Fábio Carille em ação durante treino do Timão (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)


Em sua primeira experiência como técnico principal de uma equipe, Fábio Carille tenta se inspirar em quem foi seu espelho durante as últimas temporadas. O Corinthians de Carille, ainda em início de trabalho, já mostra traços claros deixados por Tite, de quem o comandante do Timão foi auxiliar durante quatro anos, divididos em duas passagens.

A pré-temporada nos EUA, os dois amistosos contra São Paulo e Vasco e a rotina de treinos na volta ao Brasil mostram um Carille que gosta de treinos intensos, mas não tão longos, do esquema tático 4-1-4-1 e de uma boa conversa para aparar possíveis arestas no elenco.

– Por já conhecer todos os atletas e estar aqui há bastante tempo, ele é um pouco parecido com o Tite, ganha os jogadores... Ele conversa sempre, dá instruções, diz que vai ter coerência com todos. Isso também colaborou para o grupo ficar mais leve – afirmou o meia-atacante Marlone, um dos remanescentes do grupo de 2016.

Carille chegou ao clube em 2009, sob comando de Mano Menezes, mas tem mesmo mais traços de Tite. Foi com o técnico da seleção brasileira, inclusive, que o corintiano buscou referências e dicas para seu primeiro trabalho sem ser auxiliar.

O Corinthians tem mais um amistoso na próxima quarta-feira, contra a Ferroviária, em Itaquera, que serve para Carille mostrar mais um pouco de suas pretensões no Timão.

Veja abaixo características que o técnico herdou de Tite:
4-1-4-1
O esquema preferido do técnico da Seleção é também aquele que Fábio Carille tem na cabeça para o Corinthians. Depois de variações nas mãos de Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira, o Timão vai se apegar àquilo que teve de melhor em 2015 e parte de 2016. Até as contratações vêm sendo pensadas para o esquema.

O volante Gabriel, por exemplo, é visto como um jogador com características próximas às de Ralf – forte na marcação, com bom senso de posicionamento na proteção à defesa. Em 2016, o time sofreu para achar um substituto ao antigo titular, hoje na China. Carille também insiste nas triangulações e pressão, coisas que ele trabalha em treinos como o do tópico abaixo.

Intensidade total
Tal qual Tite, Carille aplica treinos muito intensos, mas de duração não tão longa – claro contraste ao que fazia Oswaldo de Oliveira. As atividades levam em média uma hora, pouco mais, pouco menos, mas refletem situações de jogo. O trabalho em campo reduzido, com dois times e um "curinga", que ataca para os dois lados, é herança do técnico da Seleção.

Base da conversa
O diálogo aberto é uma marca que Carille tem implantado na pré-temporada. Ele costuma conversar individualmente com jogadores, orientá-los, mas também saber deles onde se sentem melhor em campo. Além da parte técnica, o comandante tenta ser um bom administrador do grupo no vestiário. No início, tem dado certo, a ponto de Marlone ter ressaltado o ambiente mais leve do elenco em 2017.

Blindagem extracampo
Em outra característica semelhante à de Tite, Carille evita tocar em assuntos que transcendam o campo de futebol. Crise política? Falta de dinheiro? Nada disso passa pela pauta do técnico, que conversa diariamente com sua diretoria, mas apenas sobre o que é relacionado ao jogo. Contratações, principalmente. O técnico quer deixar o futebol e seu elenco separados do dia a dia do clube.