Tite começa a enfrentar em 2016 um desafio que também teve na temporada passada: encontrar alternativas para o esquema 4-1-4-1. A saída de bola pelas laterais ou com os meio-campistas passou a ser bem marcada pelos adversários. Contra a Ponte, o Corinthians manteve o padrão tático, mas sentiu a ausência de alguns titulares. Sem Fagner, Uendel e Bruno Henrique, todos preservados, faltou um pouco sincronismo nos movimentos e, claro, qualidade técnica. Mas a fase é tão boa que o Timão vence mesmo quando sofre com um adversário organizado e desperdiça até duas cobranças de pênaltis.

Alexandre Gallo fez a lição de casa, e a Macaca dominou os primeiros minutos de maneira surpreendente. Felipe Azevedo pegou Edilson, Clayson colou em Guilherme Arana, Wellington Paulista e Ravanelli revezaram em cima de Willians. O Corinthians travou ainda mais com a pressão de João Vitor e Jonas sobre Rodriguinho e Alan Mineiro, respectivamente.


Ponte Preta encaixa a marcação e confunde a saída de bola do Corinthians (Foto: GloboEsporte.com)

Para piorar, faltou profundidade ao ataque. Danilo não tem velocidade para receber passes longos pela esquerda e atrair a marcação para a linha de fundo, como acontece com Lucca, um dos principais jogadores da equipe na temporada. Não por acaso, os corintianos que mais tocaram na bola no primeiro tempo foram Vilson e Balbuena, com 32 e 33 passes certos. Sem saída, o jeito foi recuar para os zagueiros.

A alternativa encontrada não foi nenhuma alteração no esquema tático. Rodriguinho, principal articulador de jogadas do Corinthians, passou a se movimentar mais pelo campo. E foi assim que abriu espaços para a equipe ter sua primeira grande oportunidade. Depois de passar por João Vitor no meio de campo, o armador tabelou com Luciano e sofreu pênalti. Veja no vídeo abaixo a construção do lance:

Mas Luciano bateu mal e perdeu. O atacante ainda não conseguiu deslanchar em 2016 depois de passar por uma cirurgia no joelho direito.

A bola nem precisou sair para que o Corinthians chegasse ao gol. Depois da defesa do goleiro João Carlos, o Timão a recuperou e trocou 12 passes até marcar. Rodriguinho, de novo, foi decisivo. Em seu provável melhor ano da carreira, o meio-campista caiu pela direita e deu um presente para Edilson invadir a área e cruzar. Alan Mineiro chutou na defesa, e Romero apareceu para fazer seu sétimo gol no ano. Assista:

A vantagem durou bem pouco e acabou em um dos raros erros defensivos do Corinthians. Nada funcionou. Arana parou, Danilo não acompanhou, e Jeferson recebeu a bola dentro da área. Balbuena se atrapalhou todo ao tentar desarmar o adversário e passou lotado. O lateral-direito da Macaca bateu cruzado, Cássio deu um tapa errado ao fazer a defesa, e Felipe Azevedo apareceu livre para apenas empurrar.

Tite voltou do intervalo preocupado em acabar com perigosos contra-ataques da Ponte Preta. Trocou Alan Mineiro por Maycon e conseguiu dar fim ao problema, mas o Corinthians perdeu força ofensiva. Não que Alan Mineiro tivesse feito um grande primeiro tempo. Mesmo assim, tinha mais presença ofensiva do que o novo xodó alvinegro.

O treinador corrigiu com Giovanni Augusto na vaga de Danilo e André em substituição a Luciano. A Ponte, claro, não conseguiu manter o ritmo de marcação do primeiro tempo. O campo ficou longo demais para defender e sair rapidamente para o ataque. O Corinthians, assim, passou a segurar a bola no campo de ataque e a pressionar.

O segundo gol veio por meio de uma outra característica do Timão de Tite: os cruzamentos. Balbuena subiu mais alto que a defesa e fez de cabeça, aos 37, repetindo o feito de Felipe diante do Ituano, na rodada anterior. Foi o sétimo gol da equipe depois dos 30 minutos no Paulistão. O lance começou de maneira curiosa. O goleiro Cássio acertou um lindo lançamento para o ataque, mas, após a partida, admitiu que o chute deveria ter saído para o outro lado.

Romero poderia ter chegado a seu oitavo gol na temporada. Ele só não contava com a noite inspirada de João Carlos, que pegou mais uma cobrança de pênalti. O Timão alcançou a sexta vitória consecutiva na temporada e garantiu o primeiro lugar geral com duas rodadas de antecedência. O Timão sofre, mas vence.