Em 2016, Carille enfrentou Mano e falou sobre gratidão: 'Será um prazer reencontrá-lo'

No último mês de setembro, o Corinthians recebeu o Cruzeiro em sua Arena, em partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Assim como nesta quarta-feira, Fábio Carille estava no banco de reservas, mas em situação bem diferente: como interino e ouvindo gritos de "burro" da torcida.



Eram 30 minutos do segundo tempo, e o Corinthians vencia por 2 a 0. Carille chamou Willians e foi vaiado pela opção. Minutos depois, após certa indefinição se faria ou não a substituição, o Cruzeiro diminuiu, e o técnico optou por colocar o volante. Parte dos presentes não perdoou: "Burro".

No Cruzeiro - que acabaria se classificando naquele duelo, com o Corinthians comandado na volta já por Oswaldo de Oliveira -, o técnico também era o mesmo desta quarta. Ali, contudo, Mano Menezes estava prestigiado com a torcida, bem diferente da pressão que hoje é ele que enfrenta nas arquibancadas.

A inversão de papéis entre Carille e Mano em nove meses chega a ser curiosa, considerando a relação entre os dois. O atual treinador do Cruzeiro foi uma espécie de mentor do corintiano, responsável, inclusive, por levá-lo ao clube alvinegro, como auxiliar em sua comissão técnica, em 2009.

Carille nunca escondeu que Mano é uma de suas referências, tampouco a gratidão que tem pela oportunidade recebida no Corinthians, tendo a chance de trabalhar com astros como Ronaldo.

"Tenho uma gratidão eterna pelo Mano e pelo Sidnei (Lobo, auxiliar do técnico). Foram eles que abriram as portas do Corinthians para mim. Joguei com o Sidnei no Paraná, fiz um estágio com eles no Grêmio e, em 2009, fui chamado para trabalhar no Corinthians. Sou muito grato", disse Carille, em 2016.

Quando Mano foi chamado para ser o treinador da seleção brasileira, em 2010, Carille seguiu no Corinthians. Atuou como auxiliar também de Adilson Batista, Tite, Cristóvão Borges e o próprio Oswaldo, a quem acabaria sucedendo no início desta temporada e ganhou a confiança da torcida.

Os números, inclusive, reforçam o "abraço" dos corintianos ao trabalho de seu técnico. Se, no começo de 2017, a Arena amargou públicos abaixo dos 20 mil presentes, hoje a média da equipe em casa é de 29,4 mil torcedores por partida, sendo que, desde abril, o estádio sempre recebeu mais de 30 mil.

Desde o mata-mata do Campeonato Paulista, que o Corinthians acabou campeão, o pior público do time de Carille foi 31.470 pessoas na estreia do Brasileiro, contra a Chapecoense. Nos outros jogos desta Série A, porém, 40.169 presentes contra o Santos; e 42.443, diante do São Paulo.

O apoio da torcida do Corinthians, que Mano conhece bem, é mais um obstáculo para seu Cruzeiro, que apesar de vir de vitória sobre o Atlético-GO, segue pressionado. Um triunfo contra o líder nesta quarta, contudo, deve aliviar o ambiente, levando os mineiros a 13 pontos - o primeiro colocado tem 16.