A vitória por 2 a 0 sobre o Cerro Porteño, nesta quarta-feira, na arena, marca um novo passo da reconstrução do Corinthians sob o comando do técnico Tite. Em 60 dias, o time começou a temporada sem cinco titulares campeões brasileiros, contratou reforços, remontou-se e passou a ocupar a liderança do Grupo 8 da Taça Libertadores após quatro rodadas.
A evolução rápida não é só fruto do trabalho de Tite. Conta também com a paciência da torcida e o interesse dos jogadores, cada vez mais afeitos ao aspecto tático do jogo.
– Está acima daquilo que eu esperava, feliz por estar acima. Eles me têm como um cara que é chato e fica cobrando. Hoje mesmo falei que foi legal, ganhamos, mas que o time joga mais do que isso. Sou muito chato. Trazendo sempre a busca pelo crescimento, essa é a ideia – afirmou Tite, depois da vitória sobre o Cerro.
Desde o dia 17 de janeiro, no amistoso contra o Atlético-MG, pelo Torneio da Flórida, o elenco do Timão passou por várias etapas para chegar ao bom nível dos últimos jogos – além da vitória sobre o Cerro, o grupo mostrou bom padrão de jogo nos 3 a 0 sobre o Botafogo, domingo passado, pelo Campeonato Paulista.
Confira abaixo os principais pontos da reconstrução:
Assim como em 2015, o Corinthians não foi aos EUA para passear. Sabendo da urgência em achar logo um novo time, Tite definiu rapidamente seus titulares e jogou três amistosos. Além da derrota para o Atlético, o Timão venceu o Shakhtar Donetsk e empatou sem gols com o Fort Lauderdale Strikers. O técnico priorizou as atividades com bola para tentar entrosar rapidamente o novo conjunto. Yago, Bruno Henrique, Romero, Rodriguinho, Lucca e Danilo ocuparam os lugares de Gil, Ralf, Jadson, Renato Augusto, Malcom e Vagner Love.
Nomes como Marlone e Willians chegaram a tempo para a pré-temporada, mas as principais contratações chegariam já no Brasil: Giovanni Augusto, Guilherme e André. Tite conseguiu incentivar a concorrência do grupo nos primeiros jogos do Campeonato Paulista, quando mesclou a equipe e colocou todo mundo para jogar.
No Paulistão, as vitórias começaram a aparecer mesmo sem o desempenho desejado por Tite. O Timão disparou rapidamente na liderança do Grupo D da competição por causa do padrão tático e da concentração impostos pelo comandante. Tanto que em quatro dos primeiros sete jogos, a equipe conseguiu somar pontos com gols marcados nos minutos finais. A confiança acelerou alguns passos na reconstrução do time.
O Timão vinha bem no Paulista e estreou na Libertadores com vitória sobre o Cobresal. Romero e Danilo, porém, estavam abaixo da média. A transição gradual para a entrada dos reforços começou no jogo contra o Oeste, dia 27 de fevereiro, quando Giovanni Augusto e André ocuparam as vagas dos antigos titulares. Três dias depois, contra o Santa Fe, Guilherme também começou jogando e fez o gol da vitória por 1 a 0.
A polêmica lesão do volante, que demorou a ter uma fissura na fíbula detectada, fez Tite procurar soluções rápidas para o meio-campo. Maycon, de 18 anos, sempre foi o favorito à vaga – sua chegada ao time profissional motivou até a liberação de Marciel, outro prata da casa, para o Cruzeiro. Depois de altos e baixos, o volante perdeu espaço para Rodriguinho e Guilherme, dois meias, mas mostrou personalidade quando voltou e fez grandes partidas contra Botafogo e Cerro Porteño.
O baque de dois resultados negativos seguidos foi um teste para a maturidade do elenco: 2 a 0 para o Santos, 3 a 2 para o Cerro Porteño – este jogo com dois corintianos expulsos, Rodriguinho e André. No duelo seguinte, contra o Botafogo, a resposta veio com um 3 a 0, sem sustos, fora de casa. Na Libertadores, em um jogo de extrema pressão, nova resposta e a melhor atuação no ano. Com a vitória sobre o Cerro, o Timão pulou da terceira para a primeira posição do Grupo 8 da Libertadores.