um ponto fora da curva.

O JOGO
A queda de rendimento depois de um jogo tão intenso contra o Grêmio é natural. A falta de ritmo e entrosamento dos quatro novos titulares, também. Mesmo com essas ressalvas, o primeiro tempo do Corinthians em Tunja foi para ser esquecido.

Passes errados, jogadas sem sequência, espaços demais na marcação, linhas distantes. Esses fatores, somados, fizeram o Patriotas se impor em casa numa estratégia simples e básica: bolas viajadas de um lado a outro e aposta na velocidade dos ponteiros Carlos Mosquera e Maurício Gómez.

Nesse contexto, quem mais sofreu foi o lateral-esquerdo Moisés – entre os quatro novos titulares, era aquele que tinha menos tempo em campo na série invicta de 23 jogos. Com Guilherme Arana dominante na posição, o reserva imediato parecia fora de sintonia e sofreu com as investidas de Mosquera. Foram oito cruzamentos do Patriotas no primeiro tempo.

A largura do gramado não é desculpa, ainda que tenha sido citada por corintianos após o jogo. Foram 28 passes errados, número que nem é tão alto, mas esses erros quase sempre ocorreram entre defesa e meio-campo, em zonas perigosas. Com mais espaços pelos lados, os colombianos levaram perigo.

O gol, então, não demorou a sair. Depois de uma ótima virada de jogo, Mosquera, praticamente sozinho e em impedimento, pôde ir à linha de fundo quase sem ser incomodado por Moisés. Cruzou, a defesa, mal posicionada, viu a bola sobrar limpa para Gómez abrir o placar.



No ataque, a reação foi quase nula. Kazim está longe de ter o poder de reter a bola que é característica de Jô. Na única chance que teve, o inglês naturalizado turco girou na entrada da área, mas chutou por cima da meta defendida por Villete.

Um pouco mais atrás, Romero, Rodriguinho, Marquinhos Gabriel e Camacho não conseguiram articular as famosas triangulações. Com a bola "pipocando" no gramado, os meio-campistas demoraram mais tempo a dominá-la. Ficou difícil fugir da aplicada marcação do rival.



As entradas de Giovanni Augusto e Clayton pouco mudaram o panorama, ainda que o primeiro tenha dado mais qualidade à posse de bola. Com o time todo no ataque, o gol só saiu, curiosamente, quando o Corinthians usou o mesmo artifício do Patriotas: bola aberta na lateral, cruzamento na área e bola na rede. Balbuena teve de ser protagonista para evitar a derrota – que não acontece desde 19 de março.

O Corinthians, então, volta ao Brasil com ótimo resultado: pode empatar sem gols em 26 de julho, na Arena, para se classificar às oitavas de final da Sul-Americana. A equipe teve as ressalvas citadas acima, mas, por outro lado, não desistiu de buscar o empate. Espírito competitivo importante para quem briga por títulos no segundo semestre.