No Corinthians causou muita irritação declaração de Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empreiteira, segundo o qual a construção da arena em Itaquera teria sido uma espécie de presente para o ex-presidente Lula.

Não são poucos os conselheiros e dirigentes que se referem ao caso como um presente de grego, já que a conta é alta e a operação financeira para quitar a dívida não será facilmente equacionada. Muito pelo contrário.

Parte do grupo do presidente Roberto de Andrade quer chamar o ex Andrés Sanchez, hoje deputado federal pelo PT-SP, para dar explicações.

O Corinthians deveria estar pagando parcelas mensais de cerca de R$ 6 milhões ao BNDES, compromisso que acabou deixando de lado por falta de recursos. Tampouco conseguiu negociar como queria os títulos emitidos com autorização da Prefeitura de SP, que poderiam ter sido utilizados para quitar dívidas municipais. Fora que a conta do estádio, que deveria ter ficado na casa dos R$ 800 milhões, acabou ultrapassando o valor de R$ 1 bilhão. Teria fechado entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,6 bilhão.

Se não conseguir pagar as dívidas que contraiu com a arena, que tem arrecadado menos do que o clube planejava, o Corinthians pode até perder o estádio para a construtora, que está atolada num mar de lama e envolvida até não poder mais na Operação Lava Jato.

Sem recursos, o Corinthians acabou se desfazendo do time que tinha, foi eliminado no Paulista, na Libertadores, na Copa do Brasil, levando quatro do Cruzeiro, e luta desesperadamente para ficar no G-6 do Brasileirão. E a torcida e os conselheiros têm pressionado por uma solução, dizendo que o Timão foi vítima de seus dirigentes, da política e da própria Odebrecht.

Muita confusão à vista. E com o estádio na berlinda fica cada vez mais complicado vender os chamado naming rights, que Andrés dizia que seriam negociados até fevereiro de 2012. Mas até agora, quase cinco anos depois, nada.