Roberto de Andrade terá dia decisivo na próxima segunda-feira (Foto: Carlos Augusto Ferrari)

Roberto de Andrade viverá na próxima segunda-feira o dia mais importante de seu mandato como presidente do Corinthians. Acusado de fraudar atas de assembleias da arena e o contrato do estacionamento do estádio, o dirigente tem o futuro nas mãos de 341 conselheiros que votarão pela permanência dele no cargo ou pela destituição, obrigando o clube a passar por uma nova eleição.

Nesta entrevista exclusiva, realizada na sala da presidência, no Parque São Jorge, Roberto nega que tenha agido de má fé, mas admite que erros administrativos foram cometidos nos casos. Confiante que permanecerá na função, o dirigente criticou duramente os oposicionistas e pediu tranquilidade para trabalhar em seu último ano da gestão, que vai até o início de 2018.

O GloboEsporte.com publicará também outros trechos do papo com o presidente sobre o futuro da equipe, os problemas financeiros e as contas da arena. Fique ligado!

Leia abaixo a entrevista com Roberto de Andrade:GloboEsporte.com:
Apesar de o Conselho Deliberativo ser da base aliada da situação, o movimento oposicionista cresceu desde o início do processo de impeachment. Como você analisa a votação de segunda-feira?

Roberto de Andrade: A expectativa é a melhor possível. Todos os conselheiros receberam a conclusão da comissão de ética dizendo a verdade do que houve: que eu assinei (as atas e o contrato) quando era presidente. O motivo alegado era esse. Entendo que isso está sanado. A gente conclui que os conselheiros terão bom senso, pensarão no Corinthians e deixarão o presidente seguir seu trabalho, como foi eleito pela maioria dos sócios para cumprir os três anos.

Onde você avalia que errou?
O que está errado em assinar o contrato se eu sou o presidente? O que estava errado era a data não ter sido atualizada para o dia da assinatura. Permaneceu a data da troca de e-mails. Podemos chamar isso de um erro administrativo, mas não trouxe prejuízo ou benefício a ninguém. Estou tranquilo quanto a isso.



Arena Corinthians é ponto central de pedido de impeachment, por contrato de estacionamento (Foto: Marcos Ribolli)


Mas esse erro administrativo poderia ter sido evitado...
Poderia, mas não foi. Por isso, chamamos de falha. Se tivéssemos visto, teria sido evitado. Onde não acontece falha? Mas foi uma falha que não trouxe consequência nenhuma.

O grupo que lidera o movimento pela sua saída alega que o Corinthians pode ter sido prejudicado financeiramente com a assinatura do contrato com a Omni.

Não houve nenhum prejuízo. É um contrato onde o Corinthians tem um percentual maior, e a empresa tem outro. Não vejo prejuízo. É o contrato de uma empresa para prestar serviço, nada mais que isso.
Mas a Omni administrava o estacionamento sem ser registrada como uma empresa para essa finalidade econômica. Só no ano passado houve essa adequação. Agora, o contrato foi rompido para a entrada de uma outra empresa. Isso não trouxe nenhum dano ao clube?

Ela alugou o espaço do estacionamento e terceirou para uma empresa especializada. Se o fundo (que administra as contas do estádio) permitiu, não vejo problema nenhum. O Corinthians é anuente no contrato, não é o contratante. Vamos deixar isso bem claro. Até porque o serviço já estava sendo feito quando eu não estava aqui (começou em 2014, com Mário Gobbi Filho na presidência). Não foi depois (da eleição).

Aqui no Corinthians tem um problema: eles querem discutir tudo na imprensa. Está errado. Ninguém pensa no clube. Eles querem poder, sentar onde eu estou. Só que para sentar aqui faz igual eu fiz. Dei dez anos da minha vida trabalhando para o clube. E não foi pouco

O Corinthians pagará algo para romper o contrato?
Ele está sendo rescindido para a entrada de uma nova empresa. O fundo está negociando, mas acredito que não (haverá custo).

Como você avalia o movimento para a sua saída? É um golpe?
Já está provado que eu não fiz irregularidade alguma. É uma questão política. Faz quatro meses que, por conta de meia dúzia (de conselheiros), o Corinthians está parado, estacionado, nada acontece por aqui por conta dessas confusões. Repito: é uma meia dúzia que quer tumultuar o ambiente e a política.

O que você pretende fazer se for mantido no cargo?
Temos de acreditar e continuar trabalhando como sempre fiz, com seriedade e responsabilidade. Sei o que posso fazer. Sabemos que estamos no caminho certo. Dificuldades existem, e não pense que amanhã será mais fácil. Temos de nos unir e deixar de lado as pessoas que querem o poder a qualquer custo. Eles querem poder por vaidade, querem mostrar, ser. Quem quer trabalhar abre a porta aqui e vem ajudar. Quem quer ajudar não precisa de cargo. Eles querem cargo. Estamos arrumando a casa. Vamos fazer o Corinthians ficar maior do que sempre foi.

Alguns conselheiros dizem que você se distanciou de pessoas do seu próprio grupo político e que também tem rejeição por frequentar pouco o Parque São Jorge. Você concorda?

Não tenho problema nenhum com ninguém. Quando começou essa confusão no clube, é normal que se dividam as pessoas. Tem uns que são sempre contra. Eu quero saber dessas pessoas que falam que querem o bem do clube, onde elas estavam quando nós estávamos suando lágrimas de sangue para construir o CT? Quando fomos campeões do mundo? Ninguém veio prestar solidariedade. Eles esperam uma fraqueza. Eles estão atrás de carniça. Eu não vou permitir isso. Você pode ter certeza: eu fui eleito e vou até o final. Sou eu o presidente do clube. Não é ninguém.

Como está sua relação com o ex-presidente Andrés Sanchez?
Não temos problema nenhum. Não tem rompimento nenhum. Eu sou o presidente do clube. Se eu preciso dele, ligo. Se ele precisa, liga. Como sempre foi. Nada diferente disso.


Andrés foi importante na eleição de Roberto, no início de 2015 (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)


No começo do ano, Andrés sugeriu uma comissão para auxiliar você na administração do clube. Por qual motivo recusou?
Recusei porque achei que não era necessário. Preciso de ajuda? Sim, mas não naquele momento e com as pessoas que ele quis indicar. Como presidente, tenho o direito de escolher as pessoas que trabalham comigo. O mínimo que o presidente pode querer é montar seu time para administrar o clube. Tinha o Rosenberg (ex-diretor de marketing) e mais outros. Não tenho nada contra ninguém, mas a preferência é por outros nomes.

Você pensou em renunciar?
Lógico que não. De forma nenhuma. Fui eleito para cumprir os três anos e assim vou fazer.

Você acha que as denúncias e todo o processo de afastamento atrapalham o andamento do Corinthians?
Não é o resultado da reunião que vai trazer prejuízo ao clube. Eles (oposicionistas) já trouxeram o prejuízo. Aqui no Corinthians tem um problema: eles querem discutir tudo na imprensa. Está errado. Ninguém pensa no clube. Eles querem poder, sentar onde eu estou. Só que para sentar aqui faz igual eu fiz. Dei dez anos da minha vida trabalhando para o clube. E não foi pouco. Não é só como conselheiro. É como diretor, vice-presidente, diretor administrativo, diretor de futebol... E tive muitas alegrias, foi uma passagem muito vitoriosa. Eles querem pegar as coisas melhores, sentar e continuar. Não é por aí. Fui eleito pela maioria dos sócios, da forma mais democrática e vou cumprir meu mandato.